Quatro bilhões de dólares, ou uma Marvel ou uma LucasFilm. É isso que, até hoje, os filmes dos X-Men renderam em bilheteria para a Fox — sem contar home entertainment, direitos de exibição na TV, streaming, bonequinhos e lancheiras e demais produtos licenciados.

O contrato com a Casa das Ideias, assinado para trazer as melhores condições do mundo para o estúdio, é a galinha dos ovos de ouro da Raposa. E, depois do fiasco que foi X-Men: Apocalipse, que teve bilheteria mundial de ~apenas US$ 544 milhões, eles estão dando uns retoques na galinha para poder chocar os próximos ovos.

Pra começar, acabaram os contratos com Jennifer Lawrence, Michael Fassbender, James McAvoy e Nicholas Hoult, que era de três filmes. Claramente os atores estão em momentos diferentes da carreira agora, o que inflaciona os salários para uma renegociação – ou, vai saber, talvez eles nem estejam mais a fim de voltar ao universo mutante (o que a interpretação da Mística nesse último filme deixou um tanto claro). E esses quatro foram, querendo ou não, o CORAÇÃO dessa segunda fase dos X-Men nos cinemas.

Além disso, Logan, que estreia em 2017, será o último filme de Hugh Jackman como Wolverine. Ou seja, a maior (financeiramente falando) dobradinha personagem-ator que a Fox tem nesse universo irá acabar. Já o outro spinoff, o do Gambit, parece ter entrado em um grande limbo depois da saída do diretor Doug Liman.

A única coisa LÍQUIDA E CERTA por aqui é Deadpool. Depois de relutar e REGOZIJAR com o sucesso do filme (que rendeu bem mais dinheiro que X-Men: Apocalipse, mesmo sendo “Rated R”), o segundo já está na manga – sem o diretor Tim Miller, é verdade, mas as engrenagens parecem estar rolando tão bem que isso não deverá ser um problema, principalmente se fecharem com David Leitch (de John Wick). Até já existe um plano pra Deadpool 3, que deverá ter a presença da X-Force.

Isso basta pra Fox manter os direitos mutantes. Mas isso não basta pra Fox. E, adivinha só? De acordo com o Hollywood Reporter, o estúdio escalou o produtor Simon Kinberg para supervisionar e escrever uma nova leva de filmes dos X-Men. A melhor notícia nisso tudo: sem o envolvimento de Bryan Singer.

Se X-Men: Apocalipse serviu pra alguma coisa, foi pra mostrar que já deu de Bryan Singer

Se X-Men: Apocalipse serviu para alguma coisa, foi pra mostrar que a visão do diretor já esgotou. O que, no começo, pareciam ser apenas erros pontuais se mostraram CACOETES do cara, com impacto direto no hype gerado e, obviamente, na grana que a Fox bota no bolso. Trazer alguém diferente, uma nova visão, pode ser bom para ter um fato novo e levar novamente o grande público aos cinemas.

Funcionou com X-Men: Primeira Classe, afinal.

Não que Kinberg seja “fato novo”. Ele é co-roteirista de X-Men: O Confronto Final, além de X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido e X-Men: Apocalipse, fora o fato de ter sido produtor de X-Men: Primeira Classe e do esquecível reboot de Quarteto Fantástico, que teve diversas tretas nos bastidores — inclusive envolvendo o nome do produtor. É, querendo ou não, a representação da visão de sempre da Fox, o que pode ser a notícia ruim nisso tudo.

De qualquer forma, Kinberg já está trabalhando em um roteiro para o que seria o X-Men 7, ainda com Michael Fassbender e Jennifer Lawrence em mente. Não dá pra saber se é o MESMO roteiro comentado há alguns meses por Singer mas, se for, a história se passará nos anos 1990 e terá o espaço como um dos seus palcos, provavelmente envolvendo uma nova Saga da Fênix Negra.

Bom, o gancho no final de Apocalipse eram os X-Men dos anos 90 com os uniformes lembrando vagamente aqueles criados pelo Jim Lee nos gibis do começo da mesma década. As novas adições ao time – Sophie Turner, Tye Sheridan, Kodi Smit-McPhee, Alexandra Shipp, entre outros – continuariam, reforçando essa referência. Num mundo perfeito, Magneto e Mística nem precisariam estar presentes, mas os nomes da JLaw e do Fassbender vendem, né? É difícil pra Fox resistir à tentação de colocá-los como anti-heróis ou algo assim...

Kinberg também está envolvido com uma segunda franquia de Equipe-X, baseado nos Novos Mutantes. O diretor Josh Boone, de A Culpa é das Estrelas, deve começar as gravações no segundo bimestre do próximo ano. Porém, fica aqui a dúvida: com um time jovem também na equipe principal, qual vai ser o grande diferencial entre as duas franquias?

Ou será que isso significa um NOVO reboot em X-Men?

Bom, a Fox não vai largar o osso mutante e, por mais que as coisas recomecem de alguma forma por lá, não PARECE que será um grande reboot ou algo assim. Para nós, só resta torcer para chegar um cara como o Matthew Vaughn que, meio esquecido pelos corredores do estúdio, acabe fazendo mais um Primeira Classe.