15 anos sem Stanley Kubrick | JUDAO.com.br

Relembre a trajetória de um dos mais geniais diretores de Hollywood!

Há quem defenda que todo grande e genial artista deixa claro, já na aparência, que é uma criatura muito estranha... Olhem só pra cara do Alan Moore (escritor inglês de quadrinhos como “V de Vingança” e “Watchmen”, além de habitante de um pub qualquer em Londres) e pra cara do nosso genial Stanley Kubrick, nascido no dia 26 de julho de 1928 no Bronx, na cidade de Nova Iorque.

Aos 13 anos, Kubrick já era tarado por fotografia e, aos 17 anos, arrumou um trampo na revista Look como fotógrafo, o que o fez viajar por toda a América atrás de um clique melhor. E todos sabemos que da fotografia para a fotografia cinematográfica é um pulo! Quando completou 23 anos, em 1951, Kubrick usou suas próprias economias para financiar seu primeiro filme, “Day of Fight”, um documentário de 16 minutos sobre o boxeador Walter Cartier, que já tinha sido alvo de um de seus ensaios fotográficos. Tendo aprendido tudo na hora, na lata, com o cara que alugou os equipamentos mesmo, Kubrick foi diretor, câmera, editor de imagem e editor de som (haja pique!).

O mais legal é que a RKO (até então um dos cinco grandes estúdios de Hollywood) comprou o documentário para a sua série “This is America” e ainda financiou aquele empolgado moleque para fazer mais documentários...E parecia que a coisa não ia ter fim, porque, vendo a qualidade do material, outras empresas começaram a contratá-lo para realizar documentários, entre eles, a Atlantic and Gulf Coast District o f the Seafarers International Union (em 1953), gerando o que acabou se tornando seu primeiro filme colorido. Mas ele queria mais do que isso.

No mesmo ano de 1953, décadas antes do fenômeno do crowdfunding, ele arrecadou entre amigos e familiares a generosa quantia de US$ 13.000 para financiar seu primeiro filme longa-metragem, “Fear and Desire”, sobre um grupo de soldados capturado pelos inimigos em uma guerra fictícia. Da mesma forma (financiado por parentes e amigos muuuuuuito generosos), surgiu seu segundo filme, o noir “Killer’s Kiss” (de 1955, esse muito mais caro: US$ 40.000!), a respeito de um jovem boxeador dos pesos-pesados e seu envolvimento com uma mulher abusada por seu chefe, um notório criminoso.

The Killing

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Chegando em Hollywood

[/one-half][one-half last=”true”]Só em 1956 é que Kubrick, junto com seu amigo produtor James B. Harris, foi pra Hollywood pra fazer seu primeiro filme de estúdio, “The Killing”, com um orçamento de US$ 320.000 (cresceu bastante, hein?) e que contou a trajetória de um crime meticulosamente planejado mas que acabou dando errado. Anos mais tarde, Quentin Tarantino se declararia largamente inspirado por esta obra, em especial por sua narrativa não-linear.

Mas a carreira dele só entrou em franca ascensão quando, junto com Jim Thompson, ele escreveu uma adaptação do livro de Humphrey Cobb, “Paths of Glory” (em português, “Glória Feita de Sangue”). Todos os estúdios viraram a cara, até que um tal de Kirk Douglas (ator que, talvez, você conheça como sendo o pai do Michael Douglas, mas deveria conhecer bem mais...) aceitou estrelar o filme, que se tornou o primeiro clássico de Kubrick, uma obra anti-guerra ambientada justamente durante a Primeira Guerra Mundial.[/one-half]

