Amigos, já peço desculpas. Mas eu tive uma experiência muito bizarra nessa sexta-feira (10) e não consegui resumir nada. Eu tava cansada, já era tarde, mas eu tô tão feliz que queria contar TUDO. :D
Acordei cedo, bem cedo. Não era nem 7h da manhã e eu já tava mais ou menos em pé — meu primeiro compromisso nesse segundo dia de San Diego Comic-Con era um café da manhã e entrevistas com produtores e elenco de Fear the Walking Dead (em breve tudo o que rolou por lá aqui no JUDÃO). Era cedo, mas eu sabia que teria um dia cheio. Eu não tinha a MENOR IDÉIA do que me esperava no final dele.
Após quase que um dia inteiro dentro do Hall H, acompanhando os paineis de The Walking Dead e Game of Thrones, já era fim de tarde (e de bateria, e de energia...) quando chegou a hora do painel mais aguardado do dia, Star Wars: O Despertar da Força. Com as revelações do diretor do spin-off do Han Solo (Phil Lord e Chris Miller, de Uma Aventura LEGO) e do Episódio IX (Colin Trevorrow, de Jurassic World), além da D23 Expo virando a esquina, ficava aquela dúvida: o que sera que tá vindo pra gente?
A hora parece que não passa. O público grita, começa a ensaiar uma OLLA, canta “let’s go Star Wars” batendo palminhas (no estilo cheerleader que a gente vê nos filmes de adolescentes)... e nada! O relógio marcava bem mais de 17h30 quando a ansiedade de saber o que a Lucasfilm tinha pra nos trazer iria acabar. Chris Hardwick (que trabalhou como ninguém nessa Comic-Con, hein?) entra e antes de introduzir os convidados, ele abre o coração, dizendo o que todos ali presente com toda certeza compartilham: o quão foda era estar ali e como aquele momento que estávamos prestes a presenciar era uma oportunidade única em nossas vidas. Que daqui a anos, estaríamos velhinhos contando aos nossos netos, pela quinquagésima vez, como foi estar no painel de Star Wars, lá em 2015.
As palmas da galera queriam mesmo dizer era um “fuck yeah!”. E esse sentimento de carinho pela franquia e de como ela faz parte de cada um de nós, foi demonstrado durante o painel inteiro, com o público declarando seu amor e compartilhando com todos histórias especiais que aconteceram graças ao filme, também através de quem tava ali em cima do palco. A linda da Kathleen Kennedy já chegou avisando que Star Wars é 100% dependente dos fãs desde 1976 (quando rolou o primeiro painel na Comic-Con) e que por isso queria agradecer à todos ali presente. Lawrence Kasdan lembrou que o gênio que trouxe todos até ali era George Lucas e que quando eles conseguiram convencer o JJ Abrams a embarcar nessa jornada, ele foi à loucura de felicidade!
Star Wars é só amor, gente! <3
JJ contou histórias de sua vida, relembrando o quão fã de Star Wars ele é, desde criança, e diz que não tem nada de normal em escrever um filme com Lawrence Kasdan, e ao mencionar que mostrou uma das cenas do filme para John Williams, o compositor das músicas que todos conhecemos, disse que aquilo também não era normal e que, aliás, não havia nada de normal nas coisas que estão acontecendo — “como assim eu mostrei cenas de um Star Wars que John Williams nunca viu?”. Porém, mesmo sendo fã, Abrams não podia se deixar levar pela empolgação de estar ali, pela nostalgia, e deixar a coisa toda cegá-lo. Como ele disse, apesar de a Millennium Falcon ser A FUCKING MILLENNIUM FALCON, apenas filmá-la não faz uma boa cena. Ele precisa pensar além; o que a cena conta, o que o personagem quer...
Se tudo que sai da boca dos três na bancada é motivo de histeria, imagina o que começa a sair do palco? Ao mostrar um video de uma campanha da UNICEF, o pessoal comenta que, ao contrário das prequências, O Despertar da Força não vai ficar só no CGI focará em efeitos práticos e robótica. Eis que então surge em cima do palco o personagem que estava sendo mostrado no tal video, Bobbajo.
Meu queixo foi parar no meu pé. Me senti uma criança de 5 anos vendo aquela criatura vindo na minha direção. Eu queria que todo mundo estivesse ali comigo. :D
Quem também tava ali, em carne e osso, era o nosso querido Chewie, Peter Mayhew, sentado na plateia, como qualquer um daqueles outros 6999 pessoas ali dentro. O Hall H veio a baixo!
Mas a galera ainda queria vídeos. Chris Hardwick apenas verbalizou o que todos pensávamos naquele momento: cadê os videos pelamordideus!? Abrams, que afirmou que já tem uma versão do filme pronta, afirmou que o próximo trailer só sai entre Setembro e Novembro, MAS ele tinha sim algo pra mostrar... E ele mostrou isso aqui.
BICHO, eu tava indo bem. Passei ilesa até pelos depoimentos de Mark Hammil e Carrie Fischer, mas quando veio aquele “action!”, seguido de explosão e a Marcha Imperial tocando à toda altura dentro de um Hall H lotado de pessoas enlouqecidas, as lagriminhas começaram a correr. E não vai achando que eu fui a única! Ao acenderem as luzes a galera que tava ali na área de imprensa começou a se olhar e todo mundo confessando, ao mesmo tempo, que chorou, sentindo conforto por saber que estávamos todos no mesmo barco.
