Um único cenário, uma Brie Larson e tiro pra caralho em Free Fire | JUDAO.com.br

Eles se conhecem. Eles tretam. Eles atiram. Tá aí um bom resumo para o novo filme da futura Capitã Marvel que ainda tem Sharlto Copley, Cillian Murphy e Armie Hammer no elenco :D

Estamos em 1978. Dois apoiadores do IRA, o grupo paramilitar conhecido como Exército Republicano Irlandês, Chris (Cillian Murphy) e Frank (Michael Smiley), viajam para Boston em busca de um negócio de ouro. Com a ajuda de seu contato local, a jovem Justine (Brie Larson), eles pretendem comprar armas do negociador Vernon (Sharlto Copley), que vive acompanhado dos seus capangas Ord (Armie Hammer) e Martin (Babou Ceesay).

Tudo parecia que ia funcionar bem, grana de um lado, armamento do outro. Até que Harry (Jack Reynor), outro funcionário de Vernon, resolve se vingar de Stevo (Sam Riley), capanga de Frank, por causa de uma treta que rolou na noite anterior. A discussão se transforma em uma confusão sem tamanho e, como tem arma pra todo (o) mundo, começa um imenso tiroteio entre as duas facções dentro de um armazém abandonado.

Aí JÁ VIU. Quase toda a ação de Free Fire se passa dentro do tal armazém e a grande questão é, basicamente, quais personagens vão sobreviver. Não espere arcos de desenvolvimento mais profundos do que isso e, sinceramente, o conceito do filme nem te faz ter qualquer esperança a este respeito. Basta ver o trailer. “Por que caralhos eles não simplesmente tentam fugir dali?”, você pode pensar. Mas o lance é que todos parecem bastante empenhados em tentar garantir que o dinheiro, isso sim, saia dali nas mãos certas, quaisquer que sejam elas. E quem gostaria de ficar com fama de covarde num ramo de negócios como este, afinal? :D

Embora ainda não tenha data de estreia prevista no Brasil (em alguns países da Europa estreia esse ano, nos EUA no ano que vem), o filme teve sua première na sessão Midnight Madness da última edição do Toronto International Film Festival (TIFF). As primeiras resenhas são praticamente unânimes ao utilizar adjetivos como “absurdo”, “surreal”, “violento”, “exagerado” e “cômico”, mas o Guardian, foi um pouco mais duro e diz que, desde Cães de Aluguel e Pulp Fiction, o que não falta são aspirantes a Tarantino tentando um lugar ao sol misturando violência e músicas dos anos 60. “Desde o começo, fica claro o que Free Fire quer ser: um futuro filme cult, com o pôster na parede do quarto de estudantes moderninhos e exibições especiais para fãs obsessivos que disparam as falas do filme enquanto vestem as roupas dos personagens. Durante algum tempo, até que o filme consegue”.

Uma coisa dessas o filme já conseguiu: que pôster maravilhoso o do filme. Quem não quer dentro da sua casa? :D

Free Fire

Durante uma sessão de perguntas e respostas realizada logo depois da exibição do filme no TIFF, Wheatley disse que a ideia por trás de Free Fire era simples. “Depois de todos aqueles filmes que eu fiz, fiquei pensando ‘o que eu gostaria de ver?’. E eu queria ver isso”. Aos 44 anos, aliás, esta foi também a oportunidade de ouro para este inglês nascido em Essex poder trabalhar de alguma forma ao lado de um de seus ídolos: Martin Scorsese, um dos produtores do filme. Entre referências como Os Sete Samurais, Blade Runner e 2001: Uma Odisseia no Espaço, ele coloca Taxi Driver lá na frente na sua lista de filmes favoritos. “Quando eu digo Taxi Driver, aliás, estou de verdade querendo dizer todos os filmes do Scorsese”, explica.

O filme anterior do cineasta tinha sido High-Rise, uma distopia baseada no livro de J.G. Ballard publicado em 1975. Com nomes como Tom Hiddleston, Jeremy Irons e Sienna Miller no elenco, a trama fala sobre uma guerra de classes que acontece dentro de um prédio residencial. Antes disso, ele já tinha experimentado outras pirações, como as férias frustradas de um casal em Turistas (não, não é aquele dos xóvens sendo atacados nas praias brasileiras), a difícil jornada de um matador em Kill List e os PERCALÇOS de uma família criminosa pra se manter na ativa em Down Terrace.

Free Fire

Assim como Luke Evans (o arqueiro humano da trilogia O Hobbit) estava originalmente escalado para o papel que é de Sharlto Copley mas acabou pulando fora por problemas de agenda, Olivia Wilde estava no esquema para viver a protagonista feminina. Mas o calendário de filmagens a obrigou a sair e Brie Larson mergulhou de cabeça. “Sou uma grande fã de Ben e Amy e, quando li o roteiro, ele tinha duas coisas que amo demais: era realmente divertido na superfície mas tinha algo mais profundo por baixo disso”. Em entrevista para o EW, ela deixa claro que sabia que não era um filme de muitos diálogos, que seria algo mais físico. Gravar as cenas depois de que sua personagem leva um tiro na perna foi ainda mais complicado. “Todos os dias eu ficava rastejando pelo chão cheio de pedras e outras coisas”.

O resultado de tamanha dedicação foi uma coleção de hematomas. “Lentamente, eu criei uma coleção de machucados nojentos e intensos em um lado da minha perna. Foi ficando progressivamente mais doloroso e mais feioso”, conta ela. “Meu trabalho é esquisito. É isso que estou fazendo. Como explico isso pras pessoas?”.

Você ainda não viu nada, Brie. Prepare-se para usar um uniforme azul, amarelo e vermelho enquanto finge que voa diante de um fundo verde. ;)