O futuro do Demolidor | JUDAO.com.br
21 de março de 2016
Séries

O futuro do Demolidor

Depois de assistir à segunda temporada da série do Homem Sem Medo, agora a gente se pergunta o que pode acontecer a seguir – tanto na série dele quanto nas dos outros Defensores

SPOILER! Fim do último episódio da segunda temporada de Demolidor. Enquanto a gente espera começar aquele teaserzinho meio mais ou menos de Luke Cage, surgem as especulações e teorias do que é que vem pela frente — seja na terceira temporada, seja numa eventual série solo de algum dos personagens.

O fato é que você assistiu a uma temporada completa de uma série em 13h (literalmente, se bobear) e quer mais. Bom... Baseados apenas em nossos conhecimentos das histórias em quadrinhos — que não necessariamente significam qualquer coisa em adaptações pra outras mídias — e no que SENTIMOS, resolvemos pegar algumas pontas soltas e/ou ganchos deixados pelo caminho e fazer um exercício pra prever o que é que pode acontecer com Matt Murdock, Foggy Nelson, Karen Page, Elektra Natchios e Frank Castle.

Vamo aí?

Punisher

Justiceiro

Bom, tá certo que, apesar de todo mundo dos bastidores dar isso como FAVAS CONTADAS, nem Marvel e nem Netflix confirmaram oficialmente que uma série solo do Justiceiro estaria em desenvolvimento. Só que quem assistiu a esta segunda temporada do Demolidor tá ligadíssimo que o terreno foi mais do que preparado, com a transição completa do Frank Castle pós-trauma da morte da família e sua transformação em Justiceiro.

O tal coronel que era o Blacksmith existe mesmo nos gibis do Justiceiro, era o comandante da unidade na qual o Castle serviu na Guerra do Vietnã, que traficava drogas usando sacos de corpos. Mas vamos combinar que esta parte da trama foi total e absolutamente desnecessária? Mal-desenvolvida, acelerada (se ele era assim tão fodão na Cozinha do Inferno, sério que a gente nunca teria ouvido falar dele?) com uma conclusão óbvia pra caralho e um bandidão que, nhé, nem fedeu e nem cheirou? Fora o fato de, mais uma vez, dar um rosto para o Castle se vingar, o que sempre vou achar uma cagada tremenda. Pelo menos o diálogo de Castle com Dutton, na cadeia, deixa claro o caminho que a coisa vai seguir: “você sabe que esta sua guerra não termina aqui, né?”. Frank concorda. Ainda bem.

Enfim, o fato é que Castle cortou os laços com seu outro eu de vez ao explodir a casa – e agora tem o arsenal completo devidamente escondido, a roupa com a caveira no peito (e a ideia de que ela tenha sido inspirada pelo raio X de seu próprio crânio é muito legal) e até um CD misterioso com a inscrição MICRO (uma grande homenagem, claro, ao parceiro/fornecedor de armamentos de tecnologia Microchip), que deve ter informações sobre a bandidagem ou, talvez, guardar os segredos da tal missão secreta em Kandahar, que acaba não sendo explicada. Além disso, ele já tem pelo menos um grande vilão para combater. Um daqueles que vai poder tranquilamente dividir com o Demolidor.

Demolidor

Rei do Crime

Eu tinha absoluta certeza de que ele apareceria nessa temporada. Faria todo o sentido do mundo, já que ele é um grande adversário nos gibis não apenas do Demolidor, mas também do próprio Justiceiro (e do Homem-Aranha, mas vamos deixar esta discussão de lado por enquanto). Só que eu podia jurar que ia ser uma pontinha – e não numa interação BRILHANTE tanto com Frank Castle, fazendo uso de um poder de manipulação que é sua marca registrada, quanto naquele diálogo tenso e poderoso com Matt Murdock (que cena, senhoras e senhores, MAS QUE CENA). O recado foi claro: eu sou foda. Eu tô voltando. Vou recuperar meu poder e minha cidade. Se segura que vocês não viram da missa a metade.

Vincent D’Onofrio chutou bundas mais uma vez.

