Parece que o novo filme do Corvo vai começar a ser rodado em 2017 | JUDAO.com.br

Depois de tantas idas e vindas na última década, enfim a obra de James O’ Barr deve voltar às telonas, com Jason Momoa no papel principal

Novembro de 2014. Lá estava eu, mediando uma entrevista com ninguém menos do que James O’Barr, quadrinista independente conhecido por ter criado O Corvo, aquele mesmo que virou o filme icônico de 1994 com o Brandon Lee, empolgadão com a nova versão que seu personagem estava prestes a ganhar nas telonas, à época com direção de Francisco Javier Gutiérrez e Luke Evans no papel de Eric Draven. O’Barr, Evans e Gutiérrez logo se tornariam “os três mosqueteiros”, deixando claro para o estúdio que só tocariam o projeto se estivessem juntos nesta.

“Queremos ter plena fidelidade com a história. Adoro o filme com Brandon, mas ali está apenas 40% da história original. O restante é liberdade poética”, disse o autor, para os aplausos da plateia brasileira. “Mas eu não quero fazer uma refilmagem do filme com Brandon Lee. Quero adaptar a sua história em quadrinhos”, teria dito Gutiérrez, para os aplausos do autor original.

Estamos agora em 2016. Adivinha só qual filme nunca chegou a sair do papel? Exato. E tem mais: Evans e Gutiérrez já saíram do projeto, enquanto detalhes sobre a participação de O’Barr são simplesmente desconhecidos a esta altura do campeonato mas, considerando o fato de que ele não fez questão nenhuma de se envolver com as continuações de 1996 (com Vincent Pérez), 2000 (Eric Mabius) e 2005 (Edward Furlong), além de fingir também que a série de TV estrelada por Mark Dacascos não existiu, dá pra supor que o sujeito também pulou fora.

Mas, segundo o Wrap, parece que enfim a situação vai mudar de figura, com ou sem a participação ativa de O’Barr, com o novo Corvo começando a ser rodado em janeiro de 2017, com Corin Hardy, que só tem o longa de terror A Maldição da Floresta (2012) no currículo, na cadeira de diretor. Como Eric Draven, está tudo praticamente certo que teremos o Aquaman em pessoa, Jason Momoa, que meteria a calça de couro e a maquiagem no olho assim que terminasse de rodar o filme da Liga da Justiça.

Jason Momoa deverá interpretar Eric Draven no novo filme d’O Corvo, depois de gravar o filme da Liga da Justiça

Depois de encarar um pedido de falência, o estúdio Relativity Media, que tem os direitos sobre O Corvo, começou a sair da merda no começo deste ano, quando o CEO Ryan Kavanaugh arrecadou pelo menos US$ 80 milhões em novos financiamentos e garantiu o produtor Dana Brunetti, antigo pupilo de Kevin Spacey e seu parceiro na produção de House of Cards, como o cabeça criativo da Relativity. Na verdadeira onda milionária de filmes baseados em super-heróis de HQs, é natural que O Corvo seja um projeto no qual a companhia esteja oficialmente depositando uma esperança fodida.

No final dos anos 90, Rob Zombie chegou a escrever um roteiro e estava inclusive escalado para dirigir uma parada chamada The Crow: 2037, uma visão do personagem muitos anos no futuro. Só que a produção simplesmente não deu certo e se perdeu no limbo de Hollywood. Desde então, a Relativity vem tentando fazer o filme virar, mas em vão. Em 2008, Stephen Norrington (do primeiro Blade) tava lá todo feliz, dizendo aos quatro ventos que tinha assinado contrato e ia “reinventar” o Corvo, numa visão quase “documental” para a história. Não deu. Depois do cara sair pela porta dos fundos, Juan Carlos Fresnadillo (Extermínio 2) também passou pelo cargo. Sumiu de circulação pouco depois.

No elenco, quando Evans vazou e antes de Momoa pular dentro, Jack Huston (Ben-Hur) tava fechado pra ser o anti-herói, mas acabou largando mão por “conflitos de agenda”. No entanto, informações de bastidores dão conta de que nomes como Bradley Cooper, Jason Statham, Channing Tatum, Tom Hiddleston, Mark Wahlberg e James McAvoy foram sondados e chegaram até a negociar para a vaga de protagonista. “Em resumo, eles queriam fazer um filme de ação”, arriscou, no papo com este que vos escreve, O’Barr. “E o Corvo é essencialmente uma história de amor – na qual, em dados momentos, a violência se justifica”.

O Corvo

Publicado pela primeira vez em 1989 pela Caliber Press, The Crow conta a história de Eric, jovem que estava passeando de carro com a noiva Shelly e, depois que o carro do casal quebra, se vê atacado por uma gangue de bandidos de rua. O aspirante a músico leva um tiro na cabeça e só consegue ver enquanto a amada leva uma tremenda surra e acaba sendo brutalmente violentada e então largada para morrer ao seu lado. Mas as forças sobrenaturais agem em favor da vingança de Eric, que é ressuscitado por um corvo místico e metodicamente inicia uma caçada aos monstros que mataram ele e seu grande amor.

“Eric sou eu. É um pouco da minha história adaptada para aquelas páginas”, conta O’Barr, relembrando que a trama surgiu misturando a violência das ruas de Detroit, sua cidade-natal, com uma espécie de catarse pela perda de seu noiva, em 1978, morta no trânsito por um motorista bêbado.

A ressurreição, que dota o parceiro da ave que tudo vê de reflexos sobre-humanos, capacidade de regeneração e uma resistência impressionante à dor, não aconteceu apenas com Eric, protagonista da série original. Personagens como Michael Korby, Mark Leung, Jamie Osterberg, Vincent, o francês Leandre, o mexicano Salvador, o índio Joshua e as mulheres Iris Shaw, Carrie e Elorah também tiveram uma segunda chance de levar seus desejos de vingança adiante em outras edições do gibi.