Com doses certas de ação, tensão, emoção e diversão, o novo capítulo da saga de Oliver Queen chega mostrando a que veio, sem tempo pra respirar. Ainda bem ;)
SPOILER! Pra abrir esta quinta temporada de Arrow, depois de um quarto ano bastante irregular, os produtores da série chegaram logo colocando todas as cartas na mesa, sem dar tempo ao espectador para respirar. O tal equilíbrio entre a ação mais dura, mais violenta e mais urbana das primeiras duas temporadas e o senso de humor que surgiu logo no começo do ano anterior funcionou bem direitinho. Claro, não estamos falando do mesmo tipo de leveza que é possível ver em Flash ou Supergirl, por exemplo. Não é um humor engraçadinho, de bem com a vida, mas sim uma série de diálogos rápidos, espertos e repletos de boas referências pop, que funcionam como um bom contraponto para a porradaria.
Aliás, que boa porradaria, eu diria. Sem inimigos sobrenaturais ou ameaças superpoderosas, Oliver Queen volta a se focar nos chefões do crime de costume — e um de seus principais ANTAGONISTAS já foi apresentado, um gângster à moda antiga recém-chegado em Star City chamado Tobias Church (Chad L. Coleman, o Tyreese de The Walking Dead, ótimo aqui). O cara quer reunir as principais famílias criminosas da cidade para encarar o Arqueiro Verde, porque só assim eles terão chance de se garantir nas ruas e derrubar o herói que é uma pedra no sapato da bandidagem — simples, direto e funcional.
O resultado são algumas das melhores e mais fortes cenas de luta já registradas ao longo de toda a série, incluindo a utilização mais frequente das clássicas “flechas especiais” do Arqueiro (flechas paraquedas: não saia de casa sem elas) e uma tomada que começa numa janela de vidro sendo atravessada e vai parar dentro de um helicóptero, gerando uma sequência tão bem coreografada e com um uso tão inteligente de efeitos especiais que facilmente dá pra pensar se não deram uma aumentada no orçamento dos caras.
Atuando sozinho na linha de frente, já que Thea Queen preferiu abandonar a identidade de Speedy e John Diggle saiu da cidade e deu um tempo no vigilantismo, Oliver tem que dosar seu tempo entre a atuação como herói e suas ações oficiais como prefeito. Obviamente que ele acaba dando mais atenção ao seu alter ego mascarado, tendo que encarar um pouco tarde demais o fato de que existe uma onda de corrupção dentro da polícia a ser combatida. Ele flerta novamente com seu lado mais sombrio, mais sinistro, voltando a matar e ultrapassando a linha fina entre sua faceta assassina, cultivada ao longo dos anos de treinamento em Lian Yu.
Oliver está no seu limite e precisa de ajuda, por mais que não admita. E é aí que Felicity entra, fazendo uma varredura de outros vigilantes que estão atuando na cidade, todos inspirados pelo próprio Arqueiro Verde, que podem ser treinados para fazer parte do #TeamArrow. O primeiro a aparecer é justamente o Cão Raivoso, que debaixo de sua máscara de hóquei deve ter ficado bem puto da vida ao levar uma flechada na perna como um “chega pra lá” em seu primeiro encontro com o futuro mentor. Definitivamente, isso não deve ficar assim.
O ponto é que Ollie está seguindo a promessa que fez à Canário Negro em seu leito de morte. “Por favor, não deixe que eu seja a última Canário”, foi o pedido dela, aquela frase dita ao pé do ouvido e que até então vinha sendo mantida em segredo. Faz sentido. O legado tem que continuar.
Por favor, não deixe que eu seja a última Canário
As duas principais cagadas da série na quarta temporada, ambas atendendo pela letra F, parecem ter sido devidamente corrigidas. A primeira delas é a coitada da Felicity, uma das melhores personagens de Arrow desde o princípio e que infelizmente acabou transformada em uma donzela em perigo apaixonada e chorosa. Este lado insuportável parece ser passado. A garota, cada vez mais confortável no papel do gênio cientifico Overwatch, dá sinais de ter superado bem o fim do relacionamento com o nosso herói e, além de arrumar um novo namorado (o que, não se enganem, muito provavelmente deve gerar uma dose de drama ao longo dos próximos episódios), voltou a ser a voz da razão na equipe. Ainda bem.
O outro F problemático, a inevitável trama paralela contada em flashback, em um episódio já se mostrou MUITO mais interessante do que aquela trama arrastaaaaaaaaaaaaada envolvendo a busca por um ídolo sobrenatural de bosta. Depois de passar de novo pela ilha, o Oliver cabeludinho cumpre a promessa feita pra a amiga Taiana e vai parar na Rússia, em busca de vingança contra um certo Konstantin Kovar (Dolph Lundgren, que ainda não apareceu mas está sendo ansiosamente aguardado).
Claro que o futuro arqueiro encontra o parceiro Anatoly Knyazev, talvez um dos coadjuvantes mais divertidos de toda a série, se mete num circuito ilegal de lutas e acaba indo parar nas fileiras da Bratva, a máfia russa, justificando o surgimento de parte de suas tatuagens e sua predileção pela vodca.
Esta semana, a produtora executiva Wendy Mericle deu uma entrevista ao Comic Book Resources na qual disse que Arrow foi originalmente pensada como um ARCO de cinco anos e que, portanto, esta quinta temporada é o encerramento de um ciclo. Uma sexta temporada necessitaria de uma reinvenção. Um recomeço. E sem os flashbacks, ela já adianta, porque este capítulo sobre a origem de Oliver Queen definitivamente acabou.
Olha só, a gente tá falando aqui de um episódio inaugural que não foi apenas melhor do que o episódio 1 da quarta temporada, mas também melhor do que grande parte da temporada anterior, repleta de altos e baixos. Isso já quer dizer bastante se pensarmos neste quinto ano como um fechamento para o começo da jornada de Oliver, como uma temporada que busca tudo que as outras tiveram de melhor e faz um mix. Até o momento, a ideia parece bastante interessante e funcional. Vamos ver como a coisa se desenvolve a partir daí. ;)