Wolverine vai ser o mais novo concorrente do Asterisco | JUDAO.com.br

Marvel experimenta nova possibilidade narrativa para seus personagens na série de podcasts “Wolverine: The Long Night”, a ser lançado em 2018

Se você não é exatamente um entusiasta do mundo dos podcasts, talvez não saiba que existem uma série de formatos diferentes para este tipo de produção. Claro, aqueles mais conhecidos são justamente as mesas redondas, aka “um monte de gente falando”, ou então os talk shows com entrevistados tipo o nosso Asterisco. Só que existem outros jeitos de trabalhar esta parada — como faz, por exemplo, o Serial, talvez o mais famoso do gênero, que é quase como um audiobook, com roteiro e tudo, cada episódio funcionando como um capítulo de uma história maior.

A Marvel, que por definição é uma contadora de histórias, seja nas HQs, filmes, séries de TV, desenhos animados, videogames, tanto faz, já explorou o formato podcast de um jeitão mais tradicional, tipo a gente. Eles têm, aliás, UM MONTE de podcasts periódicos, tipo o This Week in Marvel (apresentado pelo Ryan Penagos), o Women of Marvel (que é maravilhoso e você DEVIA mesmo ouvir) e o The Mighty Marvel Podcast, que traz uma série de talentos da editora contando novidades. Só que ainda faltava arriscar CONTAR HISTÓRIAS no formato podcast. Perceba aqui o verbo: FALTAVA.

A Casa das Ideias acaba de anunciar que, ainda no primeiro semestre de 2018, sai Wolverine: The Long Night, seu primeiro podcast roteirizado, com 10 episódios a serem lançados inicialmente via Stitcher Premium — uma central de podcasts tipo a nossa Central 3 — e depois disponibilizados nos canais que vocês conhecem usualmente.

O roteiro ficou a cargo de Benjamin Percy, que além de uma carreira literária com a série de livros The Dark Net, teve uma elogiada passagem pelos quadrinhos escrevendo o gibi do Arqueiro Verde pra DC em sua reta final pós-Novos 52 e, logo depois, a sua ótima fase Renascimento/Rebirth, atualmente publicada no Brasil.

A trama conta a história de dois agentes secretos, Sally Pierce (Celia Keenan-Bolger) e Tad Marshall (Ato Essandoh), que chegam na cidade ficcional de Burns, no Alasca, pra investigar uma série de assassinatos. A dupla começa então a trabalhar com o delegado local Bobby Reid (Andrew Keenan-Bolger), investigando aquele que parece ser o seu principal suspeito: o raivoso Logan. Mas, segundo Percy, isso é apenas a ponta do iceberg. “Tem um monte de pedaços que você vai ter montar, além de um grupo de suspeitos em constante mutação”, explica o autor, para o Mashable. “A cada episódio, você descobrirá mais coisas e perceberá que talvez suas teorias estejam erradas”.

Para Percy, o segredo de podcasts de sucesso como Serial e S-Town é o jeito que eles usam para tornar os ouvintes verdadeiros cúmplices da narrativa. “Eles são quase coautores, são detetives do mundo da literatura, costurando as pistas junto com os jornalistas que estão narrando. Quero ter uma abordagem similar a isso”. Na verdade, o roteirista descreve The Long Night como sendo uma mistura destes dois podcasts com True Detective + o clássico Os Imperdoáveis, faroeste de 1992 dirigido por Clint Eastwood.

Mas claro que, além da investigação criminal, a história também terá seus elementos fantásticos (tamos falando de um mutante com fator de cura e garras de adamantium, né), conforme a lenda do Wolverine começa a crescer naquela área, à medida que ele começa a salvar vidas (e, bom, tirar algumas) enquanto se mistura aos lobos das florestas congeladas. “Desenhei uma trama que também mescla um pouco dos mitos locais”, explica.

A ideia é que o isolamento branco do Alasca ajude também a abordar também a questão das memórias fragmentadas do mutante peludo. “Parte da série vai abordar ele recuperando estas lembranças e, apesar de suas tentativas de se manter longe das pessoas, sendo atraído para uma situação que mexe com seu senso de justiça”.

Ah, sim: se você é o maníaco da cronologia e está aí se perguntando ONDE e QUANDO esta história se encaixa na continuidade da Marvel (Logan morreu, voltou, tem Velho Logan, tem X-23), Percy diz que esta uma ótima oportunidade para que eles criem a sua própria cronologia. AINDA BEM.

“Esta é uma continuidade que vai crescer cada vez mais conforme o Marvel Podcast Universe se expande”. Pois é, depois do MCU, agora teremos o MPU, senhoras e senhores. “Claro que tem menções que os leitores vão reconhecer, Arma X, a passagem do Logan pela guerra, Japão, relacionamentos que o cara teve”, diz ele. Dan Silver, vice-presidente de plataformas e conteúdo da Marvel New Media, segura um pouco a bronca quando o assunto é existir mesmo um MPU no futuro, mas deixa um “pode ser” no ar. “Somos conhecidos por criar universos, não? É isso que fazemos em um monte de mídias. Seria muito legal”.

O elenco inclui ainda Scott Adsit (30 Rock), Bob Balaban (Moonrise Kingdom), Brian Stokes Mitchell (um dos maiores vozeirões da Broadway desde os anos 90) e até uma participação especial de Chris Gethard, apresentador do podcast Beautiful Stories from Anonymous People. Ah, claro, e tem o protagonista, né. Cuja voz será a de ninguém menos do que Richard Armitage, de quem você deve se lembrar como o anão Thorin Escudo de Carvalho na recente trilogia que adaptou O Hobbit pras telonas.

Silver relembra que, quando a gente era moleque, não tinha filme nos cinemas ou desenho na TV e líamos os gibis dos X-Men, ficávamos imaginando as vozes dos personagens nas nossas cabeças. “E foi muito legal, tanto tempo depois, sentar numa sala pra discutir isso. Esta voz aqui soa furiosa ou mal-humorada o suficiente? Tem que soar mais Hugh Jackman? E foi aí que o nome do Richard apareceu, todo mundo fechou os olhos e foi aquele momento em que todos imaginamos ele falando e – sim, ele é perfeito”.

Percy concorda totalmente: “Quando soube que o Richard tava disponível, sabia que ele era o cara. Ele encaixa perfeitamente com o Logan e traz tanta alma e selvageria pra este projeto”.

“Podcasts são uma mídia incrível para contar histórias e eu não poderia pensar em um parceiro melhor para expandir as fronteiras dos podcasts roteirizados do que a Marvel”, afirmou em comunicado oficial Erik Diehn, CEO da Midroll Media, empresa dona do Stitcher. Para Silver, estar em um espaço no qual seja possível de alguma forma interagir com os fãs 24 horas por dia, 7 dias por semana, acaba sendo uma de suas prioridades. “A beleza desta mídia é que dá pra ouvir assim que for lançado e consumir isso semana a semana ou, como algumas outras pessoas fazem, escutar mais devagar, onde e quando quiser”.

Mas não é meio assim que os gibis também sempre funcionaram desde sempre? ;)