Quem é a vilã de Mulher-Maravilha 2?

Confirmada como a vilã de Mulher-Maravilha 2 e interpretada por Kristen Wiig, ela é a maior inimiga da Princesa Amazona, aquela que a gente tava esperando até no primeiro filme

Se depois de assistir ao primeiro filme da Mulher-Maravilha, assim, enquanto os créditos ainda tavam subindo e a gente tava com aquele sorriso idiota na poltrona e querendo ver mais, a vontade de ter uma continuação nos cinemas tipo AMANHÃ só aumentou com o anúncio — feito pela própria Patty Jenkins, no Twitter — de que a ótima Kristen Wiig, que você talvez conheça do Saturday Night Live mas deveria conhecer dos vários filmes que ela já fez, especialmente os que não são comédia, será a vilã do filme.

E não será uma antagonista qualquer, não: na real, ela vai ser a principal inimiga da Diana Prince nas HQs — aquela que, aliás, os leitores meio que até já esperavam ter visto na primeira produção dirigida por Patty Jenkins. Tamos falando da Cheetah, mais conhecida por estas bandas como Mulher-Leopardo, que podemos muito bem dizer que é uma espécie de Lex Luthor ou Coringa da Mulher-Maravilha.

“Estou muito empolgada em confirmar a notícia mais incrível”, afirmou a diretora. “Sim, é verdade! Somos muito sortudos em poder dar as boas vindas à sensacionalmente talentosa Kristen Wiig como parte da nossa família Mulher-Maravilha. Mal posso esperar para finalmente trabalhar com uma das minhas favoritas — e muito animada com tudo que planejamos”.

Se a sua única referência dos personagens da DC que não são, basicamente, Batman e Superman, ainda é o desenho dos Superamigos, basta lembrar que a Mulher-Leopardo, metade humana e metade felina, era integrante da chamada Legião do Mal, aquele grupo de vilões que vivia atormentando a vida da Liga da Justiça — ao lado de nomes como Bizarro, Lex Luthor, Capitão Frio, Charada, Sinestro...

A primeira encarnação da vilã surgiu em outubro de 1943, em Wonder Woman #6, cortesia do próprio criador da Princesa Amazona, William Moulton Marston. Na época, ela era Priscilla Rich, uma garota de família rica (AHÁ!) que sofria de um imenso complexo de inferioridade e pra complicar ainda tinha dupla personalidade. Em um evento de caridade no qual seria a estrela, a Mulher-Maravilha acabou dando as caras e fez Priscilla se sentir humilhada. Em seu quarto, num momento total Duende Verde no primeiro filme do Homem-Aranha, ela se olha no espelho e vê uma mulher vestida de leopardo. “Não me conhece? Eu sou a caçadora que vive dentro de você!”. Então, a jovem faz um uniforme meio Kraven e se torna uma vilã, que se manifesta sempre que sua outra personalidade entra no comando.

Fazendo uso apenas de suas habilidades atléticas, Priscilla foi uma pedra na bota de Diana durante muito tempo, por mais que tenha, inclusive, pedido ajuda e passado um tempo em Themyscira para tentar aprender a controlar sua persona selvagem, o que acabou não dando muito certo.

Nos anos 80, sob a batuta de Gerry Conway, nós acabamos descobrindo o paradeiro da 1a Mulher-Leopardo: aposentada da vida de crimes e exilada em sua mansão. Só que, em Wonder Woman #274, quem também descobre seu destino é o vilão Kobra, que tava no barato de montar uma organização de supercriminosos fantasiados e foi atrás da felina. O que encontrou, porém, foi uma senhora reclusa e praticamente inválida. Seus capangas, porém, acabaram encontrando, quase que sem querer, sua sobrinha, Deborah ‘Debbie’ Domaine, igualmente linda e igualmente rica. A jovem se sentia culpada por sua fortuna, sem fazer mais nada pelo planeta, e acabou se tornando uma ativista ecológica — cuja intensa atividade em ações pelo meio-ambiente a fez até se tornar amiga da Mulher-Maravilha.

