Os Maiores Heróis da Terra, agora sim, nos representam | JUDAO.com.br

Marvel confirma que a nova formação dos Vingadores, que estreia pós-Secret Wars, terá apenas um homem branco caucasiano — e isso é ótimo

É quase uma regra, ao menos de 2000 e pouco pra cá: quando a Marvel entra em uma nova fase de seus gibis, automaticamente lança uma nova encarnação dos Vingadores. Na fase pós-Secret Wars não vai ser diferente e, nesta quarta (24), a Casa das Ideias finalmente anunciou todos os últimos detalhes de All-New All-Different Avengers, que terá mais de 12 edições por ano com Mark Waid nos roteiros, e Adam Kubert e Mahmud Asrar responsáveis pela arte.

Como já era esperado, o novo time representa todo o conceito que a Casa das Ideias está procurando para esta nova fase o que, pro editor Tom Brevoort, ajuda a fisgar novos leitores. “Eu acredito que potencialmente nos dá a chance de nos conectar com um espectro maior do público, que podem se ver e se identificar com os personagens”.

Thor (Jane Foster), Capitão América (Sam Wilson, ex-Falcão), Homem-Aranha (Miles Morales, ex-Universo Ultimate), Homem de Ferro (Tony Stark), Miss Marvel (Kamala Khan, que nasceu em Nova Jersey mas é de origem paquistanesa/islâmica), Visão e Nova (Sam Alexander, um latino). Desses todos, o único branco caucasiano (algo que dominou os Vingadores nas versões anteriores) é Tony Stark que, durante a saga Demônio na Garrafa, deixou a armadura com James Rhodes, um negro. É o time já tinha aparecido junto em maio, em edição especial no Free Comic Book Day, mas a história curta não entregava quem era realmente o Homem de Ferro.

Quando All-New All-Different Avengers #1 for publicado (ainda não há uma data exata, calma!), o time ainda não existirá. Outras equipes estarão protegendo o novo Universo Marvel, entre eles a A-Force, uma versão dos Vingadores só com mulheres. Homem de Ferro vai estar ocupado com a sua própria empresa, o Capitão América com sua carreira solo... Mas, eventualmente, um inimigo em comum (Warbringer, do universo do Nova) fará o time se reunir. Porém, com uma dinâmica diferente.

All-New All-Different AvengersPela primeira vez em algum tempo os Vingadores não serão financiados pela fortuna do Tony Stark — por mais que ele esteja na equipe. “Eles são pobres, e precisam gerenciar seus recursos”, diz o Brevoort. “Uma outra coisa: metade do time vai pra escola”. Ou seja, vai ser aquela dinâmica de estudar pra prova depois de salvar o mundo, o que sempre pode render boas (e clássicas) HQs. É algo que lembra um pouco os Novos Guerreiros originais, equipe criada no final dos anos 80 com jovens heróis e que incluía um outro Nova, Richard Rider.

Porém, o que tá pegando MESMO não é se os integrantes vão pra escola, mas sim a diversidade da formação. Antes de tirar suas próprias conclusões (se você já não tiver), uma dica: demorou pra Marvel fazer isso.

De acordo com o Censo dos EUA, em 1960, 88% da população do país era composta por brancos. Apenas 10% eram negros, com os 2% que restaram para outras etnias (incluindo japoneses, chineses, indianos e outros). Fazia sentido Os Vingadores originais, criados por Stan Lee e Jack Kirby, serem formados por Thor, Hulk, Homem de Ferro, Homem-Formiga e Vespa. E não era só por conta da cor da pele e gênero, mas também em relação ao background de cada personagem.

Pra ver o quanto os EUA mudaram, é só ver o Censo de 2010: 12% da população é negra, enquanto 72% é branca — mas, entre os brancos, existem 16% de latinos. Em alguns estados importantes a conta é muito mais próxima. Nova York, que é onde fica a Marvel, é um estado com 16% da população negra, com 65% de brancos (incluindo 17,6% de latinos). Inclusive, 3% da população declara que tem DUAS ou mais etnias diferentes. Na Califórnia, estado com a maior população do país, 37% das pessoas de declaram latinos, contra 20% dos brancos caucasianos. Asiáticos são 13% e “outras raças” conta com 17%. É muita diversidade, comparando com o passado.

Dá pra dizer que, hoje, os Estados Unidos são um país multiétnico. Quadrinhos sempre foram sobre identificação com os leitores, principalmente os da Marvel. Refletir na principal equipe essa diversidade é apenas a continuação do caminho iniciado por Stan Lee nos anos 60.

Não à toa, A-Force #1, o do time das Vingadoras, foi o sexto mais vendido em todo o mercado direto de gibis dos Estados Unidos em maio passado, com 114 mil exemplares. Spider-Gwen #4, aquele da Gwen Stacy Mulher-Aranha num universo paralelo, foi o 15º, logo na frente de Thor #8, com a Jane Foster protagonizando.

Isso tudo quando falamos do país de origem da Marvel. Um time mais diverso também melhora as vendas em outros lugares da Terra, algo que cada vez mais tem importância — no Brasil, de acordo com o censo de 2010, o pessoal que se declarou branco não chega à metade da população.

All-New All-Different Avengers é apenas um reflexo dos nossos tempos. Talvez tenha demorado um pouco pra mudança acontecer, mas ainda assim é ótimo poder finalmente vê-la.