Uma hora isso iria acontecer. Sempre precisa acontecer. A novidade agora é o precedente aberto por Rogue One…
Bom, isso eventualmente aconteceria. Não a história de usar uma versão digital, o que só entrou em discussão por conta de Rogue One, mas uma hora a LucasFilm precisaria tentar entender o que aconteceria com a General Leia Organa no futuro de Star Wars depois da morte de Carrie Fisher, aos 60 anos, no fim do ano passado.
Infelizmente, aliás, acontece com todo mundo: morre alguém de quem você gosta e logo no dia seguinte você precisa lidar com documentos, ir atrás de (se for o caso) inventário e enfim, pensar no futuro porque é isso que acontece. A vida segue e a gente precisa sempre olhar pra frente.
Mas é isso: de acordo com o BBC Newsnight, a Disney está negociando com o Espólio de Carrie Fisher a “contínua aparição” dela no universo Star Wars que, embora inclua versões digitais, não se limita a isso. Na matéria, por exemplo, citam Robin Williams, que proibiu que a imagem dele seja usada comercialmente até 2039 — o que poderia significar que estejam negociando o uso em bonequinhos, por exemplo.
Ao mesmo tempo, porém, a matéria cita Peter Cushing e sua aparição póstuma em Rogue One, devidamente autorizada pelo seu Espólio.
Não faz muito tempo, filme não tinha nem som e assustava a galera achando que seriam atropelados por um trem. Aí ganhou som, cor, começou a ter uns efeitos digitais bem sensacionais, veio o 3D, os filmes começaram a ser lançados não só no cinema e em VHS, mas também em DVD, HD-DVD, Blu-ray, veio a internet, surgiu o Netflix... As coisas mudam nessa indústria. Nenhuma negociação é feita como era, sem exagero, dez anos atrás.
Não me parece nada absurdo esse tipo de coisa começar a aparecer em contratos — até porque, por mais que seja DISCUTÍVEL o resultado de Rogue One, não é como se daqui poucos anos a gente não comece a, de fato, confundir pessoas com suas versões digitais quando as virmos em jogos, filmes e por aí vai.
Usar o Governador Tarkin em Rogue One foi legal porque, bom, podia ter sido qualquer outro personagem ali, apenas citando o Tarkin, mas foi surpreendente e tornou tudo mais interessante — o tal do fan service sendo BOM fan service. Vale também pra Princesa Leia, no final: precisava? Não. Mas foi legal.
Já sabemos que todas as suas cenas no Episódio VIII foram gravadas, então o que quer que aconteça seria só lá no Episódio IX no qual, segundo consta, a General Leia teria um papel bem importante. Até por isso foi agendada, para o início desse ano, uma reunião entre Kathleen Kennedy e o diretor Colin Trevorrow, pra decidir se a tirariam da história de alguma maneira... ou não.
Ninguém sabe se a reunião já aconteceu e o que é que foi decidido, mas... Será que o efeito seria o mesmo? Será que a galera iria “NOSSA, OLHA!” ou simplesmente achar estranho tudo aquilo acontecendo, uma vez que, de tanto olharmos para pessoas o dia todo, conseguimos perceber qualquer coisa não-natural?
Eu, pessoa física, de verdade não sei o que pensar, ainda. Acredito que seja mais uma maneira de contar a história, se a história for o principal — e se, sei lá, a história for o que importa, inclusive com o aval de quem ajudava a contar. Mas eu também penso que poderia ser muito mais interessante algum tipo de homenagem, mais ou menos como aconteceu com Leonard Nimoy em Star Trek: Sem Fronteiras.
Podia até mesmo usar a Billie Lourd, que já está no filme, de costas, de alguma maneira indireta, pra representar a mãe.
Mas sei lá. É o tipo de coisa que a gente só vai saber o que sentir depois de se acostumar. E estamos a alguns bons anos de isso acontecer.