Nem ele, nem os seus leitores: prepare-se para a próxima saga do Aracnídeo, chamada The Clone Conspiracy
Clone. Uma palavra, cinco letrinhas, mas já é o suficiente pra fazer qualquer fã das antigas do Homem-Aranha sentir um congelamento na espinha. E eles vão voltar, viu? A Marvel anunciou que a saga anteriormente chamada de Dead No More se chama, na realidade, The Clone Conspiracy – que trará também o retorno do vilão Chacal.
The Clone Conspiracy, com roteiros de Dan Slott e arte de Jim Cheung, terá cinco edições a partir de outubro, mas as edições 16 a 18 de Amazing Spider-Man já vão funcionar como prelúdio da brincadeira, além de rolar uma HQ paralela entre os números 19 e 23 da mesma revista (e coroteirizada pelo Christos Cage). Amazing Spider-Man Annual #1 também terá relação com o arco.
Essa SAGA toda de clones, apesar de tudo, não surgiu nos anos 90 e é beeem antiga. Começou nos anos 1960, logo após a morte de Gwen Stacy. Na época, o roteirista Gerry Conway foi pressionado pelo Stan Lee a voltar com a personagem, já que THE MAN foi contra. O roteirista então brincou com o pedido – fazendo sim a Gwen retornar, para pouco depois revelar que aquela não era a personagem original, mas sim um clone.
Publicada em Amazing Spider-Man #142, a HQ é o início daquela que, hoje, é conhecida como a Saga do Clone Original. Quem estava por de trás disso tudo era o Chacal, que descobrimos ser o Professor Miles Warren, que lecionava na Empire State University (a mesma de Peter e Gwen) e alimentava um amor secreto pela loira AND um ódio pelo Homem-Aranha, a quem culpava pela morte da estudante.
Miles também clonou o Homem-Aranha, criando uma réplica exata em corpo e memórias... de Peter Parker. Descobrindo o segredo do aluno, Miles manipulou os dois Aranhas, fazendo com que os dois lutassem. No final, o verdadeiro (ou o que achávamos ser o verdadeiro) derrotou o outro, que foi aparentemente morto junto com o Chacal. No final, o Peter verdadeiro jogou o falso na chaminé de uma fábrica.
Depois surgiu o Carrion, um clone zoado do Warren que também queria matar o Escalador de Paredes e até criou um clone ARANHA-AMEBA pra isso, mas melhor deixar essa parte pra lá.
Décadas se passaram e Peter Parker continuou sofrendo pela morte da Gwen, mas encontrou conforto nos braços da Mary Jane. Os dois se casaram nos anos 1980, com a benção do tio Stan, mas o pessoal na Casa das Ideias acabou não curtindo o que aconteceu com o herói. Pra muita gente lá dentro, ser casado fazia com que o Homem-Aranha se tornasse automaticamente mais velho e sem identificação com os leitores habituais de quadrinhos. Surgiu, então, a ideia de voltar com o clone.
Na mais famosa Saga do Clone, descobrimos que o “clone” da história original estava vivo e assumiu o nome de Ben Reilly, usando o nome do ~tio falecido e o sobrenome de solteira da ~tia. A vida faz com que ele voltasse pra Nova York e assumisse a identidade de Aranha Escarlate. Só que isso era só o começo.
O Chacal também voltou, vivinho, e começou a manipular as coisas. Pra piorar, Peter descobre que ele era o verdadeiro clone, com Ben sendo o verdadeiro Peter, que foi manipulado a pensar que era o clone. Assim, o “Peter Falso”, casado com a MJ, vai embora, deixando ao “Peter Verdadeiro”, agora chamado Ben Reilly, o posto de Homem-Aranha
Acha confuso? É BASTANTE. Tudo isso pra, sem recorrer a mortes ou separações, ter um Homem-Aranha solteiro. E que tinge o cabelo de loiro. E que tem outro nome. E que usa um outro uniforme...
Não funcionou.
Apesar do Ben Reilly ser um personagem interessante (afinal, ele era o Peter Parker), os fãs não compraram a ideia. Uma pressão interna na própria Marvel (inclusive do roreirista/artista Dan Jurgens, que saiu da editora por se desentender sobre os rumos do personagem) mudou os rumos na Saga do Clone. No final, a editora trouxe de volta Norman Osborn, o primeiro Duende Verde e morto desde o assassinato da Gwen, para justificar toda a lambança. Foi Norman que manipulou todo mundo, fazendo-os acreditar que Ben Reilly era o Aranha original – e nunca foi. Peter Parker voltou ao posto de Homem-Aranha e Ben fez aquilo que os clones fazem de melhor: virou pó.
Nisso tudo se passou MAIS DE DOIS ANOS.
Apesar de ser considerado um dos pontos baixos do Homem-Aranha, a Saga do Clone inspirou o Universo Ultimate e Spider-Man: The Animated Series, além de ganhar uma versão “redux” há alguns anos. Também ficou o Kaine, um clone corrompido do Peter que chegou a também usar o nome de Aranha Escarlate.
Porém, os clones só voltaram com FORÇA TOTAL ao universo do Homem-Aranha principal da Marvel mais recentemente, na saga Ilha das Aranhas (Spider-Island, no original). Na HQ, o Chacal retornou e, com a ajuda de vários clones de si mesmo, infectou a população de Manhattan com um vírus que dava a eles poderes de aranha.
Eventualmente o plano deu errado e, apesar de mais uma aparente morte, o Chacal continuou vivo, monitorando a vida do Homem-Aranha e, junto com Carrion, a preparar mais uma vingança.
É aí que, provavelmente, chegamos em The Clone Conspiracy. De acordo com Dan Slott, a ideia da saga é subverter toda essa história de importantes personagens para o Aranha morrerem, em algum momento. “Aqui tem pessoas voltando”, disse o roteirista à EW.
Porém, não parece que simplesmente vão aparecer com a Gwen Stacy viva, ou algo assim. Slott e o editor Nick Lowe afirmam que o plano do Chacal será diferente, tanto em estilo quanto em escopo. O Chacal irá ALÉM da clonagem. Mas... Não foi isso que ele fez em Ilha das Aranhas?
“Se você é o Chacal e leva a ciência para um próximo nível, o que é mais importante do que apenas fazer clones da Gwen e do Peter? O que esse personagem quer, e o que ele vai fazer com essa ciência sensacional?”, disse Slott.
Um fato é claro: Slott está pensando em The Clone Conspiracy há muito tempo, como ele próprio diz. Spider-Island foi publicado originalmente em 2011 e, desde então, existem pistas de que o Chacal faria algo a seguir.
Apesar de ser um tema que faz ecos no passado do herói, Slott também afirma que quer deixar tudo acessível aos novos leitores. Porém, se tem algo que um leitor da Casa das Ideias sabe, “novos leitores” e “clones” na mesma frase não costumam ter bons resultados...
Em outubro vamos descobrir se isso continua uma verdade.