Tem muito mais coisa pra ler nos gibis relacionada de uma maneira ou de outra no filme além da própria Guerra Civil ;)
SPOILER! Capitão América: Guerra Civil estreou aqui no Brasil e é um PUTA filme. Embora o título, tal qual os outros filmes da Marvel, seja mais por marketing e pra dar uma ideia da inspiração do que pelo fato de ser a adaptação do arco das HQs (e, gente, cês já deviam estar acostumados com isso), não tem como não querer ler ou reler a Guerra Civil dos quadrinhos. Pela ciência, que seja.
Faça isso. A história do crossover, publicado originalmente em 2007, é sensacional e merece a leitura, independente de qualquer coisa.
Mas, saiba você, essa não é a única HQ que inspirou o filme dirigido pelos Irmãos Russo. Tem muito mais coisa da Casa das Ideias que vale a leitura, incluindo histórias dos anos 60, 70, 90 e 2000... E nós fizemos uma seleçãozinha pra você ir atrás (ou, quem sabe, perceber uma relação / referência que não tinha se ligado quando assistiu). :)
!! Amazing Fantasy #15
Capitão América: Guerra Civil representa o fim de muitas coisas no Universo Marvel dos cinemas, mas também serve pra começar muitas coisas — como a nova jornada do Homem-Aranha, agora sob o controle criativo da Marvel Studios.
Nada mais justo do que voltar ao passado e ler Amazing Fantasy #15, que traz a primeira aparição do Homem-Aranha. Na história, extremamente simples e com apenas 11 páginas, conhecemos Peter Parker, um garoto de 15 anos que não é muito bom no contato INTERPESSOAL e se vê com grandes poderes após ser picado por uma aranha radioativa. Inicialmente ele tenta ganhar uns trocados na luta livre, mas, após ver o tio assassinado pelo assaltante que ele ignorou horas antes, descobre que ter superpoderes tem um preço – e não, a famosa frase “grandes poderes trazem grandes responsabilidades” não é dita pelo Peter, nem pelo tio Ben. Ela vem na fala do narrador – ou, se você quiser ser mais poético, vem do próprio Stan Lee.
Por mais que a origem do novo Aranha da tela grande não seja mostrada de novo (até porque você já sabe muito bem tudo o que acontece), qualquer justificativa é válida para ler um dos pontos mais importantes da história dos quadrinhos – e também pra rever a arte do grande Steve Ditko.
!! Ultimate Spider-Man #1-7
Não há muitos detalhes sobre o novo Cabeça de Teia dos cinemas, então não podemos LISTAR todas as influências da nova encarnação do Escalador de Paredes até lançarem Spider-Man: Homecoming. Mas uma coisa Guerra Civil já deixa claro: haverá uma grande influência da versão Ultimate do personagem.
Introduzida em 2000 por Brian Michael Bendis e Mark Bagley, essa versão do Aranha foi criada para um público mais jovem, sem amarras na cronologia clássica dos quadrinhos e com vários pontos modernizados. Peter Parker é, por exemplo, mais ligado à informática e tem tios mais jovens (tio Ben, por exemplo, ostenta uma LONGA CABELEIRA). Outro fato importante é que, no Universo Ultimate, o Aranha praticamente não envelhece, bem diferente da versão principal, que começou no colégio e, hoje, tem a própria empresa.
Outro detalhe importante é que a origem do personagem não é contada rapidamente: Bendis gastou as primeiras sete edições, no arco Power and Responsability, para construir não só o caminho de Peter para o Homem-Aranha, mas também toda a motivação do personagem. Depois, o gibi continuou com esse Escalador de Paredes mais inexperiente, que precisa das dicas de personagens com mais bagagem, como Nick Fury e, claro, Tony Stark – que, mais lá pra frente, chega a produzir um disparador de teias mais avançado para o pivete.
!! Fantastic Four #52-53
Outra primeira aparição de Guerra Civil é a do Pantera Negra. Não que precise de desculpa para ler um trabalho da dupla Stan Lee/Jack Kirby, mas essa é uma GRANDE justificativa para ler especificamente Fantastic Four #52 e #53, que são as edições da primeira aparição do herói africano, publicadaS em 1967.
Na história, o Quarteto Fantástico é convidado para conhecer o misterioso país africano de Wakanda. Lá, a equipe vê um país que consegue a união perfeita entre a tecnologia avançada e a natureza, além de conhecer T’Challa, Sua Majestade, que também atende pelo nome de Pantera Negra.
T’Challa então explica que existe um metal importante no país, chamado Vibranium, e que o explorador Ulysses Klaw invadiu o país para roubar o material, assassinando T’Chaka, o pai de T’Challa, no processo. Dessa forma, Wakanda passou a ter um novo rei – que é quem recebe o nome e o manto de Pantera Negra.
Klaw ataca novamente, agora com uma criatura feita de som sólido, a partir de uma máquina criada com vibranium. Com a ajuda do Quarteto, o Pantera Negra derrota o invasor e vinga a morte do pai.
Este foi o primeiro super-herói negro das HQs.
!! Captain America #180-184
Um dos pontos-chave do final de Capitão América: Guerra Civil é quando Steve Rogers desiste do escudo de vibranium criado por Howard Stark, depois de receber um “você não merece esse escudo” na fuça.
Como ficará o Capitão América sem um escudo?
