A Maldição da Chorona é realmente de chorar | JUDAO.com.br

Mais um terrorzão pipoca enlatado e formulaico do universo de James Wan e sua turma

Olha, nem sei mais se tem algo de novo a ser dito sobre a fórmula clichê e esquemática do tal Conjuringverse do James Wan. Nessa altura do campeonato, inspirado pelo famoso “está tudo conectado” do Universo Cinemático da Marvel, depois de dois Invocação do Mal, dois Annabelle, e um A Freira, a gente já sabe, de cabo a rabo, o que esperar de um filme como A Maldição da Chorona. Para o bem ou para o mal.

Na verdade, a gente já consegue cantar a bola do filme inteiro desde o trailer, mais especificamente a partir do momento em que você lê em letras garrafais na campanha promocional de marketing e no pôster que é do PRODUTOR JAMES WAN ou do MESMO UNIVERSO DE INVOCAÇÃO DO MAL.

Aquele terror formulaico, repetitivo, nada original ou inspirado, repleto de uma quantidade enorme de jumpscare por metro quadrado, trilha sonora pasteurizada, mensagem irritantemente CAROLA e um terceiro ato espetaculoso de confronto com o encosto da vez — que pode ser uma boneca, um capiroto, uma freira ou uma lenda folclórica mexicana, extremamente popular no país latino, que já deu as caras até como espírito zombeteiro em episódio do Chaves.

Sabe o tal do “VIU UM, VIU TODOS”? Pois é, desde o primeiro – e ótimo, diga-se de passagem – Invocação do Mal, absolutamente NADA de novo ou minimamente interessante nos é entregue nesse consolidado universo do terror mainstream que a Warner lança todo santo ano, mas sempre faturando caminhões de dinheiro com a franquia.

A Freira, por exemplo, foi a maior bilheteria do gênero no nosso país, faturando R$63 milhões, superando It: A Coisa e, vejam só, os dois Annabelle, segundo, terceiro e quarto lugares, respectivamente. Também foi o filme mais pesquisado no Google no Brasil ano passado. Creio em Deus pai...? Nem sei.

Então, como diz o poeta, em time que está ganhando não se mexe, né? Pois tome mais um terrorzão pipoca sobrenatural com pegada cristã mega conservadora, com fantasma feito ora de CGI, ora de maquiagem de cosplay, e um sem número de cenas com uma aparição brusca seguida de estouro do som no último volume, tudo para culminar num terceiro ato aventuresco, recheado de efeitos visuais para o combate à maledicência, usando um padre, ou curandeiro, ou casal charlatão caça-fantasmas, tanto faz, que usará algum gimmick manjado, artefato clérigo, ou saída fácil qualquer para acabar com todos os problemas da pobre família atormentada. E dá-lhe chavões, câmera lenta, frases de efeito e alívio cômico.

Mas sabe o mais triste? Como em outros filmes do Conjuringverso, tipo Invocação do Mal 2, Annabelle 2 – A Criação do Mal ou mesmo A Freira, um potencial gigantesco é desperdiçado, tanto de história, quanto de atuação, design de produção, trilha sonora, criação de atmosfera, ambientação. A Maldição da Chorona acaba sendo um produto completamente enlatado, mas daqueles que infelizmente agrada esse público médio que consome o terror de cinema nos dias de hoje.

Quer saber como jogar na lata do lixo um filme que traga o mais famoso caso de Poltergeist da Inglaterra, uma história sobrenatural envolvendo uma boneca em um orfanato isolado, uma presença demoníaca em um convento na Romênia no qual freiras vivem em clausura, ou o espírito de uma mulher amaldiçoada arrependida que surge chorando após ter se matado logo depois de ter afogado os dois filhos? Pergunte a James Wan e sua turma.

E quando estrear Annabelle 3 – De Volta Para Casa, que chega aos cinemas ainda esse ano, é só eu dar CTRL C + CTRL V nessa crítica, já que que aposto dinheiros a partir de agora que o filme irá seguir exatamente a mesma cartilha preguiçosa.

Melhor você fazer como o Chaves, e ir assistir ao filme do Pelé. Ou quem sabe do Peele…