Só que a gangue do Kobra não quis nem saber: pegaram o antigo uniforme de Priscilla, sequestraram Debbie e ainda esfregaram na cara da garota o passado sombrio de sua amada tia. “Já que não podemos seguir com a original, decidimos fazer uma recriação”, disse o vilão, numa versão mais requintada para o clássico “não tem tu, vai tu mesmo”. Torturada e vítima de uma lavagem cerebral, ela ganha uma versão atualizada da roupa de Mulher-Leopardo, com direito à afiadas garras de aço, lutando não apenas contra Diana mas também contra a Liga da Justiça e a Sociedade da Justiça da América.

Só que aí, amiguinhos e amiguinhas, veio a tal da Crise nas Infinitas Terras, a arrumação da DC em toda a bagunça cronológica de sua história. E tudo mudou. Deborah saiu do circuito — sim, ela era a sobrinha de Priscilla, coisa e tal, mas apenas uma mera coadjuvante, que nunca foi a Mulher-Leopardo. Sua tia, no entanto, sim, atuou como a supervilã, mas lutando não contra Diana e sim contra a versão 1 da Mulher-Maravilha, aquela da Era de Ouro, que na verdade era a Rainha Hipólita em pessoa lutando pela justiça no mundo dos homens.

Os anos se passaram e rolou aquele mesmo esquema, Priscilla tornou-se uma velha senhora buscando tranquilidade, ainda que não inválida. Mas ela acaba sendo morta pela NOVA Mulher-Leopardo, convencida de que teria que eliminar a sua antecessora, ainda que aposentada da vida de crimes, para que pudesse ser a única a envergar este nome em vida. A responsável pelo assassinato foi Barbara Ann Minerva, surgida em agosto de 1987, na revista Wonder Woman Vol. 2 #7, criação da dupla Len Wein e George Pérez — e que podemos considerar como sendo a mais icônica versão da personagem e que, provavelmente, deve ser aquela que vai dar as caras nos cinemas.

Barbara era uma espécie de Lara Croft: herdeira de uma vasta fortuna, ela desenvolveu um gosto peculiar pela arqueologia, rodando o mundo em busca de uma série de artefatos raros. Ambiciosa, ela sempre queria mais e mais, até que suas buscas a levaram a uma tribo africana protegida por uma guardiã com poderes de um — ADIVINHA SÓ? — leopardo. No meio do caminho, entra um bando de saqueadores, que não só matam a tal guardiã na qual Barbara estava interessada mas também praticamente todos os integrantes de sua expedição. Salva por Chuma, sacerdote do ancentral deus planta Urzkartaga, Barbara bebe uma mistura de sangue humano com os frutos de Urzkartaga para ganhar os poderes e assumir o lugar da guardiã. Mas o grande problema aí: para o papel da Mulher-Leopardo, seria necessária uma mulher virgem (ah, os gibis dos anos 80). E como este não era o caso de Barbara, sua transformação se torna uma espécie de maldição, porque ela sente dores terríveis quando em sua forma humana e, assim que assume a forma felina, é consumida por uma terrível sede de sangue.

Sim, essa aí é a principal diferença desta Mulher-Leopardo para as outras: não se trata de alguém vestindo uma roupa com pintas de leopardo. É uma espécie de LICANTROPA que realmente se transforma num híbrido de humano e felino, com direito à sentidos aguçados, força e agilidade ampliados, capacidade de enxergar no escuro, garras e dentes afiados, o pacotão completo. E com a ajuda de Zoom, o inimigo do Flash com quem tem um caso durante algum tempo, Barbara ainda consegue ampliar mais a sua velocidade, bem mais do que seria no caso das habilidades proporcionais de um leopardo.

O seu interesse por Diana, no entanto, surge inicialmente por causa do lado arqueóloga, graças ao Laço da Verdade que a heroína carrega consigo. Primeiro, ela tenta enganar a Mulher-Maravilha, se aproximando dela de um jeito sutil, prometendo encontrar um outro artefato feito do mesmo material que o laço. Mas quando suas verdadeiras intenções se revelam, seu lado Cheetah aflora e a luta pega fogo. Ao longo dos anos, seu ego ferido acaba se tornando um motivo muito maior do que aquele laço dourado para que ela tente derrotar a amazona. O que ela quer é provar que é melhor, mais forte, mais poderosa.

