A DC Comics tá preparando algumas coisinhas interessantes na programação pra tentar garantir a mensalidade com o DC Universe
“A primeira experiência digital imersiva projetada apenas para fãs da DC”. É assim que a DC descreve o seu serviço de streaming, anunciado no ano passado e cujo nome foi enfim divulgado nesta quarta-feira (02): DC Universe.
Com esta página oficialmente dentro do site da DC Comics, além de dar um espaço pras pessoas se cadastrarem (desde que sejam moradoras dos EUA, o que já nos deixa com aquela pulga atrás você sabe de onde) e serem avisadas sobre novidades (como, por exemplo, a data de lançamento da parada e o preço, ambos ainda um mistério), eles também já cravaram as quatro séries originais, entre animações e live-action, que vão servir como primeiros carros-chefe pra tentar roubar um pouco das mensalidades de serviços similares.
Basicamente, enquanto a DC dos cinemas luta pra arrumar a casa, se estabelecer de algum jeito que ainda não sabemos bem e garantir minimamente uma graninha nas bilheterias, a DC da tela menor entendeu o seu potencial, tanto com a turminha do Arrowverse quanto com as suas bem-sucedidas animações, e atacou com tudo que tinha.
Começando pela terceira temporada de Young Justice, continuação direta da saga dos jovens heróis da DC usados como arma secreta para a Liga da Justiça e cujas primeiras duas temporadas foram exibidas no Cartoon Network entre 2010 e 2013. Com um ótimo desenvolvimento de personagens e histórias bem amarradas e empolgantes, a série causou comoção quando foi cancelada.
Os fãs quiseram fazer até uma campanha de financiamento coletivo pra garantir a volta das aventuras de Asa Noturna, Robin, Kid Flash, Miss Martian, Superboy e Aqualad. E, quando os produtores Brandon Vietti e Greg Weisman confirmaram que ia rolar, chegaram até a dar a entender que a parada ia acontecer no Netflix mesmo. Mas digamos que pintou uma mudança de planos no meio do caminho, né? ;)
Com o subtítulo de Outsiders, o ano 3 vai mostrar o time envolvido numa trama de tráfico de metahumanos e uma corrida armamentista genética pela galáxia.
Por falar no elenco jovem da DC, outra atração será uma reinterpretação, agora com atores de carne e osso, dos Novos Titãs, batizada de Titans. Com produção do premiado Akiva Goldsman, o roteiro e o desenvolvimento criativo ficarão a cargo de ninguém menos do que Greg Berlanti, o homem por trás das séries DC do canal CW. Um movimento bastante inteligente, claro, considerando o tanto de audiência que ele atrai com o combo Arrow, The Flash, Legends of Tomorrow e Supergirl — e que já fez, inclusive, começarem as perguntas como “esta nova série se conecta dentro do mesmo universo das outras?”, “o Kid Flash e o Arsenal, que já apareceram nas séries originais, vão parar no elenco de Titans?” e “será que vão usar o Exterminador de Arrow aqui? Afinal, ele é o grande antagonista dos Titãs”. A resposta para as três perguntas, pelo menos por enquanto, é “ninguém sabe”. ;)
Em 2016, a TNT abriu mão do mesmo projeto, na época nas mãos de Goldsman e de Marc Haimes (roteirista de Kubo e as Cordas Mágicas). O piloto tinha sido encomendado lá atrás, em 2014, mas dois anos depois o presidente da emissora afirmou que “este não era o caminho que nós queríamos seguir” (leia-se “não queremos ser uma emissora de super-heróis, deixa isso pro CW e não me enche o saco”).
O que se sabe em termos concretos sobre a série até agora é que Dick Grayson (a ser interpretado por Brenton Thwaites, estrela do mais recente Piratas do Caribe) vai “emergir das sombras para se tornar o líder de um grupo de novos heróis. Leia aqui, portanto, a princesa alienígena de Tamaran chamada Estelar (Anna Diop), a filha do terrível demônio Trigon, a garota Ravena (Teagan Croft) e o transmorfo Mutano (Ryan Potter), entre outros. Até o momento, não existe qualquer menção ao Aqualad e mesmo ao Cyborg — que, como vocês devem se lembrar, apareceu no filme da Liga e, pelo menos em teoria, teria um longa pra chamar de seu previsto no meio do caminho.
No entanto, teremos um casal que, apesar de não serem eles mesmos Titãs em tempo integral, devem aparecer bastante ao longo da série: Rapina e Columba, dois dos heróis B mais adorados pelos fãs da DC, quase como o Manto e a Adaga da editora. Minka Kelly (Friday Night Lights) será a calma, pacífica e racional Dawn Granger, a Columba, enquanto Alan Ritchson (que já foi o Aquaman em Smallville, aliás) viverá o impulsivo e cabeça-quente Hank Hall, o Rapina. Ela agente dos Lordes da Ordem, ele um agente dos Lordes do Caos, ambos com superforça, superagilidade e capacidade de regeneração ampliada.
TÁ BOM, TÁ BOM, vamos tirar o elefante branco da sala, você viu umas fotos de bastidores do Mutano, da Ravena e da Estelar, a gente viu, todo mundo viu, foi um sarro só... OK. Mas, cá entre nós, nada daquilo, sem um trabalho típico e devido de pós-produção em cima, significa rigorosamente nada. Então, acho que fico muito mais com estas fotos de divulgação aqui, que dão um clima bem diferente pra coisa toda.
Aí, tem OOOOOOOUTRA animação, com foco mais adulto e estrelada pela mais nova queridinha da DC, seja nos gibis, seja nos cinemas (basta ver a quantidade de produções que, de uma forma ou de outra, prometem tê-la no elenco): a Arlequina.
