Riri Williams substituirá Tony Stark após Civil War II e é mais um passo na ampliação de um Universo Marvel que represente todos nós
Riri Williams pode, num primeiro momento, parecer uma garota normal. Não é. Ela teve uma vida difícil mas, aos 15 anos de idade, entrou no MIT, um dos mais respeitados do mundo entre os institutos de ensino superior. De dentro de seu dormitório, ela conseguiu fazer a engenharia reversa de uma das versões anteriores da armadura mais avançada do planeta. Ao mesmo tempo, ela chamou a atenção de um gênio, bilionário, playboy, filantropo.
E em breve ela construirá a própria armadura e se tornará a nova HOMEM DE FERRO. Sim, continuará, ao menos por enquanto, com Man depois do Iron.
O anúncio foi feito hoje pela Marvel na revista Time, simplesmente uma das mais tradicionais publicações dos EUA. A chegada de Riri ao manto de FERROWOMAN vai rolar no novo volume de Invincible Iron Man, por Brian Michael Bendis e Stefano Caselli. O lançamento acontece após o final do crossover Civil War II, também escrito por Bendis, na nova fase da editora, chamada Marvel NOW!.
Para a Time, Bendis explicou que a inspiração para a nova personagem veio de uma outra que ele criou há alguns anos para uma série de TV que nunca foi ao ar, que tinha um monte de caos e violência. Naquela história, uma jovem mulher, mesmo que com a vida cheia de tragédias, conseguiu ir pra faculdade, se transformando numa versão moderna da história de uma super-heroína – algo que ficou na cabeça do roteirista.
“Nós estamos aos poucos e, espero, de forma bem orgânica adicionando todos esses personagens novos ao Universo Marvel, e me pareceu que esse tipo de violência inspirando uma jovem heroína a elevar-se e agir, usando sua perspicácia com a ciência, suas habilidades naturais que ainda estão cruas, mas bem a frente do próprio Tony Stark na mesma idade, foi muito empolgante para mim”, disse Bendis.
Apesar de termos uma nova Homem de Ferro, isso não quer dizer, necessariamente, que Tony Stark irá morrer ou se aposentar ao final de Civil War II. “Muitas pessoas vão ficar chateadas achando que sabem o final de Civil War II agora mais do que nunca que falamos sobre isso. Mas eu posso falar pra vocês que não é porque vocês estão ouvindo o que estamos falando que vocês sabem como Civil War II termina. Não estamos falando o final, de jeito algum”, afirmou o roteirista.
O que Bendis revela é que essa mudança toda é reflexo das três grandes histórias que estão rolando com Stark. Além da Guerra Civil, o herói perdeu o melhor amigo e está finalmente conhecendo a verdade sobre os pais (algo que promete ABALAR AS ESTRUTURAS da Marvel, se as pistas forem verdadeiras). São coisas que fatalmente estão abalando o cara.
Atualmente, a Marvel tem dois Homens-Aranha (Peter Parker e Miles Morales), dois Capitães América (Steve Rogers e Sam Wilson) e dois Thors (Jane Foster e, apesar de não usar mais o Mjolnir e não ocupar o posto de Deus do Trovão, Thor Odison continua por aí), representando bem o nível de diversidade que a Casa das Ideias está alcançando. Veja, Capitão América, Homem de Ferro, Homem-Aranha e Thor podem ser considerados a grande QUADRÍADE (!?) da Marvel e, com o anúncio de hoje, teremos negros, latinos e mulheres representando esses papeis. Isso fora diversos outros personagens da editora, incluindo aí a Miss Marvel Kamala Khan, o Hulk COREANO, a X-23 de Wolverine...
Só que isso ainda é pouco, viu? Lembra-se dos All-New, All-Different Avengers, com um elenco diverso AND anunciado como parte do All-New, All-Different Marvel? Acabou. Nova (Sam Alexander), Miss Marvel (Kamala) e Homem-Aranha (Miles) vão abandonar o barco após diferenças com os integrantes mais velhos e integrar a nova geração dos Campeões, time originalmente criado em 1975 e que passou muito tempo no limbo por conta de uma disputa relacionada ao uso da marca “Champions”.
A Casa das Ideias finalmente resolveu a treta jurídica e, agora, o time ressurgirá com Hulk (Amadeus Cho), Ciclope (a versão jovem vista em All-New X-Men), Viv (a filha do Visão) e, claro, os três ex-Vingadores. Tudo coordenado pela equipe criativa formada por Mark Waid e Humberto Ramos.
“O que preciso falar logo no começo disso é que não estamos apenas reunindo um time de super-heróis, eles são mais como ativistas”, disse o editor Tom Brevoort para a Entertainment Weekly. “Eles estão fazendo uma declaração inclusiva que tem significado para todos os membros da geração deles: é hora de se juntar e levantar-se para consertar o mundo. Essa é uma mensagem que se propaga e as pessoas vêm em resposta a isso”.
“Tom e eu conversamos que tem havido uma interessante mudança nas gerações nos últimos 15 anos”, disse Waid. “Quando nós estávamos crescendo, a percepção geral era que é dever dos adultos consertar o mundo. Crianças podem fazer coisas pequenas, mas basicamente você tem que esperar até crescer para fazer as grandes escolhas e as grandes decisões. Bem, Mark Zuckerberg poderia não concordar com você. Alguns outros jovens cientistas que descobrem tendências estão surgindo, especialmente online, e poderiam desafiar você. Essas são as inspirações para a ideia de que você não tem que esperar crescer para ser alguém como Tony Stark ou Capitão América para fazer a diferença neste mundo, e nós vamos encontrar a nossa própria forma [para contar isso]”.
Guardadas as devidas proporções e épocas, isso tudo lembra muito o discurso da criação do Homem-Aranha, nos anos 1960. “Grandes poderes trazem grandes responsabilidades” disse Stan Lee, fazendo um garoto que havia acabado de chegar à adolescência a se arriscar para acabar com os vilões. Porém, em 2016, fazer a diferença neste mundo é mais do que derrotar o Duende Verde e o Doutor Octopus, por exemplo. E é algo que vai inspirar muita gente, se for bem executado.
Além de um time dos Vingadores chamado USAvengers com um líder brasileiro com uma Patriota de Ferro, uma Capitã América do futuro e a Garota-Esquilo, sobre o qual já falamos aqui no JUDÃO, a Marvel também anunciou a volta dos Vingadores Centrais – e, aí, a pegada é continuar a ter abordagens diferentes para as HQs de super-heróis, como já fazem com Deadpool, Garota-Esquilo, Spider-Gwen...
Chamado originalmente de Great Lake Avengers, o grupo já foi e voltou dentro do Universo Marvel algumas vezes – a versão mais lembrada talvez seja aquela da década passada, escrita pelo Dan Slott, e que reunia os heróis com os poderes mais inúteis da editora. O time retorna após Civil War II mais uma vez com essa pegada de humor, mostrando mais uma vez que “super-herói” não é um gênero, mas uma forma de se contar as mais diferentes histórias.
Sr. Imortal, Chapa, Grande Bertha e Porta, integrantes clássicos, já estão confirmados no time, além de outros heróis C da Casa das Ideias. Quem cuidará do roteiro será Zac Gorman, enquanto a arte será de Will Robson.
Entre tantas jogadas arriscadas, mas ainda assim interessantes, só uma coisa ainda irrita no relançamento da Marvel: novos títulos começando do número 1. Invincible Iron Man, agora com a Riri, irá recomeçar a numeração cerca de um ano depois da última vez que isso aconteceu.
Tá na hora de também repensar essa fórmula, Marvel... ;)