Depois de 13 anos do lançamento do filme que popularizou o torture porn, Jogos Mortais: Jigsaw é só mais do mesmo. E desnecessário…
John Kramer, o infame assassino que tecnicamente não é um assassino, conhecido na BOCA PEQUENA como Jigsaw, merece um estudo de caso. Assim como os inescrupulosos produtores e responsáveis pela franquia Jogos Mortais.
Digo isso porque o movie maniac mais popular do século XXI morreu logo no terceiro filme da cinesérie, mas outros quatro filmes foram realizados depois do sujeito já comer capim pela raíz — lançados religiosamente todo ano, a fim de espremer o bagaço até o máximo, trazendo armadilhas cada vez mais escalafobéticas e uma escalada de mortes mais gráficas que a anterior.
Oi? É, sim, verdade. Na real agora são CINCO os filmes pós-John Kramer, considerando Jogos Mortais: Jigsaw, uma tentativa de ressuscitar a franquia para uma “nova geração” após sete anos de hiato, e que estreia nos cinemas brasileiros esta semana.
Sabe quando você tem a certeza absoluta que já viu de tudo e que mais nada poderia ser acrescentado a uma história que começou com um dos melhores filmes independentes do gênero da década passada, responsável por colocar James Wan no mapa de Hollywood e popularizar o torture porn? Uma história cada vez mais ENFADONHA, arrastada e um repeteco sem fim? É o que acontece com essa nova incursão cinematográfica de Jigsaw — ou melhor, um copycat que essencialmente só existe pra colocar aquela pulga atrás da sua orelha e fazer se perguntar se John Kramer está realmente morto, mesmo que tenhamos visto sua jugular ser aberta por uma serra e seu cadáver objeto de autópsia no começo do quarto filme (uma das mais emblemáticas e pesadas cenas da série, por sinal).
Jogos Mortais: Jigsaw, poderia muito bem não ter existido que não faria a menor diferença na vida de ninguém. Quer dizer, até que tem uma coisa ou outra lá que acrescenta ao cânone no plot twist final, marca registrada desde o original, e pode agradar aos fãs mais fervorosos. Mas, ao mesmo tempo, o desenrolar dessa nova trama traz algumas novas informações sobre a condição de Kramer que meio que tiram o crédito da motivação que levou o personagem a se tornar o manipulador que coloca suas vítimas em jogos, hã, mortais para que passassem a valorizar a vida e se arrepender de seus erros.
Pior ainda, depois do terceiro filme — onde a série acabou pra valer — talvez um dos únicos motivos que fazia os espectadores retornarem às salas de cinema no Halloween seguinte era o festival de sangue, tripas, desmembramentos, decapitações, empalamentos e toda sorte de tortura pornográfica e gore desenfreado. Neste oitavo, nem isso acontece direito, com mortes off screen e nenhuma cena que realmente cause embaraço, embrulho de estômago e mal estar por conta da violência para quem já é escolado, salvo o excelente trabalho de maquiagem e efeitos práticos dos cadáveres.
O ponto positivo é que Jogos Mortais: Jigsaw não abusa mais daquela irritante e frenética edição de videoclipe que acompanhou a franquia e era algo tão anos 2000, e nem da fotografia verde-azulada que caracterizou os outros filmes. E, verdade seja dita, apesar das falhas, roteiro insosso e emaranhado de clichês, de todas as tentativas de ressurreições de franquias que aconteceram esse ano, como O Chamado 3, Leatherface e Olhos Famintos 3, Jogos Mortais: Jigsaw é a mais aceitável.
A dúvida agora é se teremos uma nova continuação, para amarrar algumas pontas soltas deixadas no final, como sempre, ou, quem sabe, o surgimento de uma nova franquia interminável. O fato é que o filme já faturou mais de 94 milhões de dólares em bilheterias ao redor do mundo (tendo custado apenas US$ 10 Milhões). É mais que o sofrível Jogos Mortais 6, mas ainda longe do que já arrecadou outrora, em seus tempos áureos.
Viver ou morrer, que a Lionsgate faça a escolha.