A história de um dos maiores chicletes da cultura pop | JUDAO.com.br

Sim, é exatamente a canção que está tocando na sua cabeça nesse momento ;)

Todo bom tokusatsu que se preze, seja ele um super sentai de múltiplos guerreiros coloridos, um metal hero espacial de armadura brilhante, ou mesmo o bom e velho kamen rider de super-heróis insetoides, precisa de uma música de abertura marcante. E quando estamos falando das produções originais japonesas, geralmente a canção é um hard rock daqueles bem grudentos, com um riff de guitarra que não sai nunca mais da cabeça – que o diga a superbanda nipônica JAM Project, conhecida especialmente por estes trabalhos.

Quando a Saban Entertainment resolveu investir nos Power Rangers e costurar o seu próprio super sentai Made in USA, trataram de seguir a fórmula à risca. Logo, era preciso ter uma abertura marcante também, preferencialmente nos mesmos moldes do que rolava do outro lado do mundo. Então, em 1994, eis que seria oficialmente gravada Go Go Power Rangers, aquela faixa cujo refrão está tocando imediatamente na sua cabeça a partir deste momento, cortesia de um certo Aaron Waters e sua banda, The Mighty RAW, que assinam os créditos da música.

Na verdade, perdoem por destruir seus sonhos de infância, mas The Mighty RAW é uma banda que não existe. E, para ser bem franco, nem o tal de Aaron Waters. Go Go Power Rangers é originalmente obra do músico Ron Wasserman.

Colaborador do braço de música Saban durante longos seis anos, desde 1989 ele compôs uma porrada de coisas pros caras, incluindo aquela abertura do desenho animado dos X-Men, lá nos anos 90. Mas por que diabos Aaron Waters mesmo? Porque a Saban queria que as pessoas pensassem que tinha mais do que apenas um único sujeito fazendo suas trilhas. Aí ele buscou seu nome do meio, misturou com a tradução de seu sobrenome, que em alemão quer dizer “água corrente”, e bingo, tava armado o circo. O nome estiloso de uma banda com todo o jeito de farofa foi só a cereja do bolo, pra complementar.

A história da composição, na real, tem muito pouco glamour. Certo dia, viraram pro cara e falaram: “temos uma nova série aqui e precisamos de uma abertura. Quer ver do que se trata? Toma aqui”. E aí o Ron conseguiu assistir a um vídeo com as primeiras imagens do programa. “Só que tem mais. Você precisa usar a palavra Go, de qualquer jeito. Boa sorte!”.

Mais ou menos duas horas depois, a música tava pronta. ¯\_(ツ)_/¯

Go Go Power Rangers foi utilizada na íntegra durante três temporadas, como abertura da série original, Mighty Morphin Power Rangers. Surgiriam diferentes arranjos, com trechos da letra alterados para se adequar às versões seguintes, como Power Rangers Megaforce, Power Rangers Super Megaforce e Power Rangers Dino Charge.

Mas, desde 2011, a partir de Power Rangers Samurai, os temas passaram a ser variados de um cover da primeira versão, composto pelo israelense Noam Kaniel. O nome pode não significar nada pra você assim, de bate-pronto, mas estamos falando do responsável pelas faixas que abrem os trabalhos de desenhos animados que marcaram a infância de um bocado de trintões, como He-Man e She-Ra.

Go Go Power Rangers teria ainda algumas versões bastante interessantes ao longo dos anos. Em 1995, por exemplo, quando foi lançado o primeiro longa-metragem dos personagens, a Saban aproveitou uma trilha sonora interessantíssima (muito melhor do que o próprio filme, aliás) com direito a Devo, Red Hot Chili Peppers, Van Halen e They Might Be Giants e refez o seu tema clássico.

Os responsáveis foram uma certa The Power Rangers Orchestra, um verdadeiro supergrupo formado por caras como Eric Martin (vocalista do Mr.Big), Tim Pierce (guitarrista de estúdio de Rick Springfield), John Pierce (baixista do Pablo Cruise), Matt Sorum (baterista do Guns n’ Roses/Velvet Revolver) e o tecladista Kim Bullard, da banda de Elton John.

A resultado é bem interessante. :D

Mas, em 2012, Wasserman deu um tempo de sua própria banda, o Fisher (duo independente de pop rock que conseguiu um contrato com uma gravadora depois do enorme sucesso no site MP3.com, lembra disso?), e voltou à faixa que o consagrou.

Surgiria então o álbum Power Rangers Redux, lançado em formato digital, no qual ele reúne regravações de diversas canções da série, incluindo, obviamente, Go Go Power Rangers.

“As gravações originais foram feitas muito, mas muito rápido, pra manter o cronograma de produção que era bem apertado”, afirmou ele, em comunicado oficial, quando liberou o material. “Eu queria muito usar a tecnologia atual, além dos meus mais de 20 anos de experiência como produtor, para dar uma pegada mais forte na performance, fazendo com que ela ganhe uma energia que combina mais com os dias de hoje”.

Olha... a diferença não é LÁ muito grande, mas vale ouvir pra tirar suas próprias conclusões.