Coulson deu uma missão para a Skye que, agora oficialmente, sabemos que ela vai cumprir na terceira temporada da série
Digamos que era meio óbvio para qualquer leitor de quadrinhos mais atento. No episódio final da segunda temporada de Agents of SHIELD, quando o Agente Coulson diz que tem um trabalho importante para Skye/Daisy e lhe entrega em mãos aquela pastinha azul.
Pois é, não foi preciso ir muito longe para ter quase certeza que os Guerreiros Secretos estavam a caminho.
É claro que aqueles que têm olhos de águia e puderam ler a expressão “Catterpillars” (Lagartas) na pasta, que é justamente o codinome pelo qual Nick Fury chamava os Guerreiros Secretos nos gibis, passaram a ter certeza ABSOLUTA. Eles e quem leu, aqui mesmo no JUDÃO, sobre a conclusão que Agents of SHIELD merecia (e precisava).
Mas agora é tudo oficial. Confirmado pela Marvel e a porra toda.
“Como resultado da batalha entre a SHIELD, Jiaying e os Inumanos, o diretor Coulson (Clark Gregg) vai empreender uma busca mundial por mais pessoas superpoderosas e formar um extraordinário novo time para lidar com ameaças que o mundo nunca viu antes. No entanto, os Agentes da SHIELD vão logo descobrir que não são os únicos buscando estes novos Inumanos”, diz a sinopse oficial. E o pôster, então, escancara a parada de vez.
Criados originalmente por Brian Michael Bendis em 2008, dentro da revista Mighty Avengers, e depois desenvolvidos em seu título próprio por Jonathan Hickman, atual arquiteto de Secret Wars, os Guerreiros Secretos são um time de operativos superpoderosos reunidos por Fury num esquema “debaixo dos panos”, para resolver paradas que os super-heróis mais conhecidos do grande público não poderiam para não “sujarem as mãos”.
Afinal, aquilo poderia vazar e o pânico iria se instaurar.
A primeira grande missão da equipe, não por acaso liderada pela jovem Daisy Johnson (no caso, a heroína Tremor, que já descobrimos ser o verdadeiro nome de Skye na série), foi quando descobriram os espiões skrulls estrategicamente escondidos no meio da comunidade superhumana durante a série Invasão Secreta. Ao final do ataque skrull, a SHIELD é desmantelada e Norman Osborn se torna herói nacional, montando a sua própria organização, batizada apropriadamente de MARTELO (HAMMER, no original).
E é aí que Fury revela o real motivo da existência dos Guerreiros Secretos: até o momento, o diretor estava do lado perdedor do conflito com a HYDRA sem nem ao menos perceber – sendo que a organização maléfica tinha seus tentáculos dentro da própria SHIELD, bem debaixo do tapa-olho do velho Nick. Era a hora de contra-atacar, enquanto a HYDRA ainda se reorganizava e tinha que lidar com o ressurgimento do grupo rival conhecido como Leviatã. O grupo permaneceria em atividade nas sombras até que a SHIELD fosse reativada pelas Nações Unidas, algum tempo depois, sob coordenação da própria Daisy como diretora, que reaproveitou alguns dos antigos colegas como agentes oficiais.
“Algumas pessoas vão ficar empolgadas e outras ficarão um pouquinho intimidadas ou se sentir ameaçadas”, afirmou o produtor executivo da série, Jeffrey Bell, a respeito da posição de liderança de Skye, em entrevista para a Entertainment Weekly. “Toda vez que uma pessoa cresce ou sai do papel pelo qual era reconhecida por todos, isso se torna um problema. O que acontece quando o estudante atinge o mesmo status de seu mestre ou professor? Tem muito terreno pra gente plantar ao longo da terceira temporada”.
As similaridades são muitas para se ignorar. Skye é tão protegida de Coulson quanto a Daisy dos gibis é protegida por Fury. O momento da SHIELD em pedaços, sob desconfiança da opinião pública e tendo que lidar com o que a infiltração da HYDRA causou em suas fileiras, é o mesmo. O tal Leviatã que surge para tentar tomar o lugar da HYDRA, aliás, é aquele mesmo misterioso grupo russo que Peggy teve que enfrentar no passado, em Agent Carter – e sobre o qual provavelmente saberemos ainda mais nesta segunda temporada. Não duvidaria nada que eles aparecessem também no presente, em Agents of SHIELD, cruzando ainda mais as séries.