Antes mesmo de deixar a galera se recuperar, entram no palco os herois do filme, Oscar Isaac, John Boyega e Daisy Ridley, que foram perguntados pelo público como foi contracenar com os atores da trilogia original. Diante de uma foto sua pilotando uma X-Wing, Isaac afirmou que foi conversar com Harrison Ford sobre pilotagem mas não deu muito certo, simplesmente porque o cara não é Harrison Ford à toa: “É tudo fake, é no espaço, não tem nada a ver”.
Boyega contou que foi jantar com ele e, quando o garçom perguntou se por acaso ele era mesmo Harrison Ford: “Eu costumava ser”. ¯\_(ツ)_/¯
O papo continuou e o elenco responsável pelo Lado Negro da Força foi chamado ao palco. Adam Driver (Kylo Ren), Domnhall Gleeson (General Hux) e Gwendoline Christie (Capitã Phasma) foram recebidos com bastante entusiasmo e gritaria do público. Pela empolgação, eu diria que se Darth Vader convidasse, mais da metade do Hall H não pensava duas vezes e partia pro Dark Side facinho!
Gwendoline comentou sobre a sua stormtrooper badass, dizendo que amou o fato de haver uma mulher embaixo daquela armadura cromada que não é julgada pela sua aparência; Domnhall Gleeson acabou falando demais, ao dizer que seu personagem comanda a Starkiller Base, o quartel-general da Primeira Ordem (Primeira Ordem é o “novo nome” do Império e Starkiller é o sobrenome ORIGINAL de Luke, como George Lucas escreveu numa das primeiras versões do Roteiro); Adam Driver pouco falou, mas não quis dizer que seu personagem era um vilão, mas sim alguém que quer estar certo. “Qual a diferença de ser do mal e estar certo?”.
Profundo.
Mas assim... O elenco principal do novo filme estava ali, mas ainda haviam três cadeiras vazias na mesa. É normal isso, especialmente em paineis com menos gente, mas... Só três, porque deixar vazio, né gente?
Então veio a Princesa Leia, Carrie Fisher — que, ao lado de Gwendoline Christie, consegue parecer menor que um Hobbit –, comentando que estar de volta é como um “flashback de ácido” (!); na sequência veio Mark Hammil, com uma foto do tal primeiro painel de Star Wars na Comic-Con, em 1976, no telão, dizendo que se sente amigo de todo mundo que é fã de Star Wars, porque todos tem uma história comum pra contar. E aí... Sério, eu achei que o povo tinha se descabelado ao ver Leia e Luke, mas não chegou nem perto do ALVOROÇO causado por Harrison Ford, em sua primeira aparição pública desde o acidente que sofreu, em Março. Ele entrou, abraçou os amigos (“Eu ainda te amo!”, “Eu sei”), sentou, tentou falar e... não dava! Nem ali na área da imprensa a gente conseguiu se controlar. Como Chris Hardwick falou no inicio: momento de guardar bem no fundo da memória e não cansar de contar pros netos, bisnetos e sei lá mais pra quem! Luke, Leia e Solo, reunidos, ali na nossa cara, e não cansando de rasgar elogios de um pro outro. Que emoção, meus amigos!
Quando tudo começou a parecer um pouco mais calmo, com a galera ainda em êxtase mas tentando manter a compostura com a indicação é que estamos chegando ao final da coisa, eis que JJ e Hardwick começam a falar sobre John Williams, de novo. Opa! Será que ele vai entrar no palco? Na verdade não. O que sai a boca de JJ Abrams é: “quem quer ir ver um concerto ao vivo de Star Wars agora?”.
COMO ASSIM MEU DEUS? NÃO BRINCA COM ESSAS COISAS, AMIGO!
“A gente só tem lugar pra TODOS vocês [o Hall H tem capacidade pra 7 mil pessoas, só pra constar]. A gente vai literalmente caminhar junto até lá e presenciar um concerto de Star Wars hoje à noite”.
Cara, sério... não sei nem descrever o que aconteceu. Ainda mais porque, no palco, surge um exército de stormtroopers, que seriam os responsáveis por nos guiar até o local. Ninguém conseguia acreditar. Nosso grupo do JUDÃO no WhatsApp tem lá um áudio comigo quase chorando ao contar o que tinha acabado de aconter. :D
A gente saiu do Hall H e a galera na rua não entendia nada. Pensa em 7 mil pessoas saindo de uma porta e caminhando a passos lentos pra um mesmo local? Apocalipse zumbi, na certa!
Depois de uma meia-hora de caminhada, chegamos no lugar, perto da baía de San Diego, logo atrás do convention center. Mostra a badge, passa pelos seguranças e… estão dando light sabers pra TODO MUNDO! Daqueles que acende luz e faz barulhinho de “zuom zuom” quando você mexe. Cara, tava geral muito feliz. Todo mundo brincando com seus sabres, fazendo lutinha… tudo muito sensacional!
A Orquestra Sinfônica de San Diego começou com a Marcha Imperial e após mais ou menos 30 minutos, terminou com o tema principal da franquia. Já seria o final perfeito, mas como eles não estavam MESMO a fim de pegar leve, rolou uma queima de fogos linda! Todo mundo chorando, feliz, gritando, e xingando até a décima geração! Eu saí dali sem saber como eu ia contar tudo o que aconteceu. E eu tenho certeza absoluta que tudo que eu falei ainda não é nem metade do que eu vi e senti.
Star Wars fechou a sexta-feira de Comic-Con mostrando que não é mesmo apenas uma franquia de filmes, uma saga, é uma experiência à parte; é um pedaço da vida de muitas pessoas, de todas as idades. E depois do que aconteceu, é muito bom saber que nossas vidas estão em excelentes mãos.
ps. Mas eu fiquei com dó do Kevin Smith, que tinha um painel logo depois... :(