Seja ela secreta ou civil, o fato é que o terceiro filme do Bandeiroso promete uma nova mudança no status quo da Marvel nos cinemas
Os irmãos Anthony e Joe Russo, que arrebentaram na direção de Capitão América 2 (um dos melhores filmes da Marvel nos cinemas), já estão confirmadíssimos na direção do terceiro filme do Sentinela da Liberdade. Durante as muitas entrevistas de divulgação para a versão em Blu-ray da produção, obviamente, eles responderam à dezenas de perguntas sobre uma possível mudança de Capitão América na película, assim como aconteceu nas HQs. Afinal, o Falcão está no filme, com certeza estará na continuação, e como foi ele quem assumiu o manto do herói na versão gibi, bingo, some 2+2. A correlação era óbvia e esperada. Junte na equação o fato de que o Soldado Invernal, nos quadrinhos, também chegou a ser o Capitão América durante um tempo, e você tem a combinação que a imprensa queria.
Mas vamos passar por cima disso e nos focar em outra coisa, por agora: fato de que o subtítulo do filme, a exemplo de “O Soldado Invernal”, já estar definido. Sim, sim. Mas vamos além. Num papo com o Crave Online, a dupla de cineastas carimbou: “Se você andou falando com Kevin [Feige, o maioral da Marvel Studios], sabe que o título estava rondando a cabeça dele nos últimos dez anos. É parte do plano que ele está traçando, é parte de um plano maior”.
Capitão América 2 mudou completamente a cara do Universo Cinematográfico da Marvel – e também a cara das séries de TV, virando Agents of SHIELD do avesso e traçando o caminho para Agent Carter; colocou a HYDRA na jogada como uma organização grande e forte, que terá influência em Vingadores 2; estabeleceu um clima de paranoia, de “não confie em ninguém”; e acabou com a SHIELD como a conhecemos, dando aos heróis dos Vingadores um jeito diferente de atuar, com outro tipo de autonomia – do tipo que vai fazer Tony Stark colocar as asinhas de fora a ponto de criar (sem intenção clara, pelo que dá pra sacar) um tal de Ultron.
Capitão América 3 promete ser tão bombástico quanto. Um novo ponto de ruptura, de definição do que podemos esperar das tramas paralelas dos filmes Marvel dali pra frente. Pô, gente. Que título poderia ter este Capitão América 3 para alardear algo assim tão...tão...tão…especial?
A internet, é claro, tem as suas teorias. E a gente tem as nossas. Porque nós somos mais do que a internet, somos o JUDÃO, porra.
A primeira delas é aquela que, aparentemente, faz mais sentido – e na qual a gente aposta bem mais. A de que teremos Capitão América 3: Guerra Secreta. Não confunda: não estamos falando de Guerras Secretas, no plural, aquele imenso crossover dos anos 1980 pra vender bonequinhos com uma poderosa entidade alienígena conhecida como Beyonder que levou os principais personagens da Marvel para os confins do universo para lutar e blá. Estamos falando de Guerra Secreta, no singular, minissérie em cinco edições publicada pela Marvel em 2004. Ou seja, combina com a informação de que “o título está na cabeça do Feige há dez anos” e tal.
Escrita por Brian Michael Bendis e ilustrada belamente pelo italiano Gabriele Dell’Otto, a trama versa sobre a descoberta, feita por Nick Fury, de que primeira-ministra da Latvéria, Lucia Von Bardas, estaria secretamente planejando armar um monte de supervilões B dos EUA com tecnologia de ponta para ajudar a espalhar o terror no país. A treta? Victor Von Doom, o Doutor Destino, ditador supremo da Latvéria, andava sumido e o governo dos EUA estabeleceu uma relação amigável com o país sem o maníaco egocêntrico mascarado por perto. Ou seja: Fury teria que agir na surdina. Aí, convocou medalhões como o Capitão América, Luke Cage, Demolidor, Homem-Aranha e Wolverine para invadir a Latvéria e impedir o plano. Dá uma merda gigantesca, as mentes dos heróis acabam apagadas por Fury e, anos mais tarde, a missão acaba vindo cobrar tributo…
Deixemos a Latvéria (que é da Fox, no pacote de filme do Quarteto Fantástico) de lado, assim como o Homem-Aranha e o Wolverine. E vamos nos focar apenas no conceito. Lembram da história que diz que, na cena pós-créditos de Vingadores 2: A Era de Ultron, teremos uma nova versão da equipe de heróis, comandada pelo Capitão América? E que a sua formação seria uma desculpa para apresentar os heróis da fase 3 – Doutor Estranho, Pantera Negra, Miss Marvel, talvez até o Homem-Formiga? A chave talvez esteja aí.