A grande diferença, de fato, é o fator Inumanos, que não existia nos gibis – Daisy, ao contrário do que acontece na série, é “apenas” uma super-humana. E os sujeitos que recruta para atuarem ao seu lado, e que devem muito possivelmente ganhar contrapartes televisivas, estão como ela, ligados diretamente a outros personagens da Marvel, sejam eles heróis ou vilões: o menino Alexander Aaron, o deus do medo Phobos, é filho de Ares, deus da guerra e ex-integrante dos Vingadores; o mago Sebastian é filho do Doutor Druida; a velocista Yo-Yo é filha do vilão Grifo; o incendiário Hellfire é neto do Cavaleiro Fantasma; o fortão Jerry Sledge é filho bastardo do Homem-Absorvente; e Eden é um teleportador treinado pelo aborígene australiano Gateway, conhecido dos gibis anos 90 dos X-Men.
Daisy, como você deve se lembrar, é a filha do Mr. Hyde.
O quanto isso tudo pode ser aproveitado na série? Bom, o Carl “Crusher” Creel já deu as caras pessoalmente. E o Grifo, por exemplo, chegou a ser mencionado em seu nome civil por John Garrett como sendo aquele cara com garras e tudo mais. O restante é facilmente adaptável, de uma relação do Druida com o futuro filme do Doutor Estranho até a existência do panteão dos deuses gregos (deixando uma lacuna aberta para a aparição do Hércules, talvez?) – exceto, claro, pela relação de Eden com um personagem do universo X, o que deve entrar no pantanoso e cinzento mundo dos direitos autorais vendidos para a Fox.
Mas de uma coisa, porém, a gente não duvida: que este grupo deva ter algum tipo de participação nos eventos de Capitão América: Guerra Civil. “Coulson e Skye estão começando uma nova equipe secreta de agentes com poderes, o que parece bastante com algo que eu conheço nos gibis como sendo os Guerreiros Secretos”, disse o próprio Clark Gregg aos nossos amigos do HeyUGuys, antes mesmo da Marvel assumir oficialmente que eles seriam parte da série. “Isso é muito empolgante porque é uma parte bacana e meio obscura da SHIELD – não de uma forma ruim – que se envolve muito com algumas das coisas que rolam ao redor de Guerra Civil, que é o terceiro filme do Capitão América que está rodando agora e que é um capítulo bem importante para a Marvel Comics”.
Interessante lembrar ainda duas coisas: a primeira é que, nos quadrinhos, a formação dos Guerreiros Secretos liderada por Daisy é o chamado “time branco” dos Catterpillars. O sempre neurótico e paranoico Fury mantém outras duas equipes em exercício para situações eventuais: o time preto (liderado por Alexander Pierce – sim, aquele mesmo do segundo filme do Capitão América) e o time cinza (que tem como líder Mikel Fury, filho de Nick que outrora atuou sob a alcunha do vilão Scorpio). Isso poderia ser uma surpresa lá pelo meio da temporada? Um segundo time de Guerreiros Secretos?
Outra parada, mais curiosa do que qualquer outra: quando os Guerreiros Secretos passam a não existir mais e Daisy é deposta do cargo de diretora da SHIELD e substituída por Maria Hill, surge uma espécie de derivação do mesmo conceito, os chamados Vingadores Secretos, um dos títulos mais divertidos da editora pré-Secret Wars. A equipe de Hill, que tem a memória apagada depois de cada missão, é formada por nomes como o Gavião Arqueiro, a Viúva Negra, a Harpia (também personagem da equipe de Agents of SHIELD), Nick Fury (outro filho do Nick original – mas este com a pele negra, exatamente como Samuel L.Jackson... nem pergunte) e o próprio Coulson, que passou a ser personagem frequente nos gibis depois do sucesso da série.
Saberemos (ou não) mais detalhes sobre esta terceira temporada durante o painel da divisão de TV da Marvel, que rola na San Diego Comic-Con no próximo dia 10 de Julho. A gente te conta tudo, claro. :D