Novo trailer da série animada da Arlequina dá mais detalhes da trama, que mostra Harley não apenas se livrando de um relacionamento tóxico com o Coringa, mas também saindo da sua sombra como supervilã
Se as fotos iniciais já davam a entender isso, quando enfim saiu o trailer do filme Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa, ficou claro que a ideia era cortar os laços da anti-heroína com o Coringa, já que ambos eram tratados como um casalzinho em Esquadrão Suicida. “Sabe o que é uma arlequina?”, pergunta ela, no começo do vídeo. “O papel de uma arlequina é servir. Ela não é nada sem um mestre. Ninguém se importa com o que somos além disso”. Logo depois, ela conta que terminou com o Coringa, que vai recomeçar, encontra as ~amigas com quem acaba formando um time meio que por acaso... E por aí vai.
Só que este é um processo que vai ser, de alguma forma, apresentado um tantinho antes, começando já no próximo dia 29 de Novembro, quando estreia a série animada Harley Quinn, mais uma produção original do serviço de streaming DC Universe. Esta semana saiu um novo trailer cheio de sangue, violência e palavrões, mas no qual a Arlequina passa por um processo semelhante de perceber o quão tóxico era o seu relacionamento amoroso com o Palhaço do Crime (“eu pensei que ele me amava”). Só que, mais do que isso, a personagem (cuja voz é de Kaley Cuoco, a Penny de The Big Bang Theory) também saca que eles nunca foram nem parceiros na vida do crime e que ela vinha sendo mantida à sombra do Mr.J, como algo menos do que uma sidekick, alguém que era usada para distrair o Morcegão enquanto o Coringa picava a mula.
E esta virada, quando ela conta com o apoio da amiga Hera Venenosa para ser a melhor vilã que pode ser, quando a Arlequina resolve ser uma ameaça de fato e até se candidata a uma vaga na Legião do Mal de Lex Luthor, é o grande mote do desenho. Tanto é que Harley mete na cabeça que quer montar o seu próprio grupo de vilões, recrutando um bando de fracassados como ela, uma galera de segundo escalão que vinha sendo pisoteada como acontecia com a própria enquanto trabalhava com o Coringa — nomes como Doutor Psycho, Cara de Barro e Tubarão-Rei. O Batman? Total coadjuvante. O Coringa? Este sim, o antagonista, aquele a ser de fato derrubado.
O tom carrega nas tintas do humor, como na fase das HQs comandada pela dupla Amanda Conner e Jimmy Palmiotti, em alguns momentos sendo quase uma sitcom supervilanesca (por mais sequências dela discutindo a vida com a planta carnívora falante da Hera, por favor). E, se continuar assim, digamos que vai ser ÓTIMO. :D
Lembremos, no entanto, que quando a Arlequina surgiu originalmente, ela DE FATO foi criada para ser uma sidekick pro Coringa, uma capanga que apareceu pela primeira vez não nos quadrinhos, mas sim na clássica série animada Batman: The Animated Series. Foi em 1992, no episódio Joker’s Favor, no que deveria ter sido um papel pequeno e único, acabou. Mas fez tanto sucesso que se repetiu inúmeras vezes, até que a Harley tornou-se presença obrigatória sempre que o Coringa aparecia.
Mas mesmo na série de Bruce Timm e Paul Dini, cerca de 1 ano depois, o episódio Harley & Ivy já estabelecia um rompimento com o Palhaço e a amizade com a Hera Venenosa — quando a Harley ganha vida própria, largando o ~pudinzinho e indo viver junto da amiga para que ambas toquem o terror em Gotham como as Rainhas do Crime. Quando Harley se tornou parte integrante da cronologia oficial da DC nos quadrinhos, migrando de uma mídia para a outra durante a saga Terra de Ninguém, o relacionamento com o Coringa se manteve mas a amizade com a Hera também, a ponto de ambas se tornarem inclusive amantes/namoradas durante um período de tempo.
Mostrar este amor entre as duas atingindo um OUTRO nível também nesta NOVA série seria a cereja do bolo para fazer com que não apenas a Harley se esqueça DE VEZ do sujeito, mas também os espectadores. Já deu de Coringa por enquanto, né?
“Harley Quinn é tão ousado, é obviamente uma comédia adulta sombria e com uma personagem hoje reconhecida globalmente, tem sido incrível gravar isso”, afirmou Kaley, num papo com o EW, assim que a série foi anunciada. “Ela não quer mais ser namorada do Coringa. Ela quer liderar a equipe, o que eu acho bastante apropriado para os dias de hoje, para a vibração que vivemos atualmente. (...) Tem sido um processo bastante empoderador. Sentar naquela cabine de gravação e gritar com os caras por horas a fio, foi incrível. Não ter que fazer penteado e maquiagem tornaram tudo muito melhor”.
Durante o evento da Television Critics Association, a atriz ainda lembrou que a Arlequina é uma vilã com uma bússola moral bastante definida. “A coisa legal é que, na maior parte do tempo, ela enfrenta vilões que são ainda piores do que ela. Então você torce por ela, dessa maneira”. O produtor executivo Patrick Schumacker deixa claro que, mesmo visualmente, é tudo contado sob o ponto de vista DELA. “Gotham vai ser retratada de um jeito mais iluminado e colorido porque é assim que ela vê. Da mesma forma, o jeito que retratamos os super-heróis, tratados de um jeito feroz nos cinemas, nós vamos nos divertir com eles. O Batman é um verdadeiro estraga-prazeres, enquanto o Superman conta piadas de tiozão”.
Os poucos que tiveram a chance de assistir à exibição do primeiro episódio durante a New York Comic Con parecem ter gostado, como prova este resumo do The Workprint: “Harley Quinn é uma viagem fenomenal, proporcionando à base de fãs leais e adultos da DC um produto divertido, acompanhado por uma excelente narrativa e desenvolvimento de personagem. Fiquei ansioso e empolgado pra acompanhar a série e a ascensão de Harley ao topo do submundo do crime de Gotham”.
De qualquer forma, boa ou ruim, Harley Quinn, a série, vai minimamente cumprir um papel bastante interessante na cultura pop. A personagem que surgiu num desenho como coadjuvante, cresceu, virou gibi, tornou-se ainda mais e mais importante e agora retorna à sua mídia original como protagonista. Melhor vingança não poderia existir, Dra. Quinzel.