O estúdio comprou uma história que parece BEM interessante sobre uma princesa guerreira que precisa defender seu povo usando poderes mágicos.
Me lembro claramente da época em que o tema “Princesas Disney” virou franquia e, portanto, febre entre as meninas do meu colégio. Elas tomavam conta dos aniversários, roupinhas, brinquedos... E por mais que eu sempre tenha sido uma menina-com-vontade-de-ser-menino (mais tarde, descobri que só queria a liberdade deles), lembro de ENCHER o saco por um caderno que trazia a Branca de Neve cheirando uma flor ou algo assim. E isso rolava principalmente porque eu era parecida com AQUELA princesa e adorava me identificar ali.
O problema, além daquela história toda do exemplo de fragilidade sobre o qual já falamos um pouco aqui, era que todas eram brancas no melhor arquétipo europeu. Ariel, Branca de Neve, Cinderela, Bela Adormecida... E mesmo que Mulan, Jasmine e Pocahontas não seguissem este padrãozinho, vamos combinar que as três MAL apareciam. Não existia um material escolar estampado com o rosto de uma chinesa, camisetas com a cara de uma árabe ou lancheiras com a face de uma indígena. O que dominava mesmo eram as moçoilas fofas de pele clarinha, posando alegres e bucólicas de vestidão com manga bufante e com passarinhos cantando ao redor.
MAS atualmente a coisa anda mudando na Terra do Mickey Mouse. Em 2009, com o filme A Princesa e o Sapo, a Disney teve sua primeira princesa negra, Tiana. Em 2016, vimos Moana, princesa não-branca da Polinésia, se juntar ao time com uma dose extra de personalidade. No Disney Channel, temos Elena de Avalor, de origem latina. E agora parece que teremos mais uma: Sadé!
De acordo com o Deadline, os estúdios Disney compraram uma nova ideia de um filme live-action sobre uma princesa de origem africana. Os idealizadores originais da narrativa, Ola Shokunbi e Lindsey Reed, trabalharão eles mesmos no roteiro sobre uma garota que, ao ver seu reino em perigo, descobre poderes de guerreira e aprende a lidar com eles, aceitar quem ela é de verdade para proteger a si mesma e seu povo.
O filme ainda está em fase de pré-produção e ainda não tem diretor escolhido ou previsão de estreia, mas Rick Famuyiwa (Dope: Um Deslize Perigoso, aquele mesmo que seria o diretor do filme do Flash) está envolvido como produtor, enquanto Scott Falconer deve assinar como produtor executivo via Verse, a produtora da dupla.
Sabe-se ainda que Tendo Nagenda (da versão live-action de Mulan) e Zoe Kent (Entourage) estão envolvidos de alguma forma para fazer o filme acontecer.
O projeto, apesar de embrionário, parece O MÁXIMO. E com certeza bebe da fonte de Pantera Negra com a princesa Shuri e outros filmes recentes que encorajam e realmente TÃO A FIM de mudar essa uniformidade de tons de pele dos protagonistas das histórias.
Coisa que, além de agradar aos donos de cinemas e gerar lucro (capitalismo, né, vamos lá), também faz a gente modificar cada vez mais essa imagem alva e água-com-açúcar de princesas. Pois JÁ QUE histórias sobre elas sempre farão parte da cultura pop, que sejam inspiradoras, com protagonistas de várias origens e cheias de meninas e mulheres BEM FODONAS pra que o sentimento bom de se sentir bem representada não seja mais exclusivo para quem tem a pele branca. ;)