O barbudo passou, então, dois anos infernais, tentando escrever scripts que não eram aprovados, e tentando tocar pra frente diversos projetos que fracassaram. Só em 1959, quando o agora amigo Kirk Douglas estava produzindo e estrelando o clássico “Spartacus”, e aconteceu do diretor Anthony Mann ser despedido, Douglas pensou na hora no nosso Kubrick, que aceitou sem pestanejar e fez este filme que chamou a atenção do mercado definitivamente para o seu trabalho (e se tornou definitivo para a comunidade homossexual, mas isso é outra conversa). O épico sobre o escravo romano que se tornou um herói, sonho de Douglas depois de ter sido preterido do papel principal de “Ben-Hur” – que, como se sabe, ficou nas mãos de Charlton Heston – foi um dos mais caros e ambiciosos da época, mas Kubrick trouxe, durante a vida, poucas boas lembranças sobre a produção. Ele prometeu a si mesmo que aquela seria a última vez em sua vida que seu trabalho sofreria tanta influência de produtores. E cumpriu.

LolitaTanto é que a próxima obra dele foi a adaptação de “Lolita”, o polêmico livro do russo Vladimir Nabokov sobre um homem de 40 anos se envolvendo com uma ninfeta de 12 anos. Inicialmente pensado para ser uma comédia de humor negro, “Lolita” foi uma espécie de transição natural na carreira do cineasta, que foi saindo do naturalismo para a visão mais surrealista que marcaria a sua trajetória dali por diante. Por uma série de razões, o filme acabou sendo filmado na Inglaterra, e foi pra lá que Kubrick se mudou no final dos anos 60 – e foi de lá que ele tocou todos os seus filmes posteriores. O próximo deles definiria o tom que se tornou praticamente a sua assinatura e ainda traria aquele que, para ele, foi o responsável pelo sucesso de “Lolita”, ganhando mais espaço em tela e liberdade para improvisar: o mítico Peter Sellers.

E, novamente fazendo a adaptação de um livro (Red Alert, sobre a paranóia da guerra fria), Kubrick construiu uma obra-prima, “Dr. Fantástico” (1964), um hit que ganhou várias indicações ao Oscar, incluindo a de melhor diretor. Sellers teve a oportunidade de brilhar, interpretando três papéis diferentes numa trama que era uma sátira declarada sobre a ameaça nuclear em pleno momento do enfrentamento político entre EUA e Rússia. Ainda na trilha do sucesso, Kubrick contatou o notável escritor de ficção científica Arthur C. Clarke para, juntos, criarem um vigoroso cenário de encontro do homem com a inteligência extraterrestre, inspirado na história curta de Clarke “The Sentinel”.

[one-half] [/one-half][one-half last=”true”]O encontro dos dois resultou no mais do que clássico da história no cinema, “2001: Uma Odisséia no Espaço” (1968), que lhe rendeu seu único Oscar em toda a sua vida: efeitos especiais. Detalhe: rola a história de que, concorrendo com “O Planeta dos Macacos”, “2001” acabou não ganhando a estatueta de “Melhor Maquiagem” porque o júri achou que os macacos do filme de Kubrick fossem verdadeiros, não homens fantasiados. Esta teria sido a grande piada que o diretor contaria até o fim de seus dias. Aqueles familiarizados com a obra do cineasta sabem que, a partir de “2001”, se iniciaria o relacionamento dele com grandes compositores de música clássica, cujas obras desempenham um papel pivotal na história. E ainda hoje, há quem defenda que o homem não chegou à Lua em 69 e que tudo não passou de uma encenação dirigida exatamente por Kubrick, um especialista neste cenário...[/one-half]

