Warcraft: conheça o responsável pelo Primeiro Encontro de Dois Mundos | JUDAO.com.br

O diretor Duncan Jones, filho de um certo David, atravessou uma verdadeira jornada pessoal para concluir a obra, um dos blockbusters mais esperados do ano

Para o diretor Duncan Jones, os três anos que ele passou rodando Warcraft, a aguardada superprodução de mais de US$ 160 milhões que adapta o jogo da Blizzard para os cinemas, também foram uma aventura e tanto. “Uma aventura estranha”, disse ele, em entrevista ao EW. “Mas me orgulho bastante do que fizemos aqui”.

Quando Jones diz que esta foi “uma aventura”, na verdade ele está querendo dizer que foi uma jornada de tragédias pessoais, transformando o resultado final em uma vitória de significado único. Assim que a produção começou a pegar fogo, sua esposa, a fotógrafa Rodene Ronquillo, estava se recuperando de um câncer de mama, ainda com a saúde bastante fragilizada. Mas agora, que o filme está prestes a estrear, o casal também está prestes a ter seu primeiro filho. No fundo, serão duas estreias na vida de Duncan Jones, acontecendo praticamente ao mesmo tempo.

Mas Warcraft tornou-se algo ainda mais profundo para Duncan Jones porque, poucos meses antes de finalizar o filme, ele teve a chance de mostrar uma prévia de como o épico de fantasia em Azeroth estava ficando para o seu pai, que morreria pouco tempo depois.

O pai dele? Um tal de David Bowie.

Duncan Bowie

Em entrevista ao Daily Beast, Duncan deu mais detalhes a respeito da sessão especial que Bowie assistiu. “Eu mostrei pra ele um corte inicial do filme e algumas tomadas de efeitos especiais”, revelou o diretor, que nasceu Duncan Zowie Haywood Jones. “Vocês sabem, pra todo mundo ele era aquela pessoa. Mas pra mim, ele era o meu pai. E estava sempre interessado nas coisas em que eu estava trabalhando. Então eu mostrei o meu trabalho e ele ficou todo empolgado – e feliz por perceber que eu estava fazendo aquilo que sempre gostei durante toda a minha vida”.

Duncan é o filho único do primeiro casamento de David Bowie com a atriz e modelo Mary Angela Barnett, que acabou ficando conhecida como Angie Bowie – sim, a Angie que todo mundo especula que seja a inspiração para a canção de mesmo nome dos Rolling Stones, que teria sido escrita como um pedido de desculpas depois que Mick Jagger e Bowie teriam sido encontrados numa ~juntos. Fofocas do mundo rock à parte, Angie e David se separaram quando Duncan (que, na época atendia pelo nome de Zowie) tinha 9 anos de idade. A custódia ficou com o pai e, conforme os anos passaram, ele acabou perdendo de vez o contato com a mãe. Os laços com David, no entanto, eram cada vez mais fortes.

Duncan Jones e Travis Fimmel, o Anduin Lothar de Warcraft

Travis Fimmel, o Anduin Lothat, e Duncan Jones no set de Warcraft

Duncan Jones nunca quis seguir os passos musicais do paizão famoso. Primeiro sonhou em ser pro-wrestler. Depois, foi lá e se formou em filosofia. Só depois de se formar na London Film School, em 2001, é que ele começou a sua caminhada como diretor de cinema.

O cineasta faz questão de deixar claro, no entanto, que o envolvimento com Warcraft não deixou marcas apenas em sua vida, mas também na de todos os envolvidos. “Se você perguntar para o Rob Kazinsky [ator inglês que vive o orc Orgrim Doomhammer e é jogador declarado de World of Warcraft], ele jura que sua vida foi salva por este filme”, afirma. “Casamentos, divórcios, aconteceu de tudo ao longo desta maluquice”.

Ele mesmo um dos mais de 100 milhões de jogadores que WoW tem em todo o mundo, Duncan Jones ficou satisfeito que justamente o terceiro filme de sua ainda curta trajetória como cineasta (que conta com dois bons filmes de ficção científica, Lunar e Contra o Tempo) tenha sido uma obra tão importante para tanta gente assim. E para começar, ele fechou um acordo com a Blizzard: a trama abordaria justamente um dos primeiros e mais clássicos plots do jogo, o contato inicial entre orcs e humanos. “Nós conseguimos ver as duas culturas, uma sob a perspectiva da outra”.

Para o diretor, a intenção de Warcraft sempre foi contar uma história de fantasia diferente da tradição de Tolkien, onde as criaturas fofas são boazinhas e os monstros são os vilões. “Quisemos fazer exatamente como no jogo: você escolhe o personagem que quiser e enxerga a si mesmo como o herói”, explica. “Tem muitos filmes de fantasia por aí, mas a maior parte deles quer ser O Senhor dos Anéis. Mesmo Game of Thrones, que eu amo, é um Senhor dos Anéis com conteúdo adulto. Quis ampliar o espectro do que um filme de fantasia poderia ser”.

Britânico com green card para morar nos EUA, ele se diverte ao perceber que Warcraft sai bem no meio de uma campanha presidencial que tem a participação de um sujeito como Donald Trump. “Mas, pra ser honesto, mais do que a América, enxergo paralelos com o que está acontecendo na Europa, com a crise da imigração, diversas comunidades tentando encontrar novos lugares para morar. Um tema que também é, infelizmente, atemporal”, diz.

Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos chega aos cinemas do Brasil nesta quinta-feira, dia 2 de junho.