Alex Garland explica porque não vai nem chegar perto de uma continuação de Aniquilação | JUDAO.com.br

O diretor ainda comentou sobre a libertação que sentiu ao perceber como o filme ressoou com o público

É incontestável que Alex Garland é responsável pelas ficções científicas mais intrigantes dos últimos anos. Com Ex_Machina: Instinto Artificial, o diretor ganhou destaque em seu primeiro trabalho como diretor e o sucesso se repetiu com Aniquilação, baseado em um weird fiction complicadíssimo escrito por Jeff VanderMeer.

Apesar do filme ter ido para os cinemas apenas nos EUA, Aniquilação foi um tremendo sucesso, rendendo ao diretor comparações com Andrei Tarkovsky e Stanley Kubrick, tornando-se um novo clássico automático da ficção científica — o que significa que a simples POSSIBILIDADE de continuação dessa história passa a existir, o que Garland já disse que não tem iteresse algum.

“Eu não tenho objeção a outra pessoa fazendo isso, mas não estou interessado na ideia de uma continuação” disse o diretor ao IndieWire. “Eu sinto que fizemos este filme, e este é o filme que fizemos. Quando a coisa estiver terminada, estou cansado disso.”

A aversão de Garland em fazer sequências tem relação com seu próprio processo criativo. Para o diretor, o que quer que ele esteja trabalhando naquele momento é uma reação ou um “empurrão” contra um projeto que ele acabou de fazer. E foi essa “reação” que levou o diretor para Aniquilação depois de Ex_Machina. “Quando a coisa está terminada, já terminei. Eu imediatamente começo a seguir em frente, então eu nem tenho uma opinião sobre uma sequência de Aniquilação. Durante todo o tempo fui claro com todos, do estúdio ao elenco, eu disse a todos que realmente não o via como parte de uma franquia.”

Eu nem sequer conceitualizei isso como o começo de uma trilogia.

Alex Garland no set de Aniquilação

Li a trilogia Comando Sul e posso dizer que são obras bem diferentes que seguem a mesma linha de raciocínio. Mesmo sendo baseado no primeiro livro da trilogia, Garland fez mudanças BEM significativas na história, tanto que o filme tem um final diferente do livro. Por sinal, o final do filme inviabiliza DIVERSAS situações dos livros seguintes, então é curioso pensar que caminho essa possível sequência tomaria e pensar se as IDÉIAS de VanderMeer permaneceriam mais importantes que uma adaptação fiel.

Assim como em Ex_Machina, Garland criou caminhos estéticos que mostraram sua capacidade como diretor, porque poucos realizadores têm a competência de tornar uma ideia surrealista em algo tangível. Garland não precisa continuar Aniquilação para que elementos dos seus filmes continuem presentes em outros materiais. Imagina o quanto de material incrível ainda poderá sair das mãos — e da cabeça — do diretor?

Garland ainda comentou sobre como foi acompanhar os conteúdos que foram produzidos sobre o filme — pra ele, o mais importante das reações à Aniquilação foi a forma como as pessoas foram afetadas pelo filme, porque isso o ajudou a falar sobre suas próprias batalhas contra a autodestruição.”Havia materiais que li que as pessoas escreveram sobre a natureza da autodestruição, da depressão e sobre esses tipos de colapsos internos. Para mim, essas respostas foram muito eficazes em muitos níveis. Um deles foi apenas um enorme senso de libertação.”

Mesmo não levando a sério as comparações com Kubrick e Tarkovsky, o diretor acredita que as reações pessoais são mais importantes. “Pessoas falando sobre o modo como isso [o filme] se relacionava com um aspecto muito pessoal de sua vida ou de sua psicologia, isso era muito poderoso para mim.”

Foram três anos completamente envolvido na produção de Aniquilação e seu próximo projeto intitulado Devs segue um caminho diferente do seu último filme. Segundo ele, Devs é mais “preciso” e “focado”, enquanto Aniquilação era “maior e ambíguo”.

Mais uma prova de como o diretor segue em frente MESMO. Que bom.