“Se você falasse comigo em 2006 e dissesse ‘você acha que a gente vai ver o Patrick Stewart como Professor Xavier de novo? Você acha que a gente vai ver Ian e Halle e Ellen Page e Shawn Ashmore juntos na tela de novo?’, eu teria dito que não e, especialmente no caso de Patrick Stewart, eu teria dito que de jeito nenhum”. Assim Simon Kinberg, roteirista de X-Men: O Confronto Final e do novo X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, resumiu em entrevista ao Hollywood Reporter a maneira com a qual escreveu a terceiro parte da franquia dos Mutantes, ao dizer que “tudo pode acontecer” nesse universo, mesmo tendo escrito o novo filme para que fosse um adeus aos personagens da trilogia original.

Quem assistiu ao novo filme, que estreou na última quinta-feira aqui no Brasil, já saiu com esse sentimento de que a Fox resolveu limpar a cronologia e zerá-la, transformando X-Men: Primeira Classe no começo de tudo, com aqueles atores, aqueles personagens e aquela história sendo os fios condutores do que veremos daqui pra frente.

O que Simon Kinberg esqueceu, ou não ficou até o fim dos créditos pra perceber, é que logo depois de X-Men 3 o Professor Xavier de Patrick Stewart já havia voltado. Aliás, durante todo aquele filme essa possibilidade é deixada em aberto, culminando com ele usando um outro corpo pra conversar com a Doutora Moira MacTaggert, no hospital. É o tipo de coisa que podia ser só uma brincadeira mas que, ao mesmo tempo, é uma chance PERFEITA de se continuar alguma coisa, sem se preocupar com muitas explicações (que, de qualquer modo, ainda estão sendo dadas).

X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, por sua vez, fechou tudo o que estava aberto, PAVIMENTANDO a estrada que permitirá que aquela equipe enfrente novos desafios — mais ou menos, eu diria, como o que passou a acontecer com Os Vingadores.

Isso não impede, porém, que o elenco original retorne em algum momento do futuro. O diretor inclusive afirmou em entrevista ao Daily Beast que, em Apocalipse, HAVERÁ gente dos filmes originais — o que é meio óbvio, se a gente se lembrar de um tal de Wolverine.

Mas o fato é que, ao contrário do que aconteceu com X3, não tem mais ninguém morto. E isso dá a liberdade de usarem ou não qualquer um daqueles personagens e daqueles atores.

A Fox conseguiu acertar com Primeira Classe e, como eu imaginava e cheguei a escrever aqui, já tinha tudo planejado com Dias de um Futuro Esquecido, independente de quem fosse o diretor. Não é à toa que o filme é “mais Primeira Classe que Bryan Singer“. Não foi à toa também que o filme conseguiu US$ 261,8 milhões no fim de semana de estreia (superando, inclusive, Os Vingadores — MUITO EMBORA a abertura do filme da Marvel Studios tenha sido dividida).

Agora é torcer pra que os planos estejam muito bem definidos para Apocalipse, o próximo filme. Aparentemente, Bryan Singer funciona melhor desse jeito (sabia que, no roteiro original, quem faria o que o Mercúrio faz seria o jovem Fanático? Foi Singer que resolveu apostar num novo personagem e, como sabemos, deu MUITO certo). E que nesses planos não estejam mais Logan e Jean Grey... Deixa o Carcaju nos filmes solo, deixa ele aparecer só pra mandar a galera se foder... Tá mais que bom. ;)