A ascensão do poderoso senhor do submundo | JUDAO.com.br

Novo trailer da série do Demolidor dá mais detalhes sobre a trama e finalmente abre espaço para entendermos a importância que terá Wilson Fisk, o Rei do Crime

O primeiro trailer da série do Demolidor só ajudou a estabelecer qual seria o clima pretendido pelos produtores: uma história policial violenta com ares de filme dos anos 70. A galera foi ao delírio, claro. Mas o segundo trailer, que saiu esta semana, foi ainda mais bombástico – e deixou os fãs do personagem em estado de pleno êxtase ao se estender um pouco mais nas peças do quebra-cabeças que formam a sua história.

Estão lá o boxeador Jack Murdock indo pro ringue e um jovem Matt Murdock sendo treinado pelo mestre Stick (Scott Glenn) e depois, já mais velho (Charlie Cox), em pleno tribunal. O estado lamentável de seu primeiro escritório de advocacia com o parça Foggy Nelson (Elden Henson). Um tantinho da misteriosa Claire Temple vivida por Rosario Dawson. O repórter policial Ben Urich (Vondie Curtis-Hall) iniciando a investigação sobre aquele sujeito mascarado que anda combatendo o crime na Cozinha do Inferno. Uns ninjas (?) que, só para constar, podem ser do Tentáculo, hein? E, claro, a inevitável citação aos personagens Marvel acima do nível sujo das ruas, como Thor e Homem de Ferro, mas com os quais o Demolidor vai dividir este universo.

Só que a coisa mais interessante e ao mesmo tempo mais intrigante desta nova prévia é o Rei do Crime, que aparece em toda a glória e esplendor vivido por um Vincent D’Onofrio que cada vez mais prova ser uma escolha certeira para o papel. É um Wilson Fisk ainda em processo de formação como o chefão da bandidagem que conhecemos. Conforme o showrunner Steven S. DeKnight já tinha revelado antes, a série mostrará não apenas o nascimento de um herói, mas também o de um vilão.

“Fisk tem muitos outros aspectos além de ‘quero conquistar a cidade e ganhar um monte de dinheiro’, na verdade”, explica DeKnight em uma entrevista à Entertainment Weekly. Esta, no fim das contas, parece que será a principal diferença entre o Rei do Crime visto no FILME do Demolidor, de 2003, e a atual versão. O Wilson Fisk do finado Michael Clarke Duncan se parece mais com o Fisk surgido originalmente nas páginas de The Amazing Spider-Man #50 (1967), criação de Stan Lee e John Romita Sr., quando era apenas um chefão ostentação qualquer da máfia e que, mais tarde, se tornaria um supervilão genérico que usa planos mirabolantes para derrotar os inimigos fantasiados. Insira sua risada para fins dramáticos aqui.

A mudança viria anos depois, quando Fisk foi trazido de volta pelo roteirista Frank Miller – só que agora no GIBI do Demolidor, que se tornaria seu principal antagonista. Miller fez do Rei do Crime um chefão da criminalidade maquiavélico e cruel, com sangue frio o suficiente para fazer o que fosse preciso justamente por ter crescido naquelas mesmas vielas sujas que agora dominava. Assim como o uniforme negro do Homem Sem Medo, é nítido que D’Onofrio usando os punhos para garantir o seu crescimento na cadeia de comando das ruas também indica inspiração na criação de Miller.

Nos gibis, Wilson Fisk era uma criança pobre de Nova York, tratada com desprezo pelos coleguinhas de classe por conta de sua obesidade. Ao invés de entrar em desespero, no entanto, o garoto usou sua força de vontade para treinar por conta própria em diversas formas de combate físico. Encheu a gordura de músculos. Não apenas recuperou o respeito e intimidou os VALENTÕES da sala de aula mas criou sua própria gangue juvenil. Conforme cresceu, acabou descoberto pelo chefe do crime de nome Don Rigoletto, tornando-se seu guarda-costas e eventualmente braço direito. Um braço traidor, no entanto: em um dado momento, tomado pela sede de poder, Fisk mata Rigoletto e toma o controle de seu império criminoso, tornando-se uma das figuras mais poderosas do submundo nova-iorquino.

Em sua nova posição, o autoproclamado Rei do Crime fez muitos inimigos – como o sindicato criminoso conhecido como Maggia e a HYDRA (temos um padrão aqui?). Unidas, as duas organizações fizeram Fisk recuar. Fora do país, no Japão, iniciou um bem-sucedido negócio dentro dos limites legais para ampliar ainda mais a sua fortuna. E então esperou, pacientemente, até que fosse a hora de voltar. E plantar as sementes de uma guerra de gangues que derrubou a Maggia de vez, colocando o mundo do crime em pleno caos e permitindo que ele pudesse assumir o controle em definitivo. Foi neste momento em que o CORPULENTO vilão encontrou o Homem-Aranha pela primeira vez.

Kingpin

É muito provável que, nesta primeira temporada, vejamos apenas o início desta história. De origem humilde, sem futuro, sem perspectivas, Fisk começa a trilhar um caminho sem volta. Se envolve com as pessoas certas, mata os principais peões do tabuleiro. Talvez vejamos Rigoletto ou algum equivalente – como Alexander Bont, criação recente de Brian Michael Bendis que teria sido o primeiro Rei do Crime da Cozinha do Inferno. Depois de conhecer Vanessa, sua futura esposa, pode ser que se arrependa. Mas aí já vai ser tarde demais. Já vai ter trilhado um caminho obscuro, já vai ter subido o bastante para não conseguir cortar as correntes e limpar o sangue das mãos. Mas, assim como acontece nos quadrinhos, ficará claro que Vanessa é o principal calcanhar de Aquiles de Fisk, responsável por fazê-lo repensar o seu futuro, alvo de seus maiores inimigos e pretensos aliados.

É muito legal que Fisk defina a si mesmo como um igual do Demolidor. Duas pessoas que querem assumir seus papéis nas ruas de uma cidade que praticamente corre em suas veias – mas cada um a seu modo e cada um com seus objetivos. A provocação do futuro Rei do Crime, no entanto, deixando Murdock com a pulga atrás da orelha sobre o quanto caminhar na linha fina entre o bem e o mal pode aproximá-lo de seu lado mais sombrio, é tema recorrente nos gibis do herói demoníaco a partir da passagem de Miller.

Viajando sobre o futuro, acredito que o final desta temporada deve deixar pelo menos duas pistas MUITO claras no que diz respeito a Wilson Fisk. Acabaria com o careca já no topo, assumindo o papel de homem de negócios de imagem inabalável, um filantropo até, o seu disfarce ideal para as atividades como Rei do Crime. E a presença de Karen Page (Deborah Ann Woll), aparentemente fragilizada, talvez já sob o efeito do vício, é quase que indicação certa de que teremos uma versão da Queda de Murdock – a brilhante saga na qual Wilson Fisk descobre a identidade do Demolidor e passa a usar seu poder e influência para atacar sistematicamente a vida profissional e pessoal de Murdock, com o objetivo de arrasá-lo psicologicamente. Em capítulos, no formato de uma série, é o tipo de história que tem tudo para manter qualquer espectador vidradão.

E que Deus e o Diabo protejam Matt Murdock do que está reservado pra ele na segunda temporada – ah, vá, alguém tem alguma dúvida de que ela vai acontecer? =D