A decisão foi tomada por conta dos exibidores que, com medo das ameaças feitas pelos terroristas, resolveram não mais exibir o filme (inclusive no Brasil). Enquanto isso, Inteligência dos EUA conclui que o governo da Coréia do Norte é diretamente responsável pelos ataques… E a Sony resolve liberar o filme, de qualquer jeito.
ATUALIZADO! Papai Noel já começando a vestir as botas e a Sony resolve colocar mais uma caixa no saco do Bom Velhinho: na tarde desta terça-feira, 23, o estúdio LIBEROU que alguns cinemas exibam A Entrevista — o Alamo Drafthouse, que foi quem inventou a história de exibir Team America no lugar, por exemplo, já confirmou que no dia 25 terá sessões do filme. :)
Ainda de acordo com o Hollywood Reporter, o filme deverá também ser lançado em VOD, em uma plataforma e data ainda a serem confirmadas. BOOM!
Será que eles venceram só uma batalha?
“Por conta da decisão maioria dos nossos exibidores de não mostrar o filme A Entrevistas, nós decidimos não seguir em frente com o lançamento planejado em 25 de Dezembro e, claro, compartilhamos o interesse soberano na segurança dos funcionários e espectadores”. E, dessa maneira, a Sony Pictures cancelou a estreia de A Entrevista nos cinemas.
No comunicado oficial liberado para a imprensa nessa quarta (17), o estúdio afirma ter sido “vítima de um ataque criminal sem precedentes” que atingiu seus funcionários, clientes e a empresa, “tudo aparentemente para frustrar o lançamento de um filme que eles não gostaram. Estamos muito tristes com esse esforço descarado de reprimir a distribuição de um filme e, no processo, prejudicar nossa companhia, nossos funcionários e o público Americano. Nós ficamos do lado dos nossos cineastas e o direito deles à livre expressão e estamos extremamente desapontados com esse resultado”.
No último dia 16, terça, o tal do grupo que assumiu a responsabilidade pela invasão afirmou que iriam mostrar “claramente no momento e lugares em que A Entrevista for exibido, incluindo a premiere, quão azedo é o destino ao qual aqueles que buscam diversão no terror deveriam estar amaldiçoados”, prometendo algum tipo de ataque que lembraria a todos o dia 11 de Setembro de 2001 e pedindo pra que ninguém fosse aos cinemas e, quem morasse perto, que saísse de casa.
Nas horas que se seguiram, Regal Entertainment, AMC Entertainment, Cinemark, Carmike Cinemas e Cineplex Entertainment (responsável pelo ArcLight Cinemas, da Califórnia) anunciaram que não mais iriam exibir o filme, no que foram apoiadas na decisão pela Sony — mesmo com o Departamento de Segurança Interna dos EUA ter afirmado que “não há nada que indique um plano ativo contra cinemas dentro dos EUA”.
“A possibilidade de nossos visitantes curtirem o entretenimento que escolherem, com segurança e conforto, é e continua sendo prioridade para os donos de cinema”, afirmou em comunicado oficial a Associação Nacional dos Donos de Cinema (NATO, na sigla em Inglês). “As autoridades nos garantiram que fizeram progresso na sua investigação e esperamos pelo momento em que os responsáveis sejam apreendidos. Até lá, os operadores de cinema podem decidir se adiam a exibição do filme para que nossos clientes possam curtir essa temporada de festas com tantos outros filmes que temos a oferecer”.
Pra se ter noção do que isso significa: Regal, AMC, Cinemark e Carmike representam quase metade das telas de cinema dos EUA, que são estimadas em cerca de 40.000 (QUARENTA E FUCKING MIL).
Os EUA acusaram formalmente a Coréia do Norte como responsáveis pelo ataque à Sony — e ainda afirmam que a China pode estar envolvida, já que podem ter sido usados servidores dentro do país pra que eles fossem realizados. A ameaça feita pelos terroristas colocou a empresa numa situação impossível de sair vencedora. “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. Se mantem a estreia do filme, normalmente, e alguma coisa acontece — diretamente ligada ou por conta da ação de um copycat / maluco / psicopata — eles seriam diretamente responsabilizados; ao ceder, mostram que os “Bad Guys” vencem e ainda por cima criam um precedente perigosíssimo pra um dos principais produtos de exportação dos EUA.
