Bryan Fuller não é mais o showrunner de Star Trek: Discovery, a nova série que continuará com a Jornada nas Estrelas e tem estreia, no momento em que escrevemos isso, prevista para Maio de 2017. Fuller continuará como produtor executivo do projeto, enquanto o papel de CHEFÃO DE TUDO caberá, agora, à dupla Gretchen Berg e Aaron Harbets.

“Nós estamos extremamente felizes com a direção criativa de Star Trek: Discovery e a base sólida que Bryan Fuller nos ajudou a criar para a série”, disse a CBS Television Studios em comunicado oficial para a Variety. “Por causa dos outros projetos do Bryan, ele não pode mais supervisionar o dia a dia de Star Trek, mas continua como produtor executivo e continuará a mapear o arco da história de toda a primeira temporada... Bryan é um criativo de talento brilhante e um fã apaixonado por Star Trek, que nos ajudou a mapear um curso excitante para a série. Nós estamos comprometidos com a sua visão e ansiosos para estrear em maio de 2017”.

Nada que seja motivo de desespero, nem o que está no comunicado é mentira. Tudo isso é, infelizmente, parte do jogo.

Fuller tem um longo histórico com Star Trek, tendo escrito dois episódios de Deep Space Nine e trabalhado como roteirista e co-produtor de Voyager (duas séries que chegam ao Netflix Brasil em 03 de Novembro, junto da série Animada e a original). Juntando isso com o fato dele ter sido o showrunner de Hannibal, o cara tinha toda as credenciais necessárias para tocar essa volta de Jornada nas Estrelas para a TV. E foi o que ele fez: Discovery é basicamente a visão de Fuller, inclusive se passando dentro da timeline original da franquia e sendo, pela primeira vez em Star Trek, protagonizada por uma personagem que não é uma capitã ou capitão.

Além disso, Fuller já definiu o plot geral desta primeira temporada, escreveu os roteiros dos dois primeiros episódios e tudo mais. Só que ser showrunner é MAIS do que isso. É, mal comparando, ter o papel do diretor de um grande filme, cuidando de todos os aspectos do dia a dia. Enfim, uma responsabilidade PERENE, que demanda muito tempo do profissional. E foi aí que o problema surgiu.

Hoje, Bryan Fuller é badalado no mundo da TV. Ele é o co-showruner da adaptação de American Gods, baseada na obra de Neil Gaiman, com estreia também em 2017 no Starz, e que, no momento, está terminando as gravações e tocando a pós-produção, além de estar envolvido no revival de Amazing Stories, clássica série oitentista baseada na revista de mesmo nome. Enquanto isso, o dia permanece tendo apenas 24 horas.

Bryan Fuller, então, começou a evoluir as coisas de forma mais lenta do que a CBS gostaria. Primeiro, a empresa topou adiar a estreia, que originalmente seria em Janeiro. Ok, lançamentos de streaming não precisam ter data escrita em pedra por conta de planejamentos de programação ou temporada de estreias, mas Star Trek: Discovery tem uma importância maior nessa equação. A produção é uma grande aposta para chamar a atenção do público para o CBS All Access, o serviço de streaming por assinatura do grupo. Em uma época na qual o conteúdo exclusivo é rei, a coroa deles não pode ficar por muito tempo sendo polida, não é? Não à toa, Discovery tem um orçamento extremamente alto, entre 6 e 7 milhões de obamas por episódio. Pra você ter uma ideia, cada capítulo de Game of Thrones custa US$ 8 milhões, enquanto House of Cards e Once Upon a Time possuem orçamento de US$ 4,5 milhões por episódio.

Bom, também não ficou qualquer um tocando Discovery. Berg e Harbets trabalharam com Fuller em Pushing Daisies, então devem entender bem o que o ex-chefe pretendia. O próprio ex-showrunner, via twitter, já deixou claro que dá a sua BENÇÃO para a dupla.

Além disso, a Variety afirma que Akiva Goldsman, diretor e roteirista badalado por Batman Eternamente O Código Da Vinci, Uma Mente Brilhante e Eu Sou a Lenda deve integrar o time da série em um cargo criativo importante. Resta saber se essa é uma boa notícia... Ou não. :D

Star Trek: Discovery estreia em Maio de 2017 também no Brasil, via Netflix.