Bom, nos gibis o Steve Rogers já renegou o EQUIPAMENTO algumas vezes. A primeira delas foi em dezembro de 1974, em Captain America #180, quando o herói se sente traído pelos EUA após ver o presidente (Richard Nixon, apesar a HQ não deixar isso muito claro) se alinhar com a organização terrorista Império Secreto. Desiludido, Steve assume o nome de Nômade, um herói sem qualquer patriotismo.
Quatro edições depois, após o afastamento de Nixon, Steve voltou a ser o Capitão América.
Será que poderemos ver o Nômade no cinema? Difícil, afinal a versão cinematográfico não abre mão do próprio país ou do título de Capitão América, apenas de um objeto intimamente ligado à um passado que, agora, se tornou doloroso. São pontos diferentes, mas vale a leitura. ;)
!! New Avengers #1-6
Em 2006, Brian Michael Bendis foi chamado pela Marvel para um novo desafio: recriar Os Vingadores. Apesar do nome reconhecido, Os Maiores Heróis da Terra não eram mais líderes de vendas há muito tempo, enquanto a versão Ultimate era um sucesso.
A abordagem de Bendis foi transformar a equipe numa Liga da Justiça da Marvel, com os heróis mais populares, e não exatamente aqueles que faziam sentido num contexto de time. Dessa forma, o roteirista introduziu personagens como Wolverine, Luke Cage e Homem-Aranha na formação da equipe, além de colocar uma participação do Demolidor no primeiro arco.
Pra justificar a união desse DREAM TEAM, primeiro a Casa das Ideias acabou com os Vingadores clássicos na saga A Queda. Depois, Bendis resgatou o conceito da Balsa, uma prisão para super-vilões que ele havia introduzido pouco antes em Alias, o gibi da Jessica Jones. Neste primeiro arco, vemos a prisão sendo atacada por Electro, que liberta diversos companheiros. Sem um time dos Vingadores para ser convocado, diversos heróis são chamados para conter os fugitivos. Depois, Steve Rogers percebe que o mundo precisa dos Vingadores e estrutura uma nova equipe a partir dos mascarados que atenderam ao chamado de emergência.
Seja pela qualidade das histórias ou pelo grupo reunido, os Novos Vingadores deram uma boa revigorada na popularidade dos Maiores Heróis da Terra.
Por que ler tudo isso agora? É simples: apesar do visual e da localização diferentes, a Balsa aparece em Capitão América: Guerra Civil. Porém, ao invés de ser a prisão de super-vilões, vira o local onde são colocados aqueles que se rebelaram contra o Tratado de Sokovia. Também é bom dizer que esta é a versão dos Vingadores ativa no começo da Guerra Civil dos quadrinhos, além de ser a primeira a admitir o Homem-Aranha como membro efetivo.
!! A Morte do Capitão América
Como você já leu aqui no JUDÃO, Steve Rogers foi morto logo depois de ser preso no final da Guerra Civil. Porém, trata-se de um arco muito maior – que, por mais que não tenha ido pra tela grande, vale a pena ser revisitado.
A HQ, escrita por Ed Brubaker e desenhada por Steve Epting, Mike Perkins, Luke Ross e Butch Guice, durou nada menos que 18 partes, publicadas entre Captain America #25 a #42. A primeira parte, chamada The Death of the Dream, traz não só a morte de Steve Rogers, como também os desdobramentos do assassinato do herói e a caça aos assassinos. Na segunda parte, The Burden Dream, Tony Stark (agora diretor da SHIELD) precisa lidar com o fato de que o legado do Capitão América deve continuar, independente do destino de Steve – ao mesmo tempo, o Caveira Vermelha articula politicamente para assumir o controle da Casa Branca e ainda sequestra Sharon Carter, que estava grávida do Bandeiroso.
Por conta disso tudo, Stark propõe que Bucky, até então o Soldado Invernal, se torne o novo Capitão América – o que ele aceita, desde que continue um agente independente, sem responder ao Homem de Ferrro, a SHIELD ou a Iniciativa.
Na última parte, The Man Who Bought America, vemos o Caveira Vermelha coordenando todas as ações do novo presidente dos EUA, transformando o país num fantoche do vilão. Além disso, descobrimos que seu plano era transferir a própria consciência para o filho do Steve, garantindo assim também superpoderes por conta do DNA modificado do pai. No meio desse caos, eventualmente a SHIELD e o novo Capitão América acabam com os planos do Caveira, mas Sharon perde o filho.
!! The Fallen Son: The Death of Captain America
Além do gibi principal, a Marvel publicou entre junho e agosto de 2007 a minissérie The Fallen Son, que traz a repercussão da morte de Steve Rogers entre os principais personagens do Universo Marvel. Escrita por Jeph Loeb e desenhada por um time com nomes como Leinil Yu, John Romita Jr e Ed McGuinness, a HQ pode não ser uma das melhores da Marvel, mas carrega na importância do Bandeiroso para a Casa das Ideias.
No total, são cinco edições, cada uma abordando um dos estágios do luto: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. No Brasil, a HQ foi publicada como Capitão América: Morre Uma Lenda.
!! Iron Man: The Iron Age
Outro ponto importante de Guerra Civil é o trágico destino de Howard e Maria Stark. Uma das vezes na qual a morte deles foi abordada nos quadrinhos foi na minissérie em duas partes Iron Man: The Iron Age, publicado em 1998.
A primeira edição é narrada pela Pepper Potts, recontando os primeiros momentos dela nas Indústrias Stark. Já a segunda tem como protagonista o Happy Hogan, que relembra quando Howard e Maria foram mortos em um acidente de carro – provocado pela Republic Oil, que pouco depois se reorganizaria como a Roxxon Oil.