Com início previsto pra perto da estreia do terceiro filme do Capitão América? Mas QUE COINCIDÊNCIA. ;)
Estaaaava o Ryan Higgins em seu lugar, tranquilão, na sua loja de quadrinhos — Comics Conspiracy, em Sunnyvale, Califórnia — quando veio o carteiro com aquele monte de contas a pagar, uns panfletos de pizzaria e, no meio da correspondência, um cartão postal da Marvel Comics.
Quando Ryan abriu, deu de cara com um desenho do Homem de Ferro se estranhando com o novo Capitão América, o Sam Wilson (aka Falcão), num traço/pintura que se parece bastante com o de Adi Granov – que é o mesmo sujeito que fez algumas das mais icônicas capas variantes da saga Guerra Civil. Sabe, aquela do Mark Millar e do Steve McNiven? Na qual o... Homem de Ferro treta com o Capitão América? Ué...
Do outro lado do postal, numa fonte que lembra BASTANTE aquela usada nas capas originais de Guerra Civil em 2006, um número romano II e uma sugestão de data, “Spring 2016”, sugerindo a primavera nos EUA, que acontece entre Março e Junho. E veja só, ganha um doce quem adivinhar que filme será lançado neste intervalo de tempo. Inspirado em qual saga das HQs mesmo...?
Ryan Higgins então não pensou duas vezes e fez o que qualquer PESSOA DE BEM faria: jogou as imagens no twitter. Oh, yeah.
“Ai, a informação da Guerra Civil II vazou!”. Ora, senhoras e senhores, a turminha do marketing da Casa das Ideias sabia bem o que poderia acontecer – eles estão longe de ser inocentes quando o assunto são redes sociais. Se bobear, estavam até esperando isso rolar só pra ver a sua reação. E a nossa. Até porque não existem quaisquer outras informações adicionais até o momento.
Vamos, por um minuto, evitar o papo furado de “mas que jogada de marketing pra promover o filme”. Sim, sim, isso É marketing. Que, nos dias de hoje, com o sucesso do MCU nas telonas, ajuda mais a editora do que o contrário. E que sim, faz parte do jogo. É algo feito com maestria pela Casa das Ideias e que, adivinhem só, a DC vai começar a fazer com cada vez mais frequência conforme a Warner for lançando seus filmes de heróis. Passamos disso? Superamos? Pois bem.
ESSA é a pergunta que a gente deveria se fazer. Bom, pra quem vem acompanhando a relação entre eles desde o final de Guerra Civil, a resposta é um grande e sonoro SIM. Quando o conflito se encerrou, tivemos Capitão América se rendendo ao governo para depois ser assassinado de maneira trágica e Tony Stark assumindo a liderança da SHIELD. Mas Steve Rogers voltou do mundo dos mortos, Stark acabou sendo massacrado pelo público depois de uma invasão secreta de skrulls, o cargo caiu nas mãos de Norman “Sou Um Duende Maluco” Osborn, a SHIELD virou HAMMER...
Só que, mesmo depois que os Vingadores foram novamente reformados com seus integrantes clássicos, a amizade entre Rogers e Stark nunca mais foi a mesma. Sempre ficou clara uma desconfiança por parte do Capitão, como que esperando uma traição futura, enquanto o Latinha vivia tratando o Sentinela da Liberdade com uma pontinha de desdém, um símbolo fosco de uma era perdida. Várias eram as ocasiões em que os dois se provocavam, com pequenas cutucadas.
A coisa chegaria no limite quando o roteirista Jonathan Hickman começou a desenhar as chamadas INCURSÕES, que nós já explicamos BEM AQUI e que serviram de base para as Guerras Secretas e, posteriormente, para a nova cara do Universo Marvel. Nesta fase, que pode ser lida atualmente nas HQs publicadas pela Panini no Brasil, os Illuminati, aquele grupo formado pelas mentes mais inteligentes e influentes do planeta, voltaram. Inicialmente, quando começam a descobrir o fenômeno multidimensional que ameaça o nosso planeta, o antigo Capitão América faz parte do grupo. Mas ele se torna a voz dissonante da facção quando descobre que seus parceiros, com Tony à frente, concordam com a criação de uma potente bomba para explodir o planeta que se aproxima do nosso. Ele expõe o conflito ético, diz que jamais permitiria isso. “Ah, Steve, você sempre tem que ser assim”, resmunga Stark, antes de pedir para que o Doutor Estranho apague a mente do Capitão.