Numa eventual terceira temporada — e, bom, acho que ficou claro pra todo mundo, pelas pontas que foram deixadas soltas no caminho, que é questão de tempo até isso ser anunciado — o Rei do Crime será o grande vilão de novo. E pior: agora ele ficou puto da vida mesmo com o MURDOCK. E sua última cena, relembrando o machucado no lábio e depois tendo uma espécie de iluminação, pedindo para ver os arquivos sobre o advogado cego, dá claramente a entender que ele começou a fazer a conexão e que, se já não sacou, em breve deve sacar que ele e o Demolidor são a mesma pessoa. Quando chegamos neste ponto, dá até pra começar a prever que a próxima temporada seja inspirada em A Queda de Murdock, clássico absoluto escrito por Frank Miller e desenhado por David Mazzuchelli no qual o Rei descobre o segredo e destrói cada aspecto da vida de Matt Murdock, pedaço por pedaço. E mais: com direito à aparição do Mercenário.

Demolidor

Karen Page

Esta Karen Page da série do Demolidor é milhares de vezes mais interessante que a sua contraparte nos gibis. E a ideia de fazê-la tão durona e curiosa a ponto de começar a enveredar pelo lado do jornalismo é simplesmente sensacional. Colocar a volta da Elektra para BAGUNÇAR O CORETO da relação entre ela e Murdock ao invés de torná-los um casalzinho fácil também foi uma sacada de mestre. Tudo vai acontecendo devagar, sem exageros, sem forçar a barra — e permitindo que ela ganhe força e se desenvolva por conta própria, longe do estereótipo da mocinha em perigo, ainda que ela sempre esteja em perigo. “Mas não tem nenhuma encrenca na qual você não esteja envolvida?”, pergunta o policial Mahoney quando a encontra MAIS UMA VEZ numa cena de crime. Ele está certíssimo, foram mesmo muitas. E a gente agradece.

Nos gibis, a Karen se torna uma atriz de filmes pornôs e viciada em heroína, que “vende” a identidade secreta do Demolidor para um traficante de drogas, em troca de sustento para o seu vício. Esta informação chega ao Rei do Crime, que tem a confirmação que precisava e então começa a tal da Queda de Murdock sobre a qual falei logo acima. Isso, ainda bem, está longe de acontecer aqui. Mas agora que ela sabe a identidade secreta do herói, que Matt previsivelmente conta na cena final da temporada, pode ser que o Rei do Crime use o passado dela, aquele mesmo que estava nos arquivos em cima da mesa do finado Ben Urich, para chantageá-la e descolar algum tipo de informação a respeito.

Demolidor

Foggy

A treta entre ele e Matt é um verdadeiro clássico dos gibis do Demolidor. Não foram raras as vezes em que a Nelson & Murdock deixou de existir. É tipo o Homem-Aranha desistir de ser o Homem-Aranha, sabe? O legal aqui é ver a possibilidade que se abre – porque ele é contratado justamente pela empresa da Jeri Hogarth, a advogada “amigona” da Jessica Jones, para cuidar de casos que envolvam vigilantes. Ou seja: a costura entre as séries Marvel do Netflix vai se tornando mais intrincada. A probabilidade de vê-lo, mesmo que numa participação especial micro, na segunda temporada da Jessica é bem grande, assim como na série do Punho de Ferro — afinal, a Jeri é a versão feminina de um personagem importante para Danny Rand, Jeryn Hogarth, amigo de seu falecido pai Wendell. Importante lembrar ainda que, mais tarde, Hogarth se torna o advogado da Heroes for Hire Inc., empresa de heróis de aluguel aberta por Danny e seu melhor amigo, Luke Cage. Sacou as oportunidades da parada? :D

Demolidor_06

Madame Gao

Já que mencionamos o Punho de Ferro, gostei de ver que a mafiosa chinesa (“China? Não, eu venho de um lugar bem mais distante”) cheia de estilo continua sendo parte da equação. Ela ainda estar em Nova York é indício claro de que poderemos vê-la não apenas como uma parte da complexa e complicada relação com o Tentáculo mas também como uma imensa possibilidade de integração com o Punho de Ferro. Ela comanda uma organização cujas drogas são identificadas com o símbolo do vilão Serpente de Aço, um dos maiores inimigos de Danny Rand e ligado diretamente à antiga cidade de K’un-L’un, onde ele foi treinado. Além disso, a segunda encarnação do Serpente, Davos, trabalhou para a Crane Mother, mestra da cidade imortal de K’un-Zi — e que vem sendo constantemente associada à própria Madame Gao. Ou seja... tem jogo aí.

