Gibi, lançado neste GLORIOSO 21 de outubro de 2015, preenche algumas lacunas deixadas pelos filmes
O famigerado dia 21 de Outubro de 2015, quando Marty McFly chega ao FUTURO, chegou. É presente. E, em breve, será passado. Não por acaso, é exatamente esta a data escolhida pro lançamento nos EUA de Back To The Future #1, nova HQ da editora IDW. E, bom, ela é legalzinha. No máximo.
Não se pode culpar a editora por tentar fazer algo ainda MELHOR. Pra começar, eles anunciaram 34 capas diferentes pra edição, algumas nas quais a variação é apenas o logo da comic shop – porém, a versão enviada para a avaliação do JUDÃO tem ainda mais: são 40 capas variantes. Além disso, os enredos são criados por Bob Gale, co-roteirista da trilogia nos cinemas, e também do desenho animado baseado na franquia.
A resposta dos donos de comic shops, leitores e fãs foi à altura: a primeira tiragem esgotou antes mesmo do lançamento, e vem aí uma segunda, com mais uma capa variante.
Só que o gibi esbarrou em uns problemas práticos. O primeiro, explicado pelo próprio Bob no POSFÁCIO dessa primeira edição: máquinas do tempo são extremamente poderosas, podendo fazer e, principalmente, desfazer qualquer coisa, algo que poderia enganar os leitores e resultar numa história ruim. Tanto é que, nos filmes, o DeLorean só é “permitido” viajar no tempo uma vez a partir de 1955 (na Parte I) e em 1885 (na Parte II).
Entre correr o risco de ficar mudando o que acontece nos filmes – ou recontar aquelas histórias – Bob Gale achou melhor deixar isso de lado.
As histórias também poderiam ser no presente, no nosso 2015. Mas você ia querer ler isso? O mundo em que vivemos não é o mesmo daquele visto no segundo filme (provavelmente por causa das mudanças feitas pelo Doc Brown e pelo Mary, e, bom, porque isso tudo era num filme). Ia ser chato ver um Marty de 47 anos vivendo aventuras na nossa época.
Por isso, Bob Gale resolveu deixar a Máquina do Tempo um pouco de lado – uma escolha que, depois de todas as justificativas, eu concordo. A HQ, que terá inicialmente quatro edições (e pode ser mais, dependendo da recepção), se dedicará a preencher os gaps deixados pelos filmes, ou buscar entender como era o “1985-A”, aquele universo alternativo criado em De Volta Para o Futuro Parte II.
Nessa primeira edição são duas histórias, começando por When Marty Met Emmet, escrita por Bob Gale e John Barber, com arte da dupla Brent Schoonover e David Witt. Como o nome entrega, saberemos como a dupla de protagonistas se conheceu, em 1982, contada pela ótica do Doc Brown quando estava no Velho Oeste e, dessa forma, a história se passa após 1955 ter sido alterado duas vezes nos dois primeiros filmes – ou seja, ele já sabia que iria encontrar o Marty nos anos 80, apesar desse recurso não ter sido usado de forma muito clara na HQ (o que é uma pena).
Apesar de interessante, é meio bobinha, meio que sem ritmo, que se perde no traço burocrático do Schoonover. A própria divisão das páginas, em quadros, é feita sem emoção alguma, num padrão simples digno da Turma da Mônica (o que, lá, não é um defeito, mas aqui passa a ser).
A segunda HQ da revista é Looking for a Few Good Scientists, com roteiro de Erik Burnham (após argumento do Bob Gale) e arte de Dan Schoening. A proposta é mais interessante: vemos o Doc Brown ainda como um pesquisador, na universidade, sendo convocado pra participar de um projeto ultra secreto em 1943. Se você sacou as datas, já entendeu qual é.
São seis páginas, então não dá tempo de desenvolver muita coisa. Ao menos a arte é mais interessante, mas o roteiro poderia ser melhor pensado. Tem uma hora que há uma carta com uma informação importante pro enredo, mas você não a vê, ou vê o personagem olhando pra carta. Você só sabe o que rolou pela fala dos personagens. Não, gente, isso é um acontecimento-chave e não pode ficar apenas “subentendido” pelo leitor.
No final, Back To The Future #1 chega num timing perfeito e vai vender tanto quando Coca-Cola trincando de gelada em jogo de futebol americano, mas, apesar das boas intenções e ideias, é apenas boa. Podia ser ótima. Pena.