Cortando custos, a Garota de Aço poderia caber no mesmo canal de Arrow e The Flash, caso a CBS continue embaçando para anunciar uma renovação
Mesmo com o gancho bastante SABOROSO que deixou ao final do último episódio de sua primeira temporada, a continuidade da série da Supergirl ainda não está oficialmente confirmada. Ou, pelo menos, a continuidade daquilo que vem acontecendo desde Outubro de 2015.
A CBS está em uma verdadeira “novela” para a aprovação da temporada 2 e, segundo informações de bastidores, o principal motivo seria o alto custo dos episódios. Mesmo com o chefão afirmando que “todas as novas séries” seriam renovadas, de acordo com informações do Deadline, executivos da Warner Television estão considerando até mesmo a mudança do local das gravações, que acontecem atualmente em Los Angeles, pra Vancouver, no Canadá, que oferece incentivos fiscais bem mais interessantes — é lá que são gravadas as outras séries sob a BATUTA do produtor Greg Berlanti, como Flash, Arrow e Legends of Tomorrow. Tudo pra evitar o cancelamento.
Como Supergirl não foi aprovada para receber um abatimento de taxas pelo California Film Commission, que mudou sua metodologia de escolha, isso causaria uma inesperada (e indesejada) ampliação nos custos. Ainda de acordo com o Deadline, a produção de Supergirl já estaria conversando com o elenco para entender que impacto esta mudança de LA para Vancouver teria em suas agendas e se todos estariam de acordo.
HOJE, um episódio de Supergirl custa cerca de US$ 3 milhões para ser feito – um valor que se divide entre produção e, obviamente, o pagamento dos direitos para a utilização dos personagens. De longe, mas muito longe, é o valor mais alto que a CBS paga atualmente para uma série que acaba de estrear. Pense que um episódio de Game of Thrones, por exemplo, com toda a coisa de elenco, figurinos e direção de arte, custa US$6 Milhões. Faça a comparação.
Enquanto conversa com a CBS em busca de uma renovação – que deveria ser fechada, teoricamente, antes da apresentação que eles farão em duas semanas, para anunciar o seu calendário de série para a próxima temporada – a WBTV tenta abaixar este preço total e pensa até na possibilidade de trabalhar com uma temporada com menos episódios.
Mas é claro que, nos bastidores, já tem gente se movimentando caso a tal renovação não aconteça. O Deadline, por exemplo, afirma que existem alguns canais e mesmo serviços de streaming interessados em assumir as aventuras de Kara Zor-El se por acaso a CBS abrir mão. E, obviamente, voltamos a ter circulando um assunto que nunca parou de ser comentado desde que a série foi anunciada pela primeira vez: poderia ela ir parar na telinha do The CW, o mesmo canal onde estão Barry Allen, Oliver Queen e demais filhotes do Berlanti? Especialistas afirmam que a movimentação voltou a acontecer. Interesse existe.
Olha, a negociação talvez não fosse das mais complicadas, já que o CW é um canal JOINT VENTURE entre a Warner e a própria CBS. Então, estaria tudo em casa. O próprio presidente do CW, Mark Pedowitz, já afirmou publicamente ter se arrependido de não ter entrado na disputa pela série quando ela começou a ser negociada com as emissoras. Estamos falando de uma série que, além de se encaixar direitinho no conceito do Arrowverse, todo já devidamente renovado para a próxima temporada, conversa perfeitamente com o público mais jovem do CW.
Obviamente uma redução no orçamento seria necessária, já que as cifras com as quais o CW trabalha são mais modestas. Mas a audiência, que caiu significativamente depois de um episódio de estreia que fez brilhar os olhinhos dos executivos da CBS (com mais de 13 milhões de espectadores), estaria na medida certa para fazer a galera do CW comemorar. Ainda estamos falando da melhor nova série dramática da CBS e quarta melhor no geral no público entre 18 e 49 anos, afinal.
Os números provam que a audiência da Supergirl cresceu cerca de 31% sobre sua média geral quando rolou o episódio com a participação do Flash – imagina só então se estiver todo mundo juntinho no mesmo canal, facilitando as viagens interdimensionais no eixo Central City – National City – Star City?
Nos anos 1970, a mesma parada aconteceu na TV com outra série de uma heroína da DC. A Mulher-Maravilha de Lynda Carter teve uma aceitação interessante da audiência ao longo de sua primeira temporada, em 1975, no canal ABC. Mas, quando chegou a hora de renovar, eles resolveram empacar a negociação. Estavam com medo de continuar investindo em uma série ambientada nos anos 1940, já que produções de época custam muito mais para construir sets, reproduzir figurinos, aquela história toda. E enquanto estavam sem saber o que fazer, a Warner deu ouvidos à proposta de uma concorrente, a CBS, e logo Diana mudaria de canal. Com o título de The New Adventures of Wonder Woman, a série saiu de vez da Segunda Guerra Mundial e veio para a pegada de ação de super-herói contemporânea. Como a ABC queria...
Depois de cinco temporadas no canal The WB, de 1997 a 2001, a caçadora de vampiros Buffy, foi parar na United Paramount Network (UPN) para as suas duas temporadas finais. Mesmo com uma audiência considerável em mãos, a WB achou que a qualidade tinha decaído e não merecia os aumentos de salário que elenco e equipe de produção pediam. A UPN não se importou, assumiu a bronca e conseguiu, logo na estreia no canal novo, o impressionante número de 7,7 milhões de espectadores, o segundo maior pico das sete temporadas da criação de Joss Whedon.
Nos últimos anos, quem anda assumindo esta função de salvar séries sofrendo com o risco de extinção — ou ressuscitando mortos — são mesmo os serviços de streaming. Em 2015, o agora finado Yahoo! Screen atendeu ao CLAMOR dos fãs e foi lá trazer Community do mundo do além para uma sexta temporada. Dias depois da Fox anunciar que estava abrindo mão da comédia romântica The Mindy Project, o Hulu garantiu uma quarta temporada, salvando a criação de Mindy Kaling da morte certa (e a série já foi renovada pra sua temporada #5). E o Netflix, em 2013, deu uma quarta temporada de 15 episódios para Arrested Development, que tinha morrido depois de três anos na tela da Fox, em 2006. O mesmo Netflix, aliás, que está promovendo atualmente uma onda de revivals com Fuller House, a volta de Gilmore Girls...
Em janeiro do ano passado, a chairman (chairwoman?) de entretenimento da CBS, Nina Tassler, afirmou ao EW que Supergirl, primeira iniciativa do canal em uma criação do gênero desde aquele The Flash dos anos 1990, seria parte de um movimento de “evolução no jeito que os super-heróis são retratados”, com humanidade, defeitos e demais coisas que permitem uma identificação maior com o espectador. Bom, de fato ela foi. Aliás, ela foi mais humana e cheia de nobreza do que seus colegas arqueiros e velocistas – e mais até do que um certo primo famoso. Fica aqui a expectativa para saber se a CBS vai permitir que esta evolução continue. Porque merecer, a gente já sabe que ela merece.