Só que estamos falando da Marvel – e, bom, em um dado momento, o ídolo do Agente Coulson se lembra. De tudo. E fica puto da vida. E novamente quebra o pau com o Homem de Ferro, novamente os Vingadores se dividem, aquela história. Até que um pequeno probleminha envolvendo nada menos do que a Joia do Tempo (é, aquela mesma, da manopla daquele cara roxo com o queixo estranho) acaba jogando Steve alguns milhares de anos no futuro, etapa por etapa. E a cada parada, ele vai descobrindo que as cagadas do Homem de Ferro e dos Illuminati não podem ser impedidas, porque uma coisa muito maior está acontecendo e a caminho. E que ele vai ter que se preparar para, no futuro, tomar medidas extremas com relação aos seus antigos amigos... e, principalmente, Tony Stark.
Embora ainda saibamos quase nada do cenário político que vai se desenrolar no chamado All-New, All-Different Marvel, alguns detalhes sobre os novos gibis do Homem de Ferro e do Capitão América podem ajudar a dar uma pista aqui.
Se passaram OITO meses desde as Guerras Secretas assim que todos estes novos títulos começarem, a partir deste mês. Brian Michael Bendis está escrevendo um Tony Stark que tem que se reconstruir mais uma vez. Longe de ser tão rico quanto era, ele tem que enfrentar a ameaça intelectual de um jovem garoto que é um inventor bem mais eficiente do que ele e ainda criar uma nova armadura. Este Tony é o mesmo passou por um momento “vilão” em São Francisco e que descobriu que é filho adotivo de Howard Stark – e o roteirista já prometeu que a busca por seus pais biológicos deve ser um tema recorrente na revista.
Aí, corta pro Capitão América escrito por Nick Spencer. Steve Rogers perdeu o Soro do Supersoldado, ficou velho, mas continuou como o grande amigo e mentor intelectual de Sam Wilson, o novo Capitão América, agora com asas. Mas já se sabe que alguma coisa vai colocar a dupla em lados diferentes de um embate ideológico neste novo título. “Sim, até a opinião pública vai estar dividida”, explica Spencer, em entrevista ao Comic Book Resources. “A única coisa que quero garantir é que não vou colocar Steve numa posição pouco simpática só porque a estrela do gibi agora é o Sam. Eu acho que Steve tem um argumento tão forte quanto o do Sam”, e completa: “Me certificar de que os leitores enxerguem os dois lados da história claramente era uma prioridade pra mim”.
A briga foi tão forte que, bom, em termos de Vingadores, cada um acabou indo para um lado, gerando a sua própria equipe. E enquanto Sam lidera o verdadeiro esquadrão da diversidade que são os All-New All-Different Avengers, Steve se arriscou com os Uncanny Avengers – uma equipe que mistura um mal-humorado como o Mercúrio com dois falastrões como o Homem-Aranha e o Deadpool. Imagina só a merda que isso vai dar...
Podemos supor, talvez, que Rogers vai acabar de alguma forma se colocando ao lado de Tony Stark, tendo que engolir o sapo de uma vez? E, claro, para a total surpresa de Sam – que vai se estranhar mais diretamente com o Ferroso, que é seu colega direto de equipe (só pra piorar as coisas...)? Teria esta coisa toda algum tipo de relação com os pais verdadeiros do Tony? Afinal, lembrem só, existe toda uma boataria sobre Guerra Civil, versão filme, que coloca o Soldado Invernal como o homem responsável pelo assassinato de Howard Stark. Tony fica no veneno, Steve defende o amigo, ka-boom! Talvez a descoberta de quem são seus pais ecoe diretamente no passado de Rogers, só que de outra forma?
Tudo, por enquanto, é especulação. Do jeitinho que eu acho que a Marvel queria, aliás, ao mandar aquele cartão postal.