WiFi Ralph – Quebrando a Internet é uma animação da Disney como qualquer outra, mas isso não é mais o suficiente.
Detona Ralph é a maior prova de que o ~mundo dos games~ pode ser bom quando quer. O filme, cheio de referências a jogos de todas as épocas, aproveitou aquela coisa toystorica de “o que os brinquedos fazem quando não estamos vendo” pra contar uma história cativante aproveitando esse universo secreto de um FLIPERAMA fechado e, o principal, os próprios jogos, reais ou não, retratados no filme.
WiFi Ralph – Quebrando a Internet, porém, se perdeu completamente nesse mundão sem portêra que é a internet — o que, convenhamos, o subtítulo, vindo direto do título original, já avisava. Com a máquina da Vanellope quebrada, o tiozinho dono do FLIPER resolve aposentá-la, até porque agora precisa de um espaço novo na tomada pra ligar essa tal de Rede Mundial de Computadores™️, também conhecida como o único lugar em que se pode arrumar o volante que uma garota quebrou tentando controlar o carro da Vanellope, que resolveu se aventurar sozinha num circuito criado por Ralph pra que ela saísse um pouco do tédio.
Apesar do acesso proibido pelo Filtro de Linha, Ralph e Vanellope conseguem entrar e é a partir daí que o filme se torna só mais um filme, mais uma história genérica, perdendo toda a graça, nos vários sentidos da palavra, de antes. A internet é grande demais, nem todas as referências funcionam pra todos os públicos (todo mundo conhece o Mario, mas o eBay, especificamente, não é a coisa mais popular de um país como o Brasil) e o que sobra é só mesmo uma narrativa simples, piegas e bem fraca sobre amizade e companheirismo, com uma pitada bem grande e problemática de relacionamento abusivo — o tipo de coisa que é só uma muleta, uma vontade de não ter muito o que fazer pra dizer algo que poderia ser dito de outra maneira, muito mais construtiva.
Ralph e Vanellope conseguem comprar o volante quebrado no eBay. Mas, pra pagar, precisam desse negócio que chamam por aí de dinheiro e, pra isso, caem numa daquelas publicidades que oferecem grana fácil, mas te jogam num lugar que pouca gente tem a manha de visitar. Lá eles descobrem que um item de um jogo os ajudaria a pagar, o que gera o primeiro ATRITO entre Ralph e Vanellope; mas também ficam sabendo que fazer coisas imbecis e colocá-las no YouTube, se o Algoritmo ajudar, dá uma grana. E... Bem, essa é toda a “graça” de WiFi Ralph. Uns passos bem leves no que a internet pode oferecer que, num filme com um apelo tão grande, poderiam ter sido muito mais bem definidas e, por que não?, bem estudadas.
Tecnicamente não há o que se reclamar de WiFi Ralph — o que, por si só, talvez seja algo que devamos começar a reclamar. Tudo é muito perfeitinho, algo que tá chegando num ponto em que não conseguimos mais distinguir quem faz o que. Assim como, seja lá quem for, é Sandyjunior, tudo parece ser DisneyPixarDreamworks e fim.
A dublagem continua funcionando. Eu talvez esperasse um pouco mais de grave na voz do Tiago Abravanel, mas agradeço pelo trabalho da Marimoon que, enquanto faz exatamente o que precisava ser feito, não é tão insuportável quanto a versão da Sarah Silverman, no original. Eu só queria ter ouvido a Gal Gadot como Shank, mas a voz (e o sotaque) de Giovanna Lancellotti valem a pena.
E... É isso. WiFi Ralph é uma animação da Disney, isso ninguém consegue discutir. O problema é que isso talvez não esteja mais sendo o suficiente, especialmente se você quer um pouco mais de CINEMA. Pra quem se contenta com aquele castelo no começo, porém... ¯\_(ツ)_/¯