Clássica série do Homem-Morcego fez 50 anos nesta semana — hora então de relembrar o seu AUGE, ao menos aqui no Brasil :D
A-Arca JUDÔNICA tem como INTUITO resgatar algumas das melhores publicações dos 16 de existência do Judão... e d’A-Arca. Republicaremos por aqui algum artigo, entrevista, podcast ou qualquer coisa que tenhamos feito na nossa vida que faça algum sentido nos dias de hoje. Gotta get back in time!
Foi exatamente em 12 de janeiro de 1966 que estreou no canal ABC, dos EUA, a série Batman. Sim, aquela do Batman barrigudo, do Coringa com bigodão escondido na maquiagem, cores berrantes e os SOC!, POW!, CRASH! surgindo na tela a cada soco ou queda. Foram três temporadas e uma Batmania que, querendo ou não, influenciam o Homem-Morcego até hoje. Mas a série também deixou um outro legado, esse especificamente pro IMAGINÁRIO brasileiro: Feira da Fruta!
Então não tem nada melhor pra comemorar esses 50 anos do que reviver um texto do JUDÃO sobre essa PÉROLA, escrito pelo Morph e publicado originalmente em 21 de julho de 2008. Faz tempo, né? ;)
Quando fui incumbido de falar sobre Feira da Fruta, logo de cara já fiquei tentando bolar maneiras de como abordar o tema dando aquela avacalhadzinha característica. Depois de matutar por uns 8 minutos, acabei me convencendo que tentar zoar o inzoável seria quase uma heresia para com (!) o trabalho feito neste episódio. Simplesmente não dá pra fazer melhor. Embora tenha conseguido espinafrar sem fazer grandes esforços alguns espisódios da série dos anos 60, com Feira resolvi respeitar esta grande obra-prima bóstica que acabou virando talvez o maior clássico da internê brasileira.
No início da década de 80 os videocassetes eram uma novidade do carvalho aqui no Brasil, e os primeiros aparelhos chegavam basicamente por meio de tiozinhos que iam tirar férias em países civilizados e traziam pra cá o grande lançamento. Tanto é que, segundo a Wikipedia, o primeiro VCR Made in Brazil foi feito em 1982, pela Sharp.
Acontece que já em 1981 residiam neste maldito país Fernando Pettinati (Bátima, o peidorrento) e Antônio Carlos Camano (Robin, o viadinho): dois moleques visionários, com cerca de 18 anos de idade, amigos de infância e bocas-sujas pra carvalho nas horas vagas. E trocentos anos antes da internet dar o ar da graça — quanto mais se popularizar — os dois já tiveram a genial idéia de usar a inovação tecnológica para produzir cocô do mas alto gabarito: Feira da Fruta estava prestes a nascer.
Na época o inocente e quase viadão seriado era transmitido pelo SBT, quando numa bela manhã de sol Fernando AND Antônio Carlos usaram o novíssimo aparelho para gravar o episódio Um adversário à altura de um medonho bandido (He Meets His Match, The Grisly Ghoul, o 16º da 1ª temporada) com a intenção de fodê-lo completamente logo depois.
Vale lembrar que em 1981 não era qualquer mané que possuía meios de editar vídeos, como acontece hoje. Portanto TODA a gravação deveria ser re-sonorizada (!?) de maneira artesanal, incluindo músicas de fundo e sonoplastia. Além, claro, dos diálogos. Este tão pitoresco fato pode ser facilmente notado através dos efeitos sonoros nas cenas do aparelho comparador de vozes da Batcaverna AND da Jukebox que atira. Na primeira os trutas assopram o microfone, enquanto na segunda o Corinthians perde pro Bah… uhum… o som do tiro é um “PÁ!“.
A impossibilidade de editar a bagaça posteriormente fez com que todo o episódio fosse gravado quase que na base do improviso. As várias vezes onde os trutas lutam bravamente pra não rachar o bico de dar risada no meio da gravação nos mostram isso claramente. Reparem no trecho onde Bátima diz que internará Robin em um colégio interno. Rola um “pfffff” épico. =D
Só pra constá, a dublagem de praticamente todos os outros personagens também ficam a cargo da Dupla Dinâmica desbocada tupiniquim, o que acaba confundindo o excelentíssimo Antônio Camano, que a certa altura do campeonato troca as vozes de Clotilde (a putinha relaxada) com o Garoto Prodígio. Mas claro que esses pequenos erros só agregam mais valor à obra. Afinal de contas, o que são um ou dois peidinhos em um mar de bosta?