A HYDRA, como os senhores bem sabem desde a cena pós-créditos de Capitão América 2, vai continuar trazendo dor de cabeça para os vigilantes uniformizados da Casa das Ideias – ainda que organização esteja devolvida ao submundo de outrora, como dá pra ver neste começo de temporada da série Agents of SHIELD. O Barão Von Strucker estará em Os Vingadores 2: A Era de Ultron, coisa e tal. De repente, eles podem acabar criando, no fim do filme, algum tipo de situação que force os Vingadores a passarem a agir na surdina. Meio como foram os Novos Vingadores, que surgiram algum tempo depois de Guerra Secreta e, para bom entendedor, meio como consequência de seus acontecimentos. Vamos lembrar também que, durante algum tempo, enquanto abriu mão da identidade secreta de Capitão América e se tornou diretor da SHIELD, Steve Rogers comandou uma divisão de elite de heróis chamada Vingadores Secretos, agindo em missões que jamais poderiam vir ao conhecimento do público.
De repente, estes Vingadores Secretos seriam a equipe formada pelo Capitão ao final de Vingadores 2 para combater algo meio no clima de paranoia/perseguição/espionagem do segundo filme do Bandeiroso. Os próprios diretores já confirmaram, aliás, que este terceiro filme tem muito mais em comum com Soldado Invernal do que com aquele tom quase inocente da película original, ambientada na Segunda Guerra Mundial.
Faz sentido que em Capitão 3 ele esteja com parte desta equipe – incluindo até mesmo o Gavião Arqueiro, que ia aparecer no 2 mas ficou de fora por conta da agenda de Jeremy Renner – e mais a Viúva Negra, o Falcão e, quem sabe, o próprio Bucky Barnes, vulgo Soldado Invernal. Pô, já ia ser um puta time de respeito, não? Talvez dê até para arriscar dizer que, com a HYDRA rondando por aí (diluída, depois de uma possível derrota em Os Vingadores 2), um terceiro filme poderia servir de ambientação perfeita para o triunfal retorno do Caveira Vermelha, fundador da organização terrorista. Insisto: pra mim, ele não morreu ao final do Capitão 1. Dá fácil pra trazer o sujeito de volta (talvez sem Hugo Weaving no papel, mas tudo bem, posso viver com isso). Pra mim, é isso, tá amarrado. Vou juntar tudo, mandar pros irmãos Russo e ganhar uma grana.
Ooooooooooutra teoria, no entanto, esta um pouco mais distante da realidade (mas não totalmente impossível, leia-se), dá conta de que o terceiro filme do Capitão se chamaria Capitão América 3: Guerra Civil.
E aqui, você pode inserir trombetas dramáticas porque, se este for o caso, maluco, a treta vai ficar séria.
Tá legal, a série rolou apenas em 2006, o que a coloca fora dos tais 10 anos de imaginação do Feige mencionados pelos Russo. Mas o Capitão América 3 estreia apenas em maio de 2016. Ou seja – teremos aí uma diferença de uma década. Teríamos apenas um erro de cálculo? Hummmmmm…
Escrita por Mark Millar e desenhada por Steve McNiven, Guerra Civil foi um marco recente na cronologia da Marvel e, não por acaso, ajudou a definir grande parte do que a gente lê nos gibis da editora atualmente. Na trama, os atos irresponsáveis de uma trupe de jovens heróis causam mortes em massa em uma pequena cidade dos EUA. A população de todo o país se agita e é criada uma tal Lei de Registro dos Super-Heróis, que vai obrigar os vigilantes a revelarem suas identidades secretas e fazerem um registro oficial junto ao governo. Obviamente, a questão divide opiniões – e Tony Stark, o Homem de Ferro, se torna o principal apoiador da lei. Aqueles que se recusam a fazer o registro passam a ser caçados como criminosos. E o líder dos rebeldes é justamente um homem cuja identidade é conhecida publicamente: o Capitão América. Temos herói contra herói. E Homem de Ferro versus Capitão América.