E, como pudemos perceber, apesar de inicialmente terem mantido a posição de estrear o filme em 25 de Dezembro, a Sony se viu forçada pela decisão dos cinemas a “abaixar a cabeça”. Se viu forçada ou aproveitou o escudo.
Hora de questionar se a Sony é que é a mais afetada com essa história a longo prazo — ou a indústria como todo. Pyongyang, filme baseado na graphic novel de Guy Delisle (lançada no Brasil pela Zarabatana Books em 2007) que conta a história de um ocidental que acaba trabalhando por um ano na Coreia do Norte, foi cancelado pela New Regency.
De acordo com o Wrap, o filme, que seria estrelado por Steve Carell e dirigido por Gore Verbinski, começaria a ser produzido em Março do ano que vem. “Um dia triste para a expressão criativa”, disse Carell no seu twitter, usando a hashtag #feareatsthesoul (o medo consome a alma).
Na tarde dessa quarta, a Variety informou que a Sony estava pensando em lançar o filme em “Premium Video-on-Demand” o que, além de evitar um prejuízo maior (o filme custou US$ 42 Milhões, mais o tanto relacionado às campanhas de divulgação), poderia fazer com que eles testassem esse esquema de lançamento simultâneo nos cinemas em VOD, algo que costuma irritar os principais exibidores por motivos óbvios. Mas, segundo o Deadline, por tempo indeterminado, o filme está morto e não deverá ser lançado oficialmente de jeito nenhum. “Não há nenhum outro plano para o lançamento do filme”, disse um porta-voz da empresa ao site.
No comunicado oficial, o estúdio é bastante claro ao afirmar que resolveram não mais lançar o filme no dia 25 nos cinemas, deixando em aberto duas possibilidades: a de lançamento em VOD, nos iTunes da vida, e a de que a estreia do filme poderia acontecer em outras datas.
No Brasil, por exemplo, a estreia estava prevista para o dia 29 de Janeiro e, na tarde dessa quarta, foi lançado um novo pôster nacional do filme, mostrando que, pelo menos por aqui, estava tudo bem.
Porém, na manhã desta quinta-feira (18), a Sony Pictures do Brasil informou ao JUDÃO que o “lançamento do filme no Brasil está suspenso até segunda ordem”, mostrando que a não existência de “nenhum outro plano para o lançamento do filme” é em escala global — e ainda corrobora as informações do editor-executivo do Hollywood Reporter, Matthew Belloni, de que a decisão de não lançar o filme de jeito nenhum tem a ver com seguro: somente a perda total garante a cobertura.
Sem os principais exibidores, o que poderia significar um prejuízo ainda maior (estima-se em cerca de $100 Milhões os gastos com o filme, somando produção e marketing), pode ser aliviado com o seguro. Mas, pra isso...
Embora nenhum jornalista tenha recebido a mensagem, como estava acontecendo quase que diariamente até a última terça (16), quando o que era apenas um ataque hacker se tornou oficialmente terrorismo, aparentemente a Sony recebeu um e-mail que, de acordo com a CNN, foi enviado pelos tais dos Guardiões da Paz, baseado nos padrões das outras que foram enviadas, na noite dessa quinta (18), entitulado “Message from GOP” e afirmando que a decisão foi “muito sábia”.
“Agora nós queremos que vocês nunca permitam que o filme seja lançado, distribuído ou vazado de nenhuma forma de, por enquanto, DVD ou pirataria”, diz a mensagem que uma fonte dentro do estúdio enviou à CNN. “E nós queremos que tudo relacionado ao filme, incluindo seus trailers, assim como a sua versão completa, seja retirado de qualquer website que o estejam hospedando imediatamente”. “Nós ainda temos seus dados privados e sensíveis (...) e garantimos a segurança deles a não ser que vocês criem mais problemas”
Aparentemente, então tá tudo bem... Por enquanto. Porque o filme vai, eventualmente, ser lançado, oficialmente ou não. Poderia até mesmo ser lançado em Blu-ray ou VOD, já que eles não devem nem fazer ideia que essa tecnologia existe e só não querem que vaze ou seja distribuído em DVD e por pirataria. E porra, querem mesmo que tirem os vídeos da internet? Nem Hollywood consegue isso... ;D
Mas, brincadeiras a parte, essa mensagem mostra uma mudança de tom e talvez, de fato, as ameaças de ataques ao cinema tenha sido só um blefe, como afirmou o FBI, já que agora eles só ameaçam a divulgação de mais e mais dados. O problema é que o estrago já está feito.
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