Aliás, por enquanto é até impossível. :D
“Hey, vocês não vão falar nada sobre isso?”, perguntavam, em resumo, mais de dois e-mails que recebemos por aqui durante o Carnaval. “Isso”, no caso, é o tal do Hoverboard, que a empresa HUVr Tech apresentou esses dias. Sim, Hoverboard, o skate de Marty McFly em De Volta pro Futuro II.
Bom, não tem porque a gente vir falar disso aqui como algo sensacionalmente foda, porque não é. Quer dizer, o Hoverboard é, mas essa história toda não. A razão é simples. FAKE. Anda como fake, fala como fake, cheira como fake, parece fake...
O vídeo é uma criação do Funny or Die. Logo, já sabemos que é uma piada. A quantidade de celebridades envolvidas no vídeo, aliás, já deveria significar alguma coisa parecida com isso. Mas, embora ainda não tenham se manifestado, uma pessoa que trabalhou na produção do dito cujo colocou o vídeo no seu currículo, com o sugestivo título de “Funny or Die Presents”.
A citação já foi devidamente deletada, mas... Too late.
Agora, o ponto PRINCIPAL disso tudo é que, pelo menos por enquanto, pelo menos no mundo em que vivemos, é IMPOSSÍVEL que exista esse Hoverboard — e que ele funcione do mesmo jeito que funcionou sob os pés de McFly.
A Mattel lançou, há alguns anos, um Hovercraft, igualzinho ao do filme, com uma única diferença: não flutua. O brinquedo foi demonstrado durante a San Diego Comic-Con 2012 e você pode ver como ele realmente ~funciona (talvez você só enxergue isso depois da segunda ou terceira vez, porque a menina que apresentou é uma linda <3).
MAS existem os hovercrafts, existe o Airboard, existe o AIR HOCKEY. Em todos, é criada uma corrente de ar entre o aparato e a superfície, com uma pressão tão mais alta do que o ar em volta que rola uma leve — BEM leve — flutuação. É tipo quando a gente passava em lojas de eletrodomésticos e, ao invés de televisões, havia aspiradores de ar sendo demonstrados, com bolinhas de ping pong flutuando.
Só que, pro Hoverboard, seria impossível criar essa corrente de ar, por N motivos — do tamanho à distância pro chão. E, mesmo assim, o do filme não tem dois ventiladores potentes. A flutuação é feita através de ÍMÃS, mais ou menos como trens-bala. “ENTÃO É POSSÍVEL!”
Bom, na teoria é. Mas o trem-bala segue um trilho, construído. Se você colocar o trem em QUALQUER outro lugar, além de super-força, você terá conseguido transformar ALTA TECNOLOGIA em um enorme peso de papel.
A Université Paris Diderot, na France (AH VÁ), em 2011 criou um protótipo de Hoverboard, chamado “Mag Surf”. GIGANTE em comparação ao que McFly tem, o produto usa nitrôgenio líquido pra transformar o metal que fica por baixo em um supercondutor. Com temperatura de até -200 graus, o metal frio pra cacete repele o trilho magnético embaixo dele, fazendo com que flutue, ao mesmo tempo que force o trilho pra baixo, podendo assim ir pra frente e pra trás.
Mas, reparou? TRILHO MAGNÉTICO. Em outras palavras, pro Hoverboard poder funcionar em qualquer lugar, o tempo todo, seria necessário que TUDO fosse magnético. Asfalto, telhado, fonte, corrimão, a sua mãe. E, até onde eu sei, as coisas não são assim. E muito, muito provavelmente, não serão NUNCA.
Obviamente, amanhã pode surgir uma nova tecnologia que faça, sei lá eu como, com que seja possível usarmos uma pranchas de plástico pra flutuarmos por aí — e eu realmente espero que isso aconteça, porque não suporto a ideia de saber que só aquele tênis horrendo é que pode existir no mundo em que vivemos.
Mas, por enquanto, Hoverboard é uma obra de ficção. Qualquer semelhança é mera coincidência. :)