O próximo projeto de Kubrick era fazer um filme sobre o imperador Napoleão, seu grande sonho. Foram dois anos de desenvolvimento do roteiro e muito estudo, visita aos locais nos quais ele viveu e tudo mais. O filme chegou a entrar em pré-produção e inclusive a se preparar para filmar – mas a MGM, preocupada com o alto orçamento, acabou vetando o seu desenvolvimento. Kubrick tinha em mente, por exemplo, Audrey Hepburn para viver a Imperatriz Josephine. Felizmente, no, entanto, seu próximo trabalho foi justamente uma produção de baixo orçamento, a sensacional adaptação do livro “A Clockwork Orange” (Laranja Mecânica), de Anthony Burgess, que é um retrato cruel e frio do que seria o futuro da humanidade – de verdade. Filme muito criticado e censurado, rendeu a Kubrick indicações ao Oscar pelas categorias diretor, escritor e produtor. Na época, Kubrick adiou a estreia comercial na Inglaterra justamente porque recebeu ameaças de morte depois que um imitador passou a cometer crimes inspirado nas cenas do filme. Acabou sendo banido da terra da Rainha até a morte do diretor – e não seria relançado como merecia até o ano 2000.

Nesta época, Kubrick passou a viver cada vez mais afastado do glamour de Hollywood, que começou a vê-lo como um excêntrico e estranho gênio de cuja vida pessoal se sabia bem pouco. Vida pessoal, aliás, que ia muito bem. Kubrick vivia numa enorme mansão fora de Londres (num ambiente quase rural, meio que um sítio) com sua terceira esposa, Christiane Harlan, e seus três filhos. O cara mantinha em casa, inclusive, seus escritórios, pra poder sair o mínimo possível de lá.

Embora não tenha sido um baita de bilheterias, seu filme seguinte, “Barry Lyndon” (história que se passava no século 18, quebrando o ciclo de histórias futuristas em que ele estava), foi sucesso absoluto de crítica: 7 indicações ao Oscar, mais do que qualquer filme dele havia chegado. Lançado em 1975, também era a adaptação de um livro, desta vez do novelista clássico William Makepeace, a respeito do jogador e alpinista social que dá nome à obra. Um detalhe importante: para este filme, Kubrick fez questão de desenvolver uma série de lentes especiais, inspiradas naquelas usadas pela NASA para registrar imagens usando satélites. O objetivo? Rodar cenas internas iluminadas perfeitamente apenas pela luz de velas. O resultado ficou simplesmente espetacular.

O Iluminado

Cinco anos depois, em 1980, veio aquele que é, até hoje, tema de discussão entre entusiastas da Sétima Arte: “O Iluminado”, baseado no livro de Stephen King sobre a solidão e a loucura, e que fez exatamente o caminho contrário de “Barry Lyndon”: foi sucesso de bilheterias, mas muitos críticos detestaram. Inclua aí o próprio Stephen King, que dizia que o filme era “um potente caminhão, sem um motor” – ou seja: grande potencial desperdiçado. Mas até aí, nem levo a opinião do cara em consideração: ele considerou perfeita a sofrível adaptação para tevê com a Rebecca DeMornay, que mais parece um terror juvenil idiota. O filme traz a brilhante performance de Jack Nicholson, o tempo todo encorajado a improvisar – Kubrick deixava claro que o roteiro deveria servir apenas como um guia – e responsável pela fala mais marcante da obra e que nem constava no roteiro original: “Here’s Johnny!” (inspirada na tradicional apresentação do apresentador de talk shows Johnny Carson). Além disso, “O Iluminado” foi o primeiro filme a usar totalmente os recursos do recém-inventado steadicam, suporte de câmera que permite controle mais sutil e delicado para cenas de movimentação mais intensa.

Eis que, sete anos depois, mantendo a sua tendência de adaptar obras literárias, Kubrick foi buscar em “The Short-Timers” um tema que lhe era muito apreciado: a guerra. No caso, uma trama intensa e poderosa de paranoia sobre a Guerra do Vietnã. Ganha forma aí “Nascido Para Matar” (Full Metal Jacket), que vinha direto ao encontro do blockbuster “Platoon”, por também ser uma história de guerra, e acabou se tornando outro grande sucesso de crítica. “Nascido...” conversa, esteticamente, de maneira direta com uma de suas obras anteriores, “Glória Feita de Sangue”, por uma série de fatores: luz natural, narrador fora da tela, detalhamento intenso, exploração de espaços panorâmicos. Mas, no que diz respeito à questão da desumanização, é uma película que dialoga perfeitamente com “Laranja Mecânica”, por mais que seja mais realista e contemporâneo.

