"A saída está na empatia", diz Zachary Levi, o Shazam! | JUDAO.com.br

O ator, que veio para o Brasil no final de 2018, contou ao JUDAO.com.br sobre como foi trocar da Marvel pra DC e como lida com a comunidade tóxica que permeia o chamado ~mundo nerd

Desde que pintou o primeiro trailer de Shazam!, boa parte do público ficou surpreso pelo visual do filme. Indo na contramão da escuridão que predominava na fotografia dos filmes da DC, ele chegou cheio de cores fortes e luzes acesas (sobre as quais, aliás, já falamos AQUI). Pra coroar, o longa tem também um protagonista ULTRA carismático e bem-humorado, cheio de piadas, dancinhas bobas, uma voz que não é assustadoramente grave e um rosto que não traz o CENHO franzido.

No final do ano passado, o JUDAO.com.br entrevistou Zachary Levi, o Chuck em pessoa, para falar um pouquinho sobre o filme e sua preparação pra ele, bem como o meio da cultura de super-heróis em que estava se metendo. E depois desta conversa, podemos dizer com certeza: Zachary é o cara IDEAL para viver Shazam. Ainda mais NESSE momento.

Você lembra que o ator viveu o loirinho Fandral, um dos Três Guerreiros, nos filmes do Thor, mais especificamente nos dois últimos, substituindo Josh Dallas? “Não que tenha sido incrível morrer no filme, né?”, brincou o ator, cujo personagem morre nas mãos da Hela no começo de Thor: Ragnarok. “Mas foi uma honra estar na Marvel. E é legal demais chegar no mundo DC e ter meu próprio super-herói, com o nome no título e uma capa”, contou.

Ele ainda disse, sempre bem-humorado, que sempre se sentiu uma criança grande, e que por isso REALMENTE interpreta um menino que cresce e ganha poderes de repente do jeito mais divertido possível. Além disso, interpretar um adolescente foi uma tarefa de resgate de memórias e sentimentos. “Não sei se aprendi algo novo sobre ser adolescente... acho que no fundo, nada sobre ser daquele jeito emotivo e reativo mudou”.

Zachary afirma que se sente muito grato em ver também que algo que era muito reservado a um certo tipo de público, um nicho de leitores de gibis, virou cultura de massa. “Todo mundo sabe quem é Homem de Ferro! É tão maluco”, diz. “Algumas pessoas que faziam pouco de mim e dos meus amigos por brincarmos por aí fingindo ser X-Men agora são grandes consumidores disso”.

Essa popularização toda finalmente abriu portas pra que o grande público conheça Shazam, que costumava morar apenas nas prateleiras de quem era MUITO fã mesmo de quadrinhos. “Demoraram tanto pra fazer um filme com ele! Shazam realiza o desejo clássico de todas as crianças que saíam correndo fingindo que podiam voar ou que subiam nos móveis fingindo que o chão era lava. Será o melhor e maior filme de todos!”, ele descreve, sorriso de satisfação no rosto.

Como fã muuuuito apaixonado por quadrinhos, Zachary vê no filme uma chance de trazer mais público pra conhecer esses personagens que não são tão famosos como são ícones tipo o Batman ou o Superman. “Você não precisa conhecer nada sobre o universo DC ou quadrinhos. A história de um garoto órfão de 14 anos que quer encontrar sua família e acaba ganhando superpoderes de um mago é fácil pra todo mundo entender. É simples e fala com a criança interior de todo mundo!”.

Maaaaaaas em se falando neste mundinho, nem tudo são flores, né? A gente já tá até cansado de comentar aqui no JUDAO.com.br sobre a toxicidade do meio nerd. E Zachary tem uma ideia bem clara sobre as origens disso e um possível caminho para dar uma ACALMADA nos ânimos. “Vivemos num mundo com muito conteúdo. Filmes, programas de TV, vídeos... e existem muitos fãs desses produtos. E isso é ótimo! Mas essa paixão toda também faz com que algumas pessoas conectem diretamente suas identidades com esses produtos. E aí quando algum produtor dessas obras começa a fazer algo que essas pessoas não gostam, tudo fica bem pessoal. É como se tivessem acabando com a sua identidade de verdade”, opina. “Isso começa a gerar muito medo e ressentimento, que levam ao ódio e à toxicidade. Acho que vem de algumas pessoas que sentem que não têm voz ou poder em suas vidas, que não têm nem coragem de colocar seu nome verdadeiro e uma foto de si mesmos num avatar em redes sociais”.

Se você consegue olhar para todo esse ódio e entender que não é nada pessoal, pode realmente fazer algo com isso

Mas, apesar disso, Levi sente que a saída está na empatia. “Muitas pessoas já vieram falar comigo dessa maneira, mas eu tento não desumanizá-los. Inclusive, penso que esse seja um dos problemas: ficamos discutindo, cada um de um lado, e é fácil começar a olhar pro outro como se fosse um monstro. Mas, na verdade, são pessoas falando, vivendo e sentindo coisas diferentes. E eles podem estar errados! Mas a única maneira de realmente atingi-los é entendendo que eles são humanos”.

No final das contas, pra ele, é importante perceber que há algo muito maior no hater e que esse algo não tem nada a ver com ele. “Se você consegue olhar para todo esse ódio e entender que não é nada pessoal, pode realmente fazer algo com isso e até, talvez, perceber que uma ou duas coisas daquele trabalho poderiam ficar melhores mesmo. As pessoas gastam tanto tempo e dinheiro com artistas e obras que sentem que QUEREM ser vistas também. E eu quero poder olhar para elas e agradecer por se importarem tanto com isso”.

Zachary Levi é mesmo uma criança grande, no melhor sentido possível, e parece estar tão animado quanto a gente pra ver o impacto que Shazam! terá no Universo DC e nos fãs. E é importante demais que o porta-voz de um produto tão gigante como um filme desses espalhe ideias que vão contra a polarização e as brigas cheias de ódio que acontecem por aí.

Só vem, Shazam!