BASH: Quer ser um super-herói? Então venha jogar RPG | JUDAO.com.br

Em financiamento coletivo para ser adaptado e lançado no Brasil, sistema é conhecido por sua simplicidade e facilidade – com a promessa de atrair até mesmo quem nunca jogou role-playing games

Quando comecei a jogar RPG, com meus 13 anos de idade, eu já era um perfeito protótipo de nerd – fanático principalmente por quadrinhos da Marvel e da DC e matriculado num curso para poder desenhar meus próprios gibis (tarefa na qual fracassei miseravelmente, diga-se). Os primeiros jogos que experimentei, claro, eram aqueles de ambientação de fantasia medieval, Tolkien-style, com elfos, bárbaros, dragões, orcs, cavaleiros e anões. Depois do D&D, migrei para o sistema Storyteller da White Wolf, com vampiros, lobisomens e demais criaturas da noite, que foi uma verdadeira febre nos anos 1990.

Mas, como fanático por HQs de super-heróis, era evidente que uma hora ou outra eu me enveredaria por este lado – afinal, eu poderia não apenas interpretar os personagens que eu curtia, eu poderia também criar meus próprios heróis, com os poderes que eu quisesse, com a história que eu bem entendesse. Experimentei de tudo, para ser franco. GURPS Supers, DC Heroes, Marvel Super Heroes Adventure Game. Numa época, bem antes de Aberrant, pegamos as regras do Storyteller e fizemos uma aventura baseado no arco Carnificina Total, do Homem-Aranha (tenho vergonha disso hoje, admito). E, desta forma, consegui trazer para a mesa de jogo, ainda que temporariamente, camaradas do mundo dos gibis que até então não tinham experimentado a magia dos jogos de interpretação de tabuleiro.

Esta, por sinal, é uma das missões de BASH!, sistema de RPG baseado especificamente nos desenhos animados de super-heróis dos anos 1990-2000, tipo Batman: Animated Series e os desenhos noventistas do Homem-Aranha e dos X-Men. Resumindo? Muita ação. A LOT. Com vilões escalafobéticos pra lá e fartas doses de raios laser sendo disparados pra cá.

cover“A nossa intenção ao trazer o BASH! para o Brasil é também essa: trazer um sistema que tenha esse apelo das HQs, não só para o público que já joga RPG, como também para quem nunca jogou por conta de sua facilidade”, explica Filipe Cunha, da editora Pensamento Coletivo, em papo com o JUDÃO. A empresa adquiriu os direitos da segunda edição do jogo, que lá fora recebeu o nome de Ultimate Edition, e está tentando viabilizar o seu lançamento via financiamento coletivo.

Filipe conta que a equipe da editora conheceu BASH! através de Dale Elvy, que é o autor de um de seus futuros lançamentos, um RPG de terror chamado EPOCH. “Comprei o PDF e começamos a jogar, daí gostamos tanto do sistema, que resolvemos trazer. Eu entrei em contato com o Chris Rutkowsky (o autor do BASH!) primeiramente pelo Facebook da Basic Action Games, a editora dele, comentando que tínhamos interesse em trazer o jogo e seus suplementos pro Brasil”.

Segundo Filipe, Chris ficou pilhadão com a oportunidade de ver seu jogo sendo produzido em outro país além da Itália (a primeira edição do BASH! saiu na Itália com o nome SUPER!). “Sempre solícito, acertamos os detalhes e a negociação em si rolou muito bem, pois em alguns meses já estávamos com o contrato assinado e tudo pronto pra lançar aqui”.

Empresa relativamente nova no mercado, a Pensamento Coletivo já colocou no mercado o RPG Interface Zero (cenário cyberpunk que usa o sistema de regras do Savage Worlds Deluxe da Pinnacle Entertainment) e o jogo de tabuleiro Gunrunners (polícia federal versus um time internacional de traficantes de armas). Mas a aposta agressiva em BASH! se dá especialmente por conta de seu sistema de regras básico, simples e direto – indicado, em 2010, ao ENnie (considerado o Oscar dos RPGs).

“Como ele foi originalmente desenvolvido para ser jogado com crianças, suas regras são bem fáceis”, conta Filipe. Ele explica que, pra resolver a maioria das ações, você apenas rola 2 d6 e multiplica por um valor fixo (uma caracteristica ou poder). “O jogador aprende o sistema de regras praticamente inteiro já na primeira partida”, explica. “A grande sacada, é que apesar de simples, o sistema tem complexidade (opcional) suficiente para agradar à quem gosta de sistemas mais complexos”. Em termos de peso, as regras ficariam no meio-termo entre o megahit brasileiro 3D&T (Tormenta) e Mutantes & Malfeitores (baseado no sistema aberto D20). Na comparação com a tríade GURPS/D&D/Storyteller, Filipe aposta que o sistema fica no nível de complexidade de um Storyteller e suas bolinhas de 1 a 5. “Talvez um pouco mais fácil”, arrisca.

LegioneNeraEle conta ainda que você faz seu personagem em 15-20 minutos e “o nível de customização e liberdade para os personagens é incrível, você consegue fazer praticamente qualquer personagem que queira”. Os jogadores criam seus personagens usando uma quantidade de pontos baseado no nível de poder que o Narrador deseja para a campanha, que podem ser: Homens-Misteriosos (20pt, tipo o Sombra), Vigilantes de Rua (25pt, tipo Batman e Demolidor), Classe Mundial (40pt, tipo Liga da Justiça e Vingadores), e Cósmico (60pt, tipo Adam Warlock e Surfista Prateado vs. Thanos).

Três características primárias definem seu personagem, que são: Físico, Agilidade e Mente. Além disso, os jogadores compram seus poderes com estes pontos e então designam perícias baseadas em suas características. Existe também um sistema de Vantagens e Desvantagens, que podem ser coisas como Alter-Ego, Quartel General e Superveículos – cada vantagem pede obrigatoriamente uma desvantagem para contrabalancear.

Quaisquer pontos não-gastos durante a criação do personagem são convertidos nos chamados Pontos Heroicos, aquele elemento que pode garantir a virada surpreendente na trama ou os momentos de virada épica em plena batalha já dada como perdida. Estes pontos se renovam a cada sessão e podem ser adicionados à rolamentos de dados para garantir o sucesso em tarefas e disputas. Pontos Heroicos também podem ser convertidos em Dados Heroicos, que permite com que um personagem role um dado extra durante uma ação-chave, ou até mesmo que tome o controle da narrativa e introduza um elemento na história (surpresa para os narradores ultracontroladores e centralizadores).

O livro terá aproximadamente 160 páginas em formato A4, colorido e impresso em papel couché fosco com capa colorida. No entanto, como financiamentos coletivos são sempre uma caixinha de surpresas, eles já estão estudando o que fazer caso o valor arrecadado não chegue no mínimo estipulado pela página do Kickante. “Nós queremos MUITO que o jogo saia aqui, mas infelizmente como a editora é nova, ainda não temos o cacife para bancar a produção completa dele”, explica Filipe, lembrando que o processo envolve não apenas tradução e impressão, mas pagamento de licença de uso, direitos autorais e ainda revisão e um segundo processo de edição com mais arte, diagramação melhorada e um projeto gráfico mais simples. “Então, tem chance de sair sim, só não sabemos quando conseguiremos produzir”.

Para quem quer colaborar, o link é ESTE.