Foi em maio de 1990 que Kubrick se uniu a outros nomes de peso de indústria para formar a Film Foundantion, pra promover a restauração e preservação de filmes. Alguns destes nomes de peso: Martin Scorsese, Woody Allen, Francis Ford Coppola, Steven Spielberg, Robert Redford, Sydney Pollack e George Lucas.

Então Kubrick começou a desenvolver, em 1991, as idéias para um projeto de ficção científica chamado AI (Artificial Intelligence), inspirado na história curta “Superbrinquedos Duram o Verão Todo”, de Brian Aldiss, mas, sacando que os efeitos especiais ainda não eram avançados o suficiente para tocar o projeto como ele queria, acabou colocando a coisa de lado, se dedicando a um projeto bastante interessante da Warner Bros.: uma adaptação de “Wartime Lies”, um livro sobre um garoto judeu e sua tia tentando sobreviver no meio da Polônia ocupada pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial tentando se passar por arianos. Diziam os boatos que ele até já havia selecionado locações na Polônia, na Bulgária e na Eslováquia, que seria a base do projeto.

De Olhos Bem Fechados

[one-half]Só que, em 1993, ao ver a revolução dos efeitos especiais que foi “Jurassic Park”, de seu admirador confesso Steven Spielberg, algumas fontes dizem que Kubrick teria retomado o projeto AI, uma história futurista sobre robôs inteligentes servindo os seres humanos (numa forma meio Asimov), num mundo onde as calotas polares teriam derretido e afundado grandes cidades como Nova Iorque. Projeto mantido em segredo todo o tempo pela Warner por causa do enorme orçamento, AI teria sido a razão pela qual Kubrick teria deixado “Wartime Lies” de lado. Novos boatos, em torno de dezembro de 95, davam como certa a pré-produção do complicado AI, mas diziam também que, antes dele, Kubrick iria fiImar “De Olhos Bem Fechados”, com Tom Cruise e Nicole Kidman, que começou a ser filmado no final de 1996 e só foi terminado lá pelo meio de 98.[/one-half][one-half last=”true”]

Últimos anos

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A trama daquele que seria seu último filme era inspirada em “Traumnovelle”, livro do freudiano Arthur Schnitzler sobre sexualidade, obsessão e a dificuldade de se manter a monogamia em um relacionamento estável. Kubrick trouxe a trama da Viena do começo do século anterior para os dias atuais, colocando como protagonistas o casal mais quente de Hollywood naquele momento – e, rezam as más línguas, foi justamente o tema do filme o principal responsável pela separação deles, anos mais tarde. Mesmo próximo dos 70 anos, o diretor deu o melhor de si e trabalhou incansavelmente durante 15 meses, algumas vezes ultrapassando as 18 horas por dia. Assim como aconteceu na maior parte de seus filmes anteriores, fez questão de manter total discrição durante o processo – menos para manter o “segredo” e mais para garantir o “prazer da descoberta”. Sua súbita morte por ataque cardíaco enquanto dormia, no dia 7 de março de 1999, aconteceu justamente poucos dias depois de fechar a edição final do filme. Ou seja: ele nunca chegou a ver, de fato, sua obra ser lançada para o grande público.