Elektra

Elektra

Olha só, talvez um dos grandes prazeres desta segunda temporada do Demolidor tenha sido mesmo ver as caras de surpresa de grande parte dos fãs que criticou Elodie Yung quando ela foi escolhida para ser a Elektra. Ela entregou uma interpretação envolvente, sexy e poderosa, do jeito que tinha que ser (mal aí, Jennifer Garner). Assim que descobrimos, junto com Matt, o fortíssimo instinto de matar que ela guarda dentro de si, rola uma mudança na chave e a Elektra que passamos a ver se torna mais fria, sombria, assustadora.

A morte dela faz MUITO sentido dentro do contexto da história, ela sendo o tal do “Céu Negro”, a arma viva prometida do Tentáculo, tentando encontrar o equilíbrio entre luz e trevas e se sacrificando para evitar que eles vençam. Mas, claro, também era de se esperar que os ninjas fossem atrás do corpo da moça para trazê-la de volta à vida.

Nos gibis, depois de ser expulsa da organização de Stick justamente por começar a demonstrar seu lado mais TREVOSO, a jovem se infiltra no Tentáculo e é treinada por eles, vazando antes que fosse corrompida por suas artes demoníacas. Ela se torna uma mercenária, matadora de aluguel e, anos mais tarde, quando reencontra Matt Murdock e é assassinada pelo Mercenário, QUASE que é ressuscitada pela organização. Mas acaba mesmo é voltando à vida pelas mãos de Stone, integrante do grupo de Stick. Quando ela retorna da terra dos pés juntos, seu lado das trevas se separa dela, tornando-se uma criatura de nome Erynys. Uma loucura tipicamente gibi mas que, aqui, talvez tivesse algum sentido de rolar...

Ela, porém, não deve voltar já na próxima temporada do Demolidor. Acho que seria desperdiçar um bom plot. O retorno triunfal, isso sim, pode muito bem ser quando o Tentáculo for a grande ameaça que os Defensores merecem. Vai ser o wild card pra balançar as estruturas e travar o avanço do Demolidor contra as FORÇAS DO MAL.

Demolidor

Tentáculo

Por falar na organização (que as legendas do Netflix chamam de “A Mão”, na tradução literal de The Hand, assim como chamam o “Punisher” de Punisher e “Daredevil” de Daredevil), eles me parecem uma ameaça grande demais para o Demolidor enfrentar sozinho. Tem alguma treta gigantesca rolando além da parada do Céu Negro (ou derivada dela, pelo menos). Retomando a trama do prédio que Wilson Fisk cedeu para os caras na primeira temporada, Matt e Elektra descobrem aquele buraco imenso que o Tentáculo está cavando e, bom, nada mais é dito a respeito.

Tenho minhas suspeitas de que, talvez, seja algo muito na pegada do que rolou durante a saga Terra das Sombras, na qual os sujeitos — na ocasião, liderados por um Matt Murdock que não tava batendo muito bem das ideias — começaram a construir uma espécie de prisão/templo secreto para servir de base para a “nova ordem mundial” que pretendiam fundar.

E aquelas crianças, hein? Talvez sejam demônios antigos no corpo dos moleques, afinal, o que poderia justificar o jovem Daniel ter matado o próprio pai, o contador do Tentáculo, assim, sem remorso, a sangue frio?

Por tudo isso, acho que o Tentáculo é uma ameaça que começa a se construir na série do Demolidor mas deve ser, de verdade, o grande inimigo que os Defensores unidos (Demolidor, Luke Cage, Punho de Ferro e Jessica Jones) vão enfrentar na série conjunta.

Aguardemos!