Um Cavaleiro do Espaço para os Guardiões da Galáxia? | JUDAO.com.br

James Gunn estaria próximo de poder usar seu personagem Marvel favorito nas telonas… bom, ou quase isso…

“Rom, o Cavaleiro do Espaço”.

Essa é a resposta corriqueira do diretor James Gunn, durante as muitas entrevistas de divulgação de Guardiões da Galáxia, quando questionado sobre qual seria o seu personagem Marvel favorito e que gostaria de ter colocado em seu filme, surpreendeu muita gente.

Nada de Hulk, Homem-Aranha, Thor, Capitão América. Nenhum dos medalhões.

Não que, veja, os próprios Guardiões fossem exatamente os personagens mais conhecidos e populares da Casa das Ideias antes de sua bem-sucedida versão cinematográfica. Mas, definitivamente, eles não são o Rom. Talvez um dos heróis mais B da editora – e, ainda assim, cultuado por um grupo de fãs fanáticos por sua ficção científica retrô do final dos anos 1970 –, Rom estaria prestes a ganhar uma nova chance nas fileiras marvetes, com o retorno de um título próprio pós-Secret Wars.

Ou, bom, alguma coisa próxima disso.

“Vejam, eu realmente amo Rom, o Cavaleiro do Espaço. Todo mundo da Marvel sabe disso porque eles até me deram coisas do Rom”, afirmou Gunn em papo com o Geek Nation. “Mas nós não temos os direitos sobre o Rom. Eu amaria que ele aparecesse no filme, porque eu amo a história, amo o visual dele, amo tudo sobre ele...”.

A situação é bem esta, na verdade: de acordo com o que o Comicbook.com apurou, a Marvel tinha sérios planos de trazer os Cavaleiros do Espaço de volta para a sua cronologia. Toda a história, toda a ambientação, todos os personagens coadjuvantes... à exceção do próprio Rom. Porque é a única coisa sobre a qual a editora não tem direitos nesta história toda. Tudo, menos o personagem principal. Assim sendo, a saída seria criar um OUTRO personagem para assumir o papel de protagonista e aproveitar toda a rica mitologia espacial ao redor – isso sim, criação da Marvel por direito.

A confirmação veio na nesta terça-feira (30): o novo Venom (Flash Thompson), que já era e vai continuar sendo membro integrante dos Guardiões da Galáxia, vai ganhar uma nova revista solo, com outras aventuras espaciais. O título? Venom: Spaceknight, escrita por Robbie Thompson e desenhada por Ariel Olivetti. Basicamente, é assim: sai o Rom e entra o Venom no lugar, criando uma conexão com os Guardiões e permitindo que a Marvel use tudo que criou para o Rom... menos o próprio Rom.

Gunn deve estar comemorando. ;)

rom_04A história do Rom começa assim: a dupla de americanos Bing McCoy e Richard Levy inventou um boneco chamado COBOL (a linguagem de programação estava no auge, então...). Foi lá e vendeu os direitos para a Parker Brothers, empresa com certa tradição em jogos de tabuleiro. Os seus executivos preferiram alterar o nome do brinquedo para Rom (é, sim, inspirado em ROM, informática básica pouca é bobagem). Lançaram o dito cujo no mercado e licenciaram para que a Marvel então criasse uma HQ baseada no Rom, lá em 1979. O caso é que o gibi fez muito mais sucesso do que o próprio boneco, que não chegou a ultrapassar originalmente a casa de 300.000 unidades vendidas.

Aí é que entra a bizarrice corporativa: a Parker Brothers foi comprada pela General Mills, uma das maiores empresas de alimentos do mundo, e depois juntada, em 1985, com a Kenner, fabricante das clássicas figuras de ação de Star Wars na década de 1980. Dois anos depois, a Tonka – especializada em carrinhos – compraria a Kenner Parker Toys Inc., apenas para vendê-la para a Hasbro em 1991.

Resumidamente, portanto, é a Hasbro, a gigante que fabrica os Transformers, que tem os direitos sobre o Rom – como se eles já não estivessem bem abastecidos de robôs-guerreiros-alienígenas...

Atualmente, a Marvel não pode nem reimprimir as histórias originais do herói espacial favorito de James Gunn e muito menos fazê-lo aparecer em revistas de outros dos seus combatentes das forças do mal...