Um dos grandes momentos da trama é quando o Homem-Aranha dá uma de louco, se junta com Stark e revela sua identidade publicamente, causando um reboliço que só seria resolvido (?) algum tempo depois, com o estalar de dedos de Mefisto. Mas isso é outra coisa e outra história.
Novamente, eu lhes peço: vamos esquecer, por um instante, a piração de “a Sony tinha que liberar o Homem-Aranha para este filme” ou “a Marvel precisava pegar o Wolverine de volta da Fox para fazer Guerra Civil”. Isso não vai acontecer num futuro tão próximo. Vamos nos ater ao conceito. Obviamente, Guerra Civil é uma coisa enorme, gigantesca, que precisaria envolver uma cacetada de heróis da Marvel, talvez todos os que o estúdio já mostrou no cinema até agora e todos que vão aparecer até depois da segunda aventura dos Vingadores. Para fazer real sentido, para ter real impacto.
Mas, todavia, contudo, porém, o conceito funciona também se começar em escala menor. Poderia apenas começar em Capitão América 3, ter um pontapé inicial pós eventos de Os Vingadores 2: A Era de Ultron. O robô psicopata causa uma baita destruição mundial, a opinião pública começa a se voltar contra os heróis (afinal, aquela é uma criação de Tony Stark). O governo dos EUA se sente pressionado e começa a agir. Cria a Lei do Registro. Tony, se sentindo culpado, adere. E o Capitão, em nome da liberdade individual, fica contra. O eixo principal está aí, não precisa de Homem-Aranha ou Wolverine. Porque a história gira em torno de Stark e Rogers. “Eu conheci o seu pai. Ele era um homem honrado”, estaria pronto para dizer o Capitão América para o Homem de Ferro, depois de ter conhecido Howard em O Primeiro Vingador.
Isso poderia começar em Vingadores 2. O grupo se dissolve. E seria a brecha para o Capitão trazer para o seu lado um novo time de heróis, seguindo um pouco da teoria sobre a qual falamos acima, girando em torno da tal cena pós-créditos que teria sido especulada. Em Capitão América 3, ele passa a agir nas sombras, auxiliado por Gavião Arqueiro, Viúva Negra, Falcão, a porra toda. O clima de espionagem, paranoia, não confie em ninguém, continua. E ele continua correndo atrás de seu camarada Bucky Barnes, o Soldado Invernal, para fazê-lo se juntar ao time.
A Guerra Civil, depois de Capitão América 3, poderia ser um conceito que se espalharia por todos os filmes posteriores da Marvel Studios. Ou quase isso. E poderia, preparem-se porque vai ser legen...espere por isso...dário, desembocar em Vingadores 3. No qual o pau come solto entre os heróis. Até que eles têm que suspender a sessão babaquice para acabar com ninguém menos do que...que rufem os tambores...Thanos.
Nas HQs, Guerra Civil pavimenta o caminho para Invasão Secreta, a luta contra os transmorfos conhecidos como skrulls que estavam o tempo todo infiltrados em nossa sociedade. Os skrulls estão debaixo do contrato com a Fox, por conta dos Quarteto Fantástico, coisa e tal. Então, por que diabos não apostar as fichas em um vilão que vem sendo, digamos, construído pelo estúdio nos últimos anos. Conclusão bombástica, eu diria.
Vale lembrar ainda que, ao final de Guerra Civil, o Capitão é preso. E depois assassinado pouco antes de seu julgamento, diante das câmeras, como um mártir. Então, bingo, Bucky Barnes assume o uniforme do herói – até que ele volte, é claro, porque isso sempre acontece nos gibis. Eles sempre voltam. A boataria não tem sido insistente sobre Chris Evans, daqui alguns anos, sair de cena e o Capitão passar a ser vivido por ooooooooutra pessoa? Isso não ajudaria a encaixar as peças?
Será? Sirvam as cervejas, os amendoins e os tremoços – porque esta discussão de boteco não tem hora pra acabar. ;)