Mas que show maravilhoso fez o Alice Cooper nesse Rock in Rio!

Show no exato sentido da palavra, a Titia conseguiu divertir qualquer um que estivesse no Palco Sunset — exatamente o contrário do que o Def Leppard fez no Palco Mundo

Todo ano é a mesma coisa com o Rock in Rio: “ai, mas é Rock ou Pop in Rio?”, “ai, mas como assim Rock in Rio se é em Lisboa?”, “ai, esse show deveria ter sido no outro palco”. Dessas três, uma é uma discussão extremamente babaca e atrasada, uma é questionável e a outra, bem... A outra é até bom que seja feita.

Nas edições Brasileiras, pelo menos, sempre tem aquela coisa de “tal banda deveria estar no Palco Mundo, não no Sunset” e vice-versa. Normalmente o comentário é baseado no gosto pessoal de quem faz e carregado de um certo preconceito, é verdade; mas acontece de isso se tornar fato, como o que aconteceu nessa quinta-feira, 21 de Setembro, na Cidade do Rock, o início da segunda semana do Rock in Rio 2017.

Alice Cooper encerrou as atividades do Palco Sunset com um dos shows, sem nenhum tipo de exagero, mais divertidos que já vi na minha vida. O tempo fez bom uso da velha Titia, que faz um uso ainda melhor do palco. Cheio de PROPS espalhados pra lá e pra cá, Alice Cooper fez trocas de roupa, subiu num “palquinho” pra ficar mais alto, dançou com uma boneca de pano (e sua versão humana), virou o Dr. Frankenstein, seu Monstro (um bonecão de Olinda que corria pra lá e pra cá no palco, sensacional), perdeu a cabeça, disse que todos ali eram seu veneno e, com bolas gigantes e coloridas — e a participação de Joe Perry, do Aerosmith, Arthur Brown e um pouco de The Wall, do Pink Floyd — declarou que a escola estava fechada pro verão.

Isso sem contar a hipnotizante presença de palco de Nita Strauss, a guitarrista que deveria explicar pro monte de tiozinho roqueiro de outras bandas e palcos como e QUANDO se deve fazer solos.

Ainda que se conhecesse pouca coisa além de No More Mr. Nice Guy, Poison ou School’s Out, era impossível ficar parado durante a apresentação, seja com os músculos da cara, impossíveis de segurar o sorriso, seja com as mãos pro ar batendo palmas ou fazendo os chifrinhos.

Um show que, no Palco Mundo e com toda sua grandiosidade — que, em determinado ponto e muito por conta dos desníveis que colocam a galera mais pro fundo quase que no fim de uma ladeira, permitindo que o show seja visto apenas pelo telão e sem o melhor som do mundo — conseguiria divertir a absolutamente TODOS que lá estivessem, fossem fãs ou não, até mesmo durante os solos... Ao contrário do que aconteceu com o Def Leppard.

Crédito: I Hate Flash

Eu confesso que não tinha noção de que eu conhecia tantas músicas da banda como o show mostrou pra mim. Foi uma sequência de “caralho, essa é deles!” seguida de uma cantoria vinda direta do coração (isso depois que me recuperei da surpresa do guitarrista fortão e careca). Mas... Por mais que muita gente ali também pensasse nisso, a apresentação — realizada, enfim, tantos anos depois de prometida — era intimista demais pra um palco, e público, como aquele.

Tentei ficar o mais próximo do palco no início, mas não parecia fazer sentido sem todo um clima de show de rock. A única pessoa que dançava e pulava, do meu lado, parecia completamente deslocada, ainda que estivesse absolutamente certa de curtir daquela maneira. Ali na frente, era um mar de camisetas “Property of Aerosmith” e desinteresse que dominava, a ponto de eu tentar ir a um lugar em que não só eu pudesse assistir ao show um pouco melhor (cara, esses desníveis fodem e MUITO a experiência), como também pudesse CURTIR.

Caminhando em busca de um lugar um pouco mais tranquilo, tive de tomar muito cuidado pra não tropeçar nas pessoas sentadas, deitadas, cansadas e dormindo que se espalhavam pelo chão como se ali fosse a casa delas e como se não tivesse rolando nenhum tipo de show. Entendo que elas estavam mesmo esperando o Aerosmith, ok. Mas além de provar que o Def Leppard não ENTRETÉM nem um oitavo do que entretém Alice Cooper, prova também que EMPATIA com o resto das pessoas que por ventura quisessem assistir ao show ou simplesmente caminhar por ali não é o forte dessa galera.

Uma pena, em diversos sentidos.

Foi minha primeira vez em um festival, foi minha primeira vez em um Rock in Rio. Ainda assistirei a diversos outros shows tanto no Palco Mundo quanto no Palco Sunset até o próximo domingo, mas espero que tanto as bandas quanto os organizadores acertem mais os tipos de shows e públicos que pretendem atingir. Não é só porque pode que deve ir pro grande palco da noite.

Tirando a Anitta. Porque ela não só pode como deve. :)