Com 26 episódios e produção da trinca Justin Halpern, Patrick Schumacker e Dean Lorey, que tramparam juntos na finada Powerless (OHBOY), a história deve se basear na atual ambientação dos gibis (cortesia do casal Amanda Conner & Jimmy Palmiotti), que carrega um tipo de humor meio Deadpool e na qual Harley corta de vez os laços com o Coringa, buscando sua própria vida em Gotham City, sempre contando com a ajuda da melhor amiga, a Hera Venenosa.
Esta primeira imagem conceitual, no traço de Conner, pode não refletir o visual final da animação, mas já dá uma boa ideia do caminho que vai seguir, com uma dezena de personagens secundários do Morcegão servindo como coadjuvantes.
É óbvio que a ideia da equipe é ter Margot Robbie dublando a personagem, mas sabemos bem que questões de agenda (também conhecida pelo nome de ISSO DEVE CUSTAR MUITO DINHEIRO) podem acabar inviabilizando a ideia.
E aí tem a quarta e última série, anunciada esta semana junto com o nome do serviço. Uma surpresa na qual o diretor James Wan, um dos grandes nomes contemporâneos do terror nos EUA (Jogos Mortais, Sobrenatural, Invocação do Mal) e responsável pelo filme do solo do Aquaman, afirmou estar trabalhando há algum tempo: um live-action do Monstro do Pântano. É, ele mesmo — o cara que o Wan chamou de “herói vegetariano”, que estrelou dois filmes HORRÍVEIS em 1982 (dirigido por Wes Craven, veja você) e em 1989 e ainda chegou a ter, a partir de 1990, uma série de três temporadas BASTANTE QUESTIONÁVEL no canal USA que traz o mesmo Dick Durock dos filmes no papel principal.
“Esperem clima, mistério, romance gótico e monstros do pântano”, prometeu James, em seu anúncio no Twitter. Mark Verheiden (Battlestar Galactica) e Gary Dauberman (It) estão escrevendo o roteiro, com Wan e Michael Clear como produtores executivos.
A história gira em torno de Abby Arcane, uma pesquisadora do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) que volta à sua terra natal, a cidade de Houma, Louisiana, para investigar um vírus mortal que vem sendo transmitido pelo pântano. Ela acaba desenvolvendo um laço surpreendente com o cientista Alec Holland, até que ele acaba sendo brutalmente tirado dela em um “incidente”.
Quando forças corporativas e políticas poderosas aterrissam na cidade querendo explorar as propriedades misteriosas das águas pantanosas para seus próprios usos, Abby descobrirá que o pântano guarda também alguns segredinhos místicos, ao mesmo tempo maravilhosos e horripilantes. E Alec volta do que parecia ser o mundo dos mortos transfigurado como um ser vegetal, uma entidade ligada à natureza com poderes além da nossa compreensão.
Não, não tem ninguém confirmado no elenco ainda mas tá bom, imagino que vocês tão aí pensando a mesma coisa que a gente: será que vai ter espaço pro Matt Ryan, que foi o mago sacana John Constantine em sua própria série de vida curta e agora tá sendo reaproveitado no Arrowverse (tudo indica que ele será integrante regular do elenco de Legends of Tomorrow na próxima temporada), encontrar com o seu grande amigo verde e lodoso?
Curiosamente, o anúncio dessa semana não inclui Metropolis, que já tinha sido anunciada lá atrás também como atração do serviço de streaming da DC e que acabou sendo ultrapassada pelo Monstro do Pântano, que já ganhou logo e tudo mais. Será por conta da estreia, anunciada só pra 2019? Mas, até aí, o seriado do monstrengo também ficou pro ano que vem... Estranho. Enfim, vocês lembram: uma história focada em Lois Lane e Lex Luthor na cidade que batiza o programa ANTES da aparição do Superman por lá. Já tinha até cravado uma primeira temporada de 13 episódios, tudo mais. A produção executiva seria dos mesmos John Stephens e Danny Cannon de Gotham — sendo que Cannon dirigiria o primeiro episódio a partir de um roteiro de Stephens.
Sobre o DC Universe, aliás, existem algumas OUTRAS questões maiores do que esta e que envolvem, basicamente, O QUE ele vai ter de programação potencial ALÉM dos originais. O CW, por exemplo, fez o maior barulhão em 2016 por causa do acordo que fechou com o Netflix para as suas séries, INCLUINDO aí toda esta leva de super-heróis. Portanto, pelo menos por enquanto, nada feito. Será que isso valeria, no entanto, pras séries animadas do CW Seed, tipo Vixen ou a própria série do Constantine, que estreou em março? O mesmo CW Seed que, aliás, exibe os recentes longas animados que a DC vem produzindo aos montes nos últimos anos...
Será que programas como Gotham ou mesmo Preacher podem ir parar lá no DC Universe? Teen Titans Go! e Justice League Action, ambas no CN, teriam brechas contratuais neste sentido, já que é tudo parte do mesmo grupo Warner? E as velharias, então? As séries antigas do Batman ’66, da Mulher-Maravilha, do Shazam, Smalville, As Novas Aventuras de Lois & Clark, o Flash original do John Wesley Shipp... Desenhos que poderiam ir desde os Superamigos até Liga da Justiça Sem Limites, passando pela clássica The Batman Animated Series e até pelo Super Choque.
Isso porque a gente nem tá falando dos filmes — esquece o que tem de Homem de Aço pra cá e pensa nos Supers clássicos do Christopher Reeve, por exemplo.
MANO: sei lá se estas quatro séries originais vão ser boas ou não. Mas que só este acervo possível já garantiria HORAS de diversão, ah, mas disso não tenhamos dúvidas.