Bom, pelo menos o conceito da tropa de vigilantes cósmicos robóticos está, em tese, disponível para Gunn brincar em seu universo – e, diabos, é o tipo de coisa que caberia como uma luva na mesma imensidão de estrelas que já comporta a Tropa Nova, por exemplo...

E os Espectros, principais inimigos de Rom, seriam o que Marvel precisaria para substituir os skrulls (cujos direitos estão com a Fox) no papel de “ameaçadora raça de alienígenas conquitadores que podem mudar de forma”.

Mas quem é o Rom, afinal?

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É este camarada de armadura branca aí no meio. Ele nasceu no distante planeta Galador, lar de uma civilização pacífica que resolveu espalhar sua tecnologia e sua mensagem de uma vida sem guerra por todo o universo. No entanto, as coisas deram errado assim que eles chegaram na tal da Nebulosa Negra e se depararam com uma frota hostil dos Espectros, um grupo de seres sombrios que misturavam tecnologia com magia negra e tinham planos de...de...quem disse “conquistar o universo” vai ganhar um biscoito Trakinas.

É mentira, não vai não. Foi só um recurso dramático.

Cientes do perigo que os Espectros representavam para a paz na galáxia, os galadorianos começaram a desenvolver medidas para combatê-los – incluindo a criação de armaduras de combate feitas de plandanium (metal que nem o adamantium conseguia sequer riscar) para formar um exército, com superforça, poder de voo e a poderosa arma chamada de Neutralizador, que revelava a forma real dos Espectros e ainda podia jogá-los para o Limbo, uma outra dimensão onde não incomodariam mais ninguém.

O grande problema é que usar uma armadura destas requeria um baita sacrifício, já que ela aos poucos vai tornando seus usuários mais máquinas do que homens, roubando sua humanidade de maneira irreversível. Pensando no bem do universo, eis que o tal do Rom foi o primeiro voluntário. Ele e todos que o seguiram se tornaram os Cavaleiros do Espaço de Galador.

Depois de uma avassaladora vitória na batalha contra os Espectros, os Cavaleiros tiveram que lidar com outro problema: alguns dos metaformos restantes, fugitivos, aproveitaram seus poderes de mudança de forma e se mandaram pelo universo, infiltrando-se na população de planetas mais frágeis com o objetivo de dominá-los enquanto reagrupavam suas forças para vingar-se de Galador. Logo, os justiceiros enlatados se espalharam por aí em busca dos vilões. E adivinha só onde foi que os sensores de Rom indicaram que tinha uma forte colônia de Espectros?

Na Terra, é claro! :D

O gibi original do Rom se parecia bastante com uma daquelas ficções científicas B dos anos 1970, uma espécie de produção bastante criativa mas com baixo orçamento. O tipo de coisa que um sujeito como James Gunn adoraria...

rom_02Depois de alguns incidentes, nos quais foi confundido pelos heróis terrestres com um invasor alienígena atacando pobres e indefesos humanos (afinal, os Espectros podiam se disfarçar da forma que bem entendessem, não esqueçam), finalmente Rom se tornou um combatente do mal reconhecido em nosso planeta, atuando ao lado dos Vingadores, dos X-Men e do Quarteto Fantástico, por exemplo.

Cancelada em 1986, a revista de Rom durou exatas 75 edições ao longo de sete anos, mas fez parte oficial da continuidade da Marvel, inicialmente com roteiros de Bill Mantlo (não por acaso, criador do Rocky Racum...) e desenhada por Sal Buscema.

Depois que Rom retornou com a humana Brandy Clark para Galador com o objetivo de repopular o planeta enquanto ele mesmo tentava se tornar menos robótico e mais, bom, humano, o personagem praticamente sumiu dos gibis da editora – por óbvios motivos judiciais. No entanto, seus dois filhos, Balin e Gtristan, chegaram a ser vistos na nova formação dos Cavaleiros do Espaço em uma série de vida curta batizada de Spaceknights (UAU), por volta do ano 2000.

Mais tarde, na saga Aniquilação, Blastaar (da Zona Negativa) foi visto ao lado de alguns destes guerreiros. E em 2013, durante o épico Infinito, Galador acabou sendo atacado e destruído pelos Construtores – lembrando, claro, que esta série foi justamente a base sobre a qual o roteirista Jonathan Hickman desenvolveu tudo que está rolando atualmente em Secret Wars, com o conceito da incursão de planetas/realidades que deve mudar todo o cenário do Universo Marvel.

Portanto, esse ~retorno faz bastante sentido, na real. Mesmo que sem o coitado do ROM. :/