Os Novos 52

A comparação que eu fiz lá em cima com Pantera Negra novela Fera Ferida Lex Luthor e Coringa não é por acaso. Assim como acontece com os arqui-inimigos do Batman e do Superman, a Mulher-Leopardo desenvolve uma relação menos óbvia com sua algoz, uma espécie de amor e ódio, de honrado respeito por baixo dos ataques ferozes. Tanto é que, em determinadas situações, as duas chegam a se aliar depois que a Mulher-Maravilha salva a vida de Barbara em Pan Balgravia, país dos Balcãs liderado pelo Barão Von Nastraed — que estava ajudando um demônio de outra dimensão a encontrar uma mulher metahumana que pudesse servir como hospedeira para a sua noiva, igualmente demoníaca.

Nos últimos anos, a DC manteve Barbara como a Mulher-Leopardo titular — à exceção, claro, de um momento bastante peculiar (para não dizer “vergonhoso”) no qual o empresário argentino Sebastian Ballesteros, amante da feiticeira Circe, convence o deus Urzkartaga de que sua antecessora falhou muitas vezes e ele deveria ser o novo Cheetah. Mas claro que Barbara o mata e ganha novamente o direito de ser a Mulher-Leopardo (vamos lembrar aí ao nosso simpático deus planta que tinha uma regra de que precisava ser mulher e virgem pra se tornar digno dos tais poderes, né).

Mas, ainda que Barbara seja a Mulher-Leopardo atual, sua origem já passou por duas outras revisões. Em 2011, com o lance todo dos Novos 52, temos uma expert em relíquias antigas que cresceu em uma comuna de mulheres batizada de Amazonia. De posse de uma adaga que teria pertencido a uma antiga tribo de amazonas, ela se corta e acaba sendo possuída pela Deus da Caça, que a transforma em um híbrido de humano e leopardo. Qual é o lance? Por séculos, as caçadoras da tal tribo caçavam ao lado dos leopardos e, a cada geração, uma delas era escolhida pra ser hospedeira da Deusa da Caça. Mas até que um dia a hospedeira foi assassinada e a faca usada para matá-la acabou amaldiçoada.

Rebirth

Tá fácil? Não tá não, porque com o Rebirth/Renascimento de 2016, a moça ganhou OUTRA origem diferente (sim, a gente sabe que é complicado acompanhar estas porras, depois os caras reclamam e dizem que “ai, a culpa é da diversidade”). Mas aqui a gente tá falando de algo mais próximo da primeira: Barbara Ann Cavendish sempre teve interesse em mitologia, por mais que fosse desencorajada pelo pai, que dizia que era bobagem. Ela cresceu e, aos 26, já falava 7 línguas e tinha 2 PhDs em arqueologia. Então, adotou o sobrenome de solteira de sua mãe, Minerva. Numa escavação na Ucrânia, encontrou a prova da existência das amazonas, mas tudo desmoronou sem que ela pudesse trazer nada consigo. Após mais uma missão fracassada no Mar Negro, a especialista foi convocada pelo exército americano para ajudar uma certa Princesa Diana – uma mulher superpoderosa que ajudou a salvar a vida do oficial Steve Trevor.

Não só Barbara entendia o que Diana falava e se tornou sua intérprete como também foi a responsável por ensiná-la a falar inglês. Ambas se tornaram amigas e, a cada aventura, se tornava mais e mais obcecada com as divindades. Até que descobriu o tal do Urzkartaga e, com o apoio da milionária Veronica Cale, segue numa expedição para o país africano de Bwunda, onde estariam seus seguidores. O lance é que Cale estava sendo chantageada por Phobos e Deimos, filhos de Ares, para que a empresária descobrisse a localização de Themyscira em troca da alma de sua própria filha. E nada melhor do que ter a melhor amiga mortal da Mulher-Maravilha em mãos para fazer isso... No fim, o GPS que ajudaria a heroína a localizar a amiga acaba sendo desligado remotamente e ela então se torna a Mulher-Leopardo de Urzkartaga, culpando a Mulher-Maravilha pela transformação e pela fome canibal que toma conta dela.

A Mulher-Maravilha até consegue encontrá-la, anos depois, derrotando Urzkartaga e ajudando a amiga a retornar à forma humana. Mas depois Barbara é forçada por Cale a assumir a forma de Cheetah mais uma vez e, diante dos portões da prisão de Ares, declara seu ódio aos deuses e às amazonas. E tá fechado o ciclo contra Diana mais uma vez.