Samantha! é o original Netflix brasileiro mais agradável até agora | JUDAO.com.br

A série não chega a decolaaaar e, em alguns momentos, exige um certo esforço de quem assiste, mas é a melhor produção nacional do serviço de streaming até o momento

Desde o lançamento de Bingo: O Rei das Manhãs, em 2017, nos conectamos com o clima dos anos 80 da nossa televisão de novo: cores, programas infantis que duravam hooooras e aquela pitada de linguagem ~inapropriada para crianças. O sucesso que o tema fez foi estrondoso e relembrar esses tempos foi TÃO gostoso e o filme foi TÃO bem feito que quaaase rolou uma indicação ao Oscar. E, nesse contexto, Netflix traz Samantha!, série que conta a história de uma ex-artista mirim, vivida por Emanuelle Araújo, que cresceu, mas vive das migalhas do seu sucesso do passado.

Ela fazia parte da Turminha Plimplom, bandinha aos moldes do Balão Mágico. SÓ QUE ela tinha um ~quê de menina encapetada e, como queria fazer mais sucesso do que os colegas, sabotava os outros, dava apelidos ofensivos aos amiguinhos e criou uma fama de insuportável, ganhando o apelido de “Samonstra”. Depois de crescida, casou-se com Dodói (Douglas Silva), jogador de futebol, enquanto ele ainda estava na cadeia cumprindo uma pena de 12 anos, e com ele teve dois filhos: Cindy (Sabrina Nonato) e Brandon (Cauã Gonçalves). Agora, agenciada por Marcinho (Daniel Furlan), ela ainda faz alguns shows cantando o mesmo hit de 33 anos atrás, Abraço Infinito, junto com seu amigo da época, o mascote Cigarrinho (Ary França), que nada mais é do que um maço de cigarros com braços e pernas.

Apesar de ter uma premissa SUPER legal (e, bem, um tanto REAL também...) e detalhes bem engraçados, Samantha! não parece pegar no tranco direito. O primeiro episódio mostra uma produção caprichada e colorida do programa oitentista, figurinos lindos e uma fotografia bonita. Mas... a direção de atores tá estranha. Em certos momentos, é bem caricata. Em outros, parece uma novela: sem punch nenhum, aguada. Samantha e Dodói acabam parecendo um casal de qualquer núcleo humorístico, seus filhos são só meio sem graça e o empresário tem toques demais de outro personagem do Daniel Furlan, o Renan do Choque de Cultura.

Temos coisas bem interessantes, veja bem. A ideia de um mascote infantil antigo ser um maço de CIGARROS, os toques de decadência da vida de Samantha e os momentos de carinho familiares são coisas que dão vida. A tal música Abraço Infinito é BEM a cara desses grupinhos infantis e talvez grude na sua cabeça como grudou na minha. Mas para por aí. Mesmo em episódios em que rola uma certa crítica ao mundo televisivo e como ele pode ser cruel e machista, o assunto se perde e acaba sem concluir muita coisa. Os conflitos não têm muuuita força e a série vai ficando desinteressante.

Ao final dos 7 episódios dessa primeira temporada até existe uma retomada de fôlego, mas com uma narrativa bem corrida que acaba ficando MAIS OU MENOS como o episódio 7 de Stranger Things 2: feito pra dar profundidade, mas é só apressado demais.

Ainda com tudo isso, é a produção nacional Netflix mais bem feita que temos até o momento. Provavelmente vai emplacar uma segunda temporada, e tomara que fique BEM melhor. É como dizia a Turminha Plimplom, né? “O importante é não deixar de acreditar!” ;)