Rir (de si mesmo) é o melhor remédio | JUDAO.com.br

Mais do que rir dos outros, temos que aprender a rir de nós mesmos

Parece que o engraçado, hoje em dia, é rir dos outros. Piadas sobre judeus, gays, mulheres, gordos, portugueses, árabes – e por aí vai -, viraram algo corriqueiro. Rir do outro virou normal.

A comédia é, de longe, o gênero mais difícil de fazer, pois cada pessoa tem um senso de humor diferente – e se um dia você trombar comigo em alguma sala de cinema, com certeza vai me ouvir gargalhar de algo que ninguém mais achou engraçado -, mas o que realmente incomoda é o humor maligno. Criar caricaturas, como fez Marcelo Médici na peça “Cada Um Com Seus Pobrema” ou Marco Luque em “Labutaria”, é uma forma de encostar-se à realidade e fazer pensar enquanto se ri, o que é excelente. Apontar para o outro e fazer com que a pessoa seja motivo de chacota, humilhando e rebaixando a pessoa, incomoda. Pode não ser na hora, mas você provavelmente vai se sentir desconfortável depois.

E eu vejo que no mundo do entretenimento faltam pessoas que saibam se expor e rir de si, no melhor estilo Charles Chaplin. Ou, se você preferir, no melhor estilo Monty Python. Nos últimos anos passamos por uma maré boa – e ruim – de comediantes e acabamos chegando em 2014 com alguns excelentes atores desabrochando, aparecendo ou reaparecendo.

Robert Downey Jr.

Robert Downey Jr. ressurgiu das cinzas com um timing e uma inteligência incrível para comédia em O Homem de Ferro. Em entrevistas de divulgação, na maior desenvoltura do mundo, riu de seus erros passados (a frase “não ensinam francês na prisão” é um exemplo claro disso), fez graça da sua vida e deixou todos aos seus pés.

Mais ou menos na mesma época Jennifer Lawrence despontou e se transformou na queridinha do mundo, ironizando os padrões magérrimos de beleza, caindo, sempre atrás de comida e se mostrando humana e engraçada por onde passou. Na mesma leva tivemos Tina Fey, Amy Poehler, Kristen Wiig e Melissa McCarthy. Além de Christoph Waltz, Will Ferrell, Zach Galifianakis, Steve Carell, Paul Rudd e Woody Harrelson. Talvez o que falte não sejam atores para dar vida aos personagens, mas sim histórias realmente boas e humanas (como “Intocáveis”).

Eu torço por novos talentos da comédia, porque no fim, o bom mesmo é saber rir de si mesmo.