Spider-Man #1: Seja bem-vindo de volta, Miles Morales! | JUDAO.com.br

Não, ele não é mais o Homem-Aranha Ultimate – agora faz parte do principal Universo Marvel dos quadrinhos

Acabou. Fim. O Universo Ultimate da Marvel já era, depois de anos de rumores. Por outro lado, o que de melhor foi feito no selo da Casa das Ideias ainda vive: Miles Morales. O segundo Homem-Aranha do Ultiverso migrou para a nova “Prime Earth” (que substituiu a Terra 616) no final de Secret Wars e agora estrela o novo volume de Spider-Man, lançado nesta quarta (3).

Tá, tá confuso. Eu sei. O que você precisa saber é que Miles e todo seu elenco de apoio agora vivem na mesma Nova York dos Vingadores mais tradicionais, do Peter Parker adulto (que continua atuando como Homem-Aranha) e que a mãe do herói está viva, um dos reflexos do final do crossover. O que veio antes, para o personagem, conta. Só não é mais exatamente a mesma coisa. Importa pra ler as novas histórias? Não. Então é melhor nem mexer nesse vespeiro.

Esse Homem-Aranha, ex-Ultimate, ressurge pela mesma equipe criativas que o criou: Brian Michael Bendis (que começou essa saga há 16 anos, ainda com a primeira versão do Aranha do Ultiverso) e Sara Pichelli. Mais do que ninguém, essa dupla entende exatamente quem é o Miles. É como se fosse um filho pra eles e, como qualquer pai e mãe, os dois fazem a melhor coisa que poderiam pro rebento: entregam uma história em Spider-Man #1 que faz eco com as passagens mais clássicas do Peter Parker, ainda adolescente, e com as próprias aventuras mais recentes do Miles. Algo que, como o Norvana, une todas as tribos – a dos fãs mais antigos, a dos fãs mais recentes...

Spider-Man #1

Dá pra dizer que, ao ter esses dois Homens-Aranha em sua linha principal de revistas, a Marvel finalmente resolve um grande problema: pode deixar Peter Parker crescer e evoluir (quem sabe até voltar a casar, né?), enquanto o Miles Morales preenche esse vácuo do Cabeça-de-Teia moleque, identificado com leitores mais jovens. Tem gibi pra todo mundo e, principalmente, tem super-herói pra todo mundo se identificar.

No novo gibi, acompanhamos Miles na Brooklyn Visions Academy vivendo uma vida dupla: ele é um garoto mega inteligente, mas que não consegue estudar e também não consegue ter uma vida social. Tem sempre o Homem-Aranha no meio do caminho, fazendo ele tirar nota baixa na prova ou se atrasar mais de uma hora pro encontro...

Tem a família, também. O retorno da mãe de Miles fez voltar aquela dinâmica das primeiras edições de Ultimate Comics: Spider-Man — tipo ela ao telefone com o filho, preocupada com as notas baixas, jogando um “Are you on drugs?” na conversa.

Se a vida civil empolga, a vida heroica de Miles chama ainda mais a atenção. O vilão dessa primeira edição é o Coração Negro, ~filho do Mephisto criado a partir da Força Sombria – sim, aquela mesma que está aparecendo em Agent Carter. O cara chuta sozinho a bunda de todos os outros Vingadores, e não preciso nem falar pra quem sobra a confusão...

Esse aqui ainda é um super-herói em treinamento, com pouca experiência — e que sabemos que terá o velho Homem-Aranha como mentor. Vai ser legal, depois, ver como será a interação dele com Peter Parker e o quanto os dois Aranhas podem aprender nessa relação entre eles.

Na arte, a Sara manda bem. Os personagens continuam bem expressivos, algo importantíssimo pro tipo de HQ que está sendo contada, e as cenas de ação possuem muito movimento. Fechando a equipe criativa, o colorista Justin Ponsor chega com uma (habitual) palheta incrível, ajudando no realismo e profundidade de cada quadro. A essa altura, depois de tanto tempo, é como se a dupla Pichelli-Ponsor tivesse nascido pra desenhar esse Escalador de Paredes.

Spider-Man 1

Se tem alguma coisa que deu certo na Casa das Ideias nos últimos cinco anos, essa coisa é Miles Morales. E é incrível ver que ele continua cheio de gás, com potencial pra continuar por aí, com boas histórias, por mais cinco, 10, 20...

Boa, Marvel. ;)