A melhor frase de Thor: Ragnarok teve um roteirista inesperado

Em um filme assumidamente “80% improvisado”, a fala que se tornou o ápice de um dos trailers mais interessantes dos últimos anos contou com uma ajudinha inesperada… e sensacional. :)

Bom, que Thor: Ragnarok vai ser um filme que fará uso total e irrestrito da regra Guardiões da Galáxia de não precisar ser assim tãããão obsessivo por integrar a trama com o restante do MCU, já dava pra sacar desde o primeiro trailer. “Uma das primeiras coisas que fiz foi pensar nele como sendo não uma sequência, mas sim um filme único”, afirmou o diretor Taika Waititi, em entrevista ao io9. Tá certo.

Também tá claríssimo que, apesar dos personagens e das conexões óbvias, esta terceira aventura do Deus do Trovão não vai lá conversar muito com os dois filmes anteriores — não que a gente esteja aqui reclamando, vejam vocês. ;)

Um dos motivos aqui talvez seja que, assim como os Guardiões, este novo Thor é mais leve. Mais solto, mais iluminado, menos sóbrio, menos sisudo, menos carrancudo. Não é nem apenas a questão do humor, que parece de fato estar bastante presente. É outra parada. Talvez um jeito mais diferente e fluido de levar as coisas, de encarar a jornada de um deus nórdico que virou super-herói na Terra, não apenas na frente das câmeras, mas nitidamente por trás delas também.

“Meu estilo de trabalho é mais ou menos assim: eu tô ali atrás da câmera, ou do lado dela, gritando coisas pras pessoas, do tipo: fala isso, fala aquilo, fala deste jeito”, contou o diretor pra MTV gringa ao confessar que por volta de 80% do filme foi totalmente improvisado. A ideia vinha, ele soltava na hora, dando liberdade pra galera se soltar, inventar falas fora do roteiro, levar instrumentos pra tocar no set, dançar, almoçar todo mundo junto por ali mesmo...

Este tipo de atitude deve ter sido, obviamente, o que levou a Marvel a contratá-lo, em primeiro lugar. Mas, num mundo hollywoodiano no qual executivos de marketing, assessores de imprensa e relações públicas tentam controlar milimetricamente cada palavra que astros e estrelas dizem, dá pra entender que muita gente estranhe esta postura. “Um dia, o Mark Ruffalo terminou de filmar, chegou em mim e disse: por que a gente não foi demitido ainda? Tamos fazendo as coisas mais malucas neste filme, cadê o telefonema?”.

Ainda nesta vibe de incentivar a criatividade, durante a San Diego Comic-Con o protagonista Chris Hemsworth contou que a fala que se tornou o grande destaque do trailer inaugural da produção, aquele que se tornou recordista de visualizações no YouTube entre os filmes Disney/Marvel, desbancando A Bela e Fera, também foi no improviso. Mas o mais legal é que a história tem uma camada de fofura que, desde já, a coloca no PANTEÃO de grandes momentos da cultura pop, aquecendo nossos corações maltratados.

“Tinha um garotinho da Make-A-Wish (fundação que garante a realização de experiências transformadoras para crianças e jovens em situações médicas que colocam suas vidas em risco) no set quando a gente tava gravando aquela cena”, explica ele, num papo em vídeo com a EW. “E eu tava conversando com ele sobre o que ia rolar e ele disse ‘sabe, você devia dizer que ele é um amigo do seu trabalho’. E aí gostamos e colocamos no roteiro”.

UAU! <3

Isso me lembra imediatamente da história do Iron Max, o garotinho lutando contra a hemofilia do tipo A que o roteirista Brian Michael Bendis acabou incorporando a uma HQ do Homem de Ferro depois que conheceu a sua história no Twitter.

Naquela época, assim como a agora, cabe o comentário: é de momentos como estes que a cultura pop é REALMENTE feita, afinal de contas. :)