Além do grande épico sobre Napoleão – que chegou inclusive a ter título: “Waterloo” – ficou para trás também um filme sobre o Holocausto, intitulado “Aryan Papers”. Trabalhar naquele material o deixava bastante deprimido e, em dado momento, ele decidiu que “A Lista de Schindler”, de Spielberg, tinha entregue o que seria necessário dizer sobre aquele período. Um de seus assistentes chegou a revelar inclusive que, em dado momento de sua carreira, ele quase rodou um filme a respeito de Dietrich Schulz-Koehn, oficial nazista que usava o codinome “Dr. Jazz” para escrever resenhas a respeito da cena musical da época. Mas nunca aconteceu. Exatamente como nunca aconteceu uma tão desejada adaptação de “O Pêndulo de Foucault”, do escritor Umberto Eco. O italiano tinha dado ordens expressas de que nenhuma outra adaptação cinematográfica fosse feita depois de sua decepção com o resultado de “O Nome da Rosa”. Anos depois, quando Kubrick já tinha morrido, Eco confessou que, se soubesse de seu interesse, com certeza teria repensado a ordem...

Kubrick

Em 99, Spielberg resolveu retomar o projeto AI, do mestre Kubrick. Afinal, ambos tinham conversado longamente sobre o filme durante muito tempo. Então, Steven reuniu as anotações de Stanley sobre a história e fez um novo roteiro tomando como base as 90 páginas de tratamento inicial escritas por Ian Watson sob supervisão do próprio Kubrick. Dirigido por Spielberg e com produção do parceiro de Kubrick (e seu cunhado) Jan Harlan, “A.I. – Inteligência Artificial” trouxe diversas das marcas registradas do diretor ao longo da projeção, além de trechos musicais de suas obras anteriores na trilha composta pelo sempre genial John Williams. Tudo bem que sempre achei que, a partir da cena do balão, o filme se torna completamente Spielberg e passa a ignorar completamente o Kubrick, mas esta é conversa para outro dia...

Existe ainda uma história interessante envolvendo o nome de Kubrick: quando a United Artists adquiriu os direitos de filmagem de “O Senhor dos Anéis”, os Beatles o procuraram para dirigir um filme com eles baseado na obra de Tolkien. Kubrick considera o filme “infilmável”. E, veja só, tudo indica que Tolkien não aprovava a participação do quarteto de Liverpool em sua obra. Você consegue imaginar como seria? Eu juro que não consigo...

Citado como influência por nomes como Martin Scorsese, James Cameron, Woody Allen, Terry Gilliam, Irmãos Coen, Ridley Scott, George Romero e, claro, Steven Spielberg, Kubrick se dizia bastante influenciado pela escola russa de cinema e também pelo mestre Orson Welles – que, certa vez, disse sobre ele: “Do que eu posso chamar de ‘nova geração’, Kubrick é o que posso chamar de gigante”.

Na década de 90, um artista da imitação chamado Alan Conway frequentou a cena do entretenimento de Londres, fingindo ser Stanley Kubrick. Ele enganou um monte de gente, incluindo críticos e aspirantes a atores. Anthony Frewin, assistente pessoal de Kubrick e que ajudou a desmascarar a farsa, escreveu anos depois o roteiro de um filme a respeito da divertida história – e em “Colour Me Kubrick”, John Malkovich interpretou Conway. Já em “The Life and Death of Peter Sellers”, o papel de Kubrick, um dos diretores mais importantes da carreira do ator, foi vivido por Stanley Tucci.

Stanley Kubrick foi enterrado ao lado de sua árvore favorita em Childwickbury Manor, Hertfordshire, na Inglaterra.

[ordered title=”Filmografia”] [line]De Olhos Bem Fechados (1999)[/line] [line]Nascido Para Matar (1987)[/line] [line]O Iluminado (1980)[/line] [line]Barry Lyndon (1975)[/line] [line]Laranja Mecânica (1971)[/line] [line]2001: Uma Odisséia no Espaço (1968)[/line] [line]Dr. Fantástico (1964)[/line] [line]Lolita (1962)[/line] [line]Spartacus (1960)[/line] [line]Glória Feita de Sangue (1957)[/line] [line]Killing, The (1956)[/line] [line]Killer’s Kiss (1955)[/line] [line]Fear and Desire (1953)[/line] [line]Seafarers, The (1952)[/line] [line]Flying Padre (1951)[/line] [line]Day of the Fight (1951)[/line] [/ordered]