Não, esse não é um dos personagens mais famosos da editora, mas pode render um filme BEM interessante
Não tava naquela lista divulgada em Outubro de 2014 e, olhando rápido, nem sequer se encaixa com o chamado DC Extended Universe que começamos a ver nos cinemas. Mas, é isso: o Gladiador Dourado deve ganhar um filme pra chamar de seu.
De acordo com o Birth. Movies. Death., Zack Stentz (Thor) está escrevendo um roteiro pro herói, enquanto Greg Berlanti (das séries do Arrowverse e Supergirl que, bom, deve estar indo pro Arrowverse) vai dirigir o longa — informação que foi depois confirmada pelo próprio Berlanti ao Hollywood Reporter.
Como ainda é tudo muito inicial, não há uma data para início da produção ou de lançamento. De qualquer forma, é uma novidade com bastante potencial...
Criado em 1986 por Dan Jurgens – aquele mesmo que faria fama no começo dos anos 1990 com o Superman, o Gladiador Dourado ficou famoso no final dos anos 1980 e o começo da década seguinte, quando passou a integrar a fase cômica da Liga da Justiça Internacional, com direito a uma inseparável dupla com o Besouro Azul que rendeu diversos Bwah-ha-has. Por isso, o Gladiador poderia representar uma pitada mais cômica no DCEU, aquela mesma que a Warner parece estar sentindo falta e que está gerando certas FISSURAS nos bastidores, que renderam até a saída do diretor do filme do Flash.
Só que o Gladiador Dourado representa mais do que algumas piadas.
Michael Jon Carter, o nome civil do herói, era um simples jogador de futebol americano universitário do século XXV que vivia em Gotham. Filho de um viciado em jogatina, Michael acabou coagido pelo pai a perder algumas partidas. A farsa acabou sendo descoberta, o que levou o cara a perder a bolsa universitária e a carreira no futebol.
Sem muitas perspectivas na vida, Michael mudou para Metrópolis e foi trabalhar no Museu Espacial da cidade como guarda noturno, e foi lá que ele conheceu mais sobre a época de glória dos super-heróis, ainda no século XX. Percebendo que poderia ser alguém no passado, Michael, com ajuda do robô de vigilância Skeets, roubou diversos equipamentos do museu, incluindo um anel de voo da Legião dos Super-Heróis, o campo de força criado por Brainiac 5, um uniforme capaz de disparar rajadas de energia pelos pulsos e a Esfera do Tempo do Rip Hunter. E, assim, ele foi pra 1986.
Só que o Gladiador Dourado (Boo$ter Gold, como era grafado nas capas da própria revista, em inglês) não queria ser um herói pra salvar os fracos e oprimidos. Ele estava nessa pela glória, e por uma glória que gerasse dinheiro para ele, criando inclusive uma empresa para fazer a gestão da própria imagem. Com o enorme banco de dados do Skeets, o Gladiador passa a usar esses dados do “passado” para “prever” os crimes antes deles acontecerem. O primeiro deles é justamente uma tentativa de assassinato ao presidente Ronald Reagan. Após salvar o POTUS, a fama é praticamente instantânea e Michael fica rico – por um breve período, até a saga Millenium, quando acaba encontrando a BANCARROTA.
É depois disso que o Gladiador passa a fazer parte da JLI, numa época em que menos valiam os vilões e mais a interação entre os membros do grupo. Em certo momento, o herói chegou a deixar a equipe para liderar o Conglomerado, um time que agiria bancado por patrocinadores. Obviamente dá merda, afinal nem sempre os objetivos desses patrocinadores eram os melhores possíveis.
Depois da fase cômica, a Liga da Justiça foi assumida por Dan Jurgens, que deixou os roteiros mais sérios – mas sem esquecer o lado incomum do Gladiador Dourado. Tanto é que, durante a saga A Morte do Superman, é o Gladiador que cria a ALCUNHA de Apocalypse para o grande vilão – e depois se arrepende de não ter registrado a criação e aproveitado para lançar umas camisetas com o nome...
Em 1996 aquela Liga da Justiça acabou, e Michael Carter caiu em certo ostracismo. Rolaram aparições pontuais, como membro do time Justiça Extrema e num revival da LJI cômica. Em Crise Infinita, o personagem teve que lidar com a morte do velho amigo Besouro Azul, assassinado por Maxwell Lord – o mesmo que comandava a LJI no período dos dois.
A reviravolta aconteceu na saga 52, a série semanal que contou o período de um ano do Universo DC em tempo real e sem as presenças de Batman, Superman e Mulher-Maravilha. O Gladiador Dourado foi um dos protagonistas, inicialmente tentando fazer a diferença nesse mundo sem a Tríade – e tentando levantar uma grana ao vender espaços para anúncios no uniforme, tipo macacão de F1 ou uniforme de time de futebol brasileiro.
A série representou uma mudança na personalidade do herói. Aos poucos, ele deixa de ser esse cara em busca de glória e dinheiro, sendo recrutado pelo Rip Hunter para fazer parte dos Mestres do Tempo e ajudando a manter a cronologia do Universo DC intacta. A partir daí, Michael passa a ser o maior herói do universo, mas que ninguém conhece – um conceito explorado num novo gibi próprio do personagem, lançado logo em seguida, escrito justamente por Geoff Johns. Hoje, Johns é CCO da DC Entertainment e um dos caras responsáveis pelos filmes da empresa com a Warner.
Resta saber, agora, qual dessas três versões do Gladiador Dourado apareceria no cinema. É difícil imaginá-lo viajando pelo tempo logo agora, afinal esse posto parece estar ocupado pelo Flash, ao menos pelo que vimos em Batman vs. Superman. Também não faria sentido colocá-lo na Liga da Justiça, principalmente ao lado de tantos heróis criados sob a ótica do Zack Snyder. Por outro lado, o Heroic Hollywood diz que o tal roteiro escrito pelo Stentz seria pra um filme estrelado pelo Gladiador E pelo Besouro Azul, seguindo um velho rumor levantado pelo site. Se seguir essa linha dá pra dizer que não só a Warner quer um pouco mais de cor, luz e diversão nos cinemas, como os personagens podem seguir um filme inicialmente sem relação com o resto do DCEU, mais ou menos como os Guardiões da Galáxia.
Porém, eu botaria minhas fichas na terceira opção: a de um filme solo do herói e seguindo essa visão mais original do personagem, a de um cara que se fodeu na vida e acha que encontrou no mundo dos super-heróis uma forma de ganhar dinheiro e ter um futuro tranquilo. O humor apareceria eventualmente, mas não seria a principal função da história. Na prática, teríamos uma crítica ao mudo da fama e do marketing que vemos hoje, só que carregada com seres poderosos. O tipo de história que, ao meu ver, faz todo o sentido ser contada.
E isso faz sentido também com o time que está sendo reunido. Berlanti e Johns são cocriadores de The Flash, um sucesso da TV cujo tom poderia ir pro cinema num filme do Gladiador. E foi justamente o Stentz que escreveu o mais recente episódio da temporada, The Runaway Dinosaur, aquele dirigido por Kevin Smith. Além disso, Johns escreveu o episódio no qual o Gladiador aparece em Smallville, cheio de patrocínios e também procurando a fama e a glória.
Só precisamos, agora, torcer pro projeto sair do papel.
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