Até o fim desse ano, canal estreia no Brasil, no lugar do MGM. Será que, assim como fez o Fox Sports com o SporTV, eles levam a série dos zumbis?
“Não podemos ignorar um mercado como o brasileiro, com 18 milhões de assinantes, ainda que nossos conteúdos já estejam sendo distribuídos no Brasil”. A frase, dita em Março deste ano, veio da boca de Josh Sapan, presidente e CEO da AMC Networks, durante apresentação no Cable Congress, evento que reúne os maiores operadores de TV por assinatura da Europa e que aconteceu em Amsterdã. Pois bem: estamos em Agosto. E a promessa de Sapan promete se concretizar em breve – a chegada do principal canal do grupo liderado por ele, o AMC, é dada como praticamente certa ao nosso país nos próximos meses.
Caso você não esteja sacando exatamente do que estamos falando, a gente explica: o AMC é um canal de TV norte-americano lançado em 1984, cujo nome é uma sigla para American Movie Classics. Inicialmente, ele tinha a intenção de ser uma espécie de TCM, com foco em produções clássicas do cinema hollywoodiano, em especial aquelas da década de 1950. Mas, com o passar dos anos, esta pegada foi mudando. A partir de 2002, passou a exibir filmes contemporâneos e, em 2006, deu início à produção de conteúdo original, em especial no que diz respeito a séries.
Seu primeiro drama foi justamente a premiada (e inicialmente ignorada pela HBO ¯\_(ツ)_/¯) Mad Men – e, no ano seguinte, viria nada menos do que Breaking Bad. Em 2010, eles investiriam pesadamente na adaptação de uma HQ independente para o formato de série... e o resultado seria uma tal de The Walking Dead, não sei se vocês já ouviram falar. Atualmente, o AMC atinge mais de 96 milhões de domicílios em território estadunidense.
A chegada do AMC ao Brasil, que deve acontecer no último trimestre de 2014, se dá graças a um acordo bilionário. Em 2013, o grupo AMC Networks comprou a Chellomedia pelo valor de US$ 1 bilhão. A Chellomedia é dona, dentre outros, do canal MGM. Ou seja: diversos países do mundo, inclusive no Brasil, o AMC vai substituir plenamente a MGM, apresentando um canal de variedades com o mesmo formato do canal IANQUE, mas obviamente adaptado à realidade brasileira (como a obrigatoriedade da exibição de uma determinada quantidade de horas semanais de programação nacional, prevista em lei, aquelas coisas).
Sabemos que você deve estar se perguntando, assim como nós: o que diabos, então, vai acontecer com as séries produzidas pela AMC mas que, aqui no Brasil, são exibidas por outros canais? Leia-se Mad Men, que vai ao ar pela HBO, e The Walking Dead, que está na tela da Fox? Ambas migrariam para o canal AMC, mais ou menos como o FOX Sports fez com a Libertadores, que estava no SporTV, quando chegou ao Brasil? A resposta é não.
“Não vamos mudar. O público já se acostumou a ver nesses canais”, explicou Bruce Tuchman, presidente global da AMC, ao jornal O Estado de S.Paulo, durante visita ao Brasil na última semana, para participar da feira anual da ABTA – Associação Brasileira de TV por Assinatura.
O caso de The Walking Dead, na verdade, é bastante PECULIAR – e sabemos que a AMC evitará tirar a série da Fox não apenas pelo costume do público. Mas sim porque, há quatro anos, a AMC assinou um acordo global com a Fox Internacional Channels (FIC) para distribuir o seriado inspirado na obra de Robert Kirkman para cerca de 120 países, basicamente em todos os territórios possíveis fora dos Estados Unidos e do Canadá (únicos dois países onde o AMC existe como canal até o momento). Foi rigorosamente a primeira vez que a Fox adquiriu todos os direitos para a distribuição internacional de uma série, assim como a primeira vez em que a AMC fez uma transação com estas características, mudando radicalmente seu modelo de programação.
“A habilidade dos canais Fox em agir como programador global para esta série, assim como seu poder de distribuidor num nível mundial, nos permite maximizar a visibilidade e o interesse nesta propriedade única”, declarou oficialmente a AMC na época em que o acordo foi assinado.
Importante lembrar que estes direitos de distribuição cedidos pela AMC para a Fox incluíam também os direitos para lançamento de The Walking Dead no mercado de home video. Mas, aqui no Brasil, os direitos da série dos zumbis em Blu-ray e DVD estão com a PlayArte. Hm...
Tuchman contou que, embora o AMC venha para substituir o canal MGM, a migração deve ser gradual, em respeito aos fãs da emissora atualmente no ar. Assim sendo, veremos inicialmente uma mescla de filmes clássicos com algumas das produções originais atuais da AMC. Uma das que já foram confirmadas é Halt and Catch Fire, recentemente lançada nas telinhas norte-americanas.
Ambientada no começo da década de 1980, a série fala sobre o boom da informática sob o ponto de vista de um visionário, um engenheiro e um prodígio cujas inovações desafiaram os gigantes corporativos da época. A produção é de Jeff Freilich – e liderando o elenco está Lee Pace, o vilão Ronan, o Acusador de Guardiões da Galáxia.
A única dúvida, por enquanto, é Better Call Saul, a aguardada série diretamente derivada da trama de Breaking Bad. O motivo? É uma coprodução com a Sony, o que demanda uma decisão tomada em conjunto por aqui – já que Breaking Bad é exibida no Brasil na tela do AXN, um canal do grupo Sony.
Além do AMC, outro canal que chega para ser administrado pelo mesmo time é o Sundance – sendo que este vai ocupar um espaço próprio no line-up das operadoras e, portanto, passará por toda a via crucis de negociações às quais foi submetido, por exemplo, o Tooncast durante muitos anos, começando sua trajetória em pequenas operadoras. Conforme o nome já indica – afinal, Sundance é também o nome do maior festival de cinema independente do planeta – o canal vai se dedicar a exibir produções de ficção que não vêm dos grandes estúdios e também documentários.