Segundo oOooo Jornalista de Merda: “O videocassete JVC 6700 não era um aparelho comum. Era tunado. O bichão expandia os novos horizontes da tecnologia doméstica contendo um controle-remoto com fio, funções de câmera lenta, quadro a quadro e, no caso, uma tecla chamada audiodub, que proporcionava a inserção de áudio na gravação sem alterar as imagens. Tava feita a cagada.”
A partir daí rolou uma sessão corrida do episódio que durou a tarde inteira. Os dois assistiram à gravação pelo menos umas dez vezes, até sentirem-se aptos a assassinar a dupla dinâmica. Antes, porém, Fernando foi até o armário e sacou um compacto simples do Grupo Capote para enfeitar a nova versão da fita como fundo musical. Com o disquinho na agulha – e a música Feira da Fruta bombando nos alto-falantes posicionados ao lado da televisão. Restava apenas plugar o microfone. Tudo em riba, os dois foram às vias de facto.
Não tinha roteiro, script, porra nenhuma. Fernando e Antonio foram dublando na raça, passando o microfone de mão em mão e chorando de rir com o desenrolar dos diálogos carregados de boa parte dos palavrões da língua portuguesa. Quando a insanidade se adonava do ambiente e a hemorragia de prazer era difícil de conter, os dois tomavam um fôlego pausando as ações. Com os pulmões reabastecidos, prosseguiam alterando os rumos dos personagens de improviso, escolhendo na hora quem dublaria quem.
Segundo a descrição do modus operandi completo da coisa, publicado no blog linkado ali, o irmão de Antônio Carlos, após ver a coisa finalizada, quis participar, e acabou fazendo a voz do Comissário Gordon, que é um viado. Afinal de contas tanto sua mulher quanto sua mãe são duas putas pagas (o_O). Aliás, a palavra “puta” é repetida 49 vezes durante o episódio.
A gravação original virou febre na rodinha de amigos dos dois malucos, e começou uma tchutcharia de emprestar a fita para fulano, cicrano AND beltrano. Com isso, a gravação acabou se perdendo por aí. Até que em 1991 foi parar nas mãos de Fernando Chiocca, que fez da obra sua biatch e fundou algum tempo depois este site. Começou aí a popularização da coisa.
E qual não foi a surpresa de Fernando (O Bátima) ao receber por e-mail o vídeo que estava perdido há trocentos anos. Ele entrou em contato com seu amigozado Robin, e acabaram encontrando o Sr. Chiocca.
Eis que em meados de 2003 o vídeo se espalhou filhadaputamente via internet. O resto da história todo mundo já sabe: Os dois dubladores viraram celebridades internéticas, apareceram na TV e em eventos como encontros com fãs, palestras em faculdades e por aí vai. =D
A maior parte dos desocupados que já tiveram a oportunidade de assistir a esta joça já adicionaram ao seu vocabulário várias das expressões contidas no vídeo. Mas em todo caso, quem estiver interessado em conferir na íntegra palavra por palavra do… “Script”… favor clickar aqui.
Os mini resumões abaixo mostram bem a que ponto a mente insana de dois nerds pode deturpar uma inocente trama. Compare e comprove. ^__^
Sinopse de He Meets His Match, the Grisly Ghoul:
A dupla dinâmica escapa da morte por eletrocução através de um estranho blecaute. Depois de ouvir uma fita que encontraram, descobrem que Susie, a cheerleader, é integrante da gangue do Coringa. Tendo colocado os resultados das provas nas máquinas de leite, o Coringa tira fotos incriminadoras do time de basquete segurando os resultados, para que eles fossem suspensos antes do grande jogo. Assim ele poderia ganhar a aposta que teria feito para a partida.
Sinopse de Feira da Fruta:
Após uma tentativa frustrada de foder co Bátima, Curinga foge. Devidamente salva, a dupla dinâmica revela ao Comissário Gordon que estão no encalço do açougueiro fiadaputa que comeu sua mulher e sua mãe, as duas putas pagas.
Robin, que está cansado da porra da Batcaverna, recebe a missão de fantasiar de viadinho e ser a mulher do Curinga. Como ele é uma besta, vai para a lanchonete tentar comer Clotilde, a putinha relaxada. Após dar o fora em Robin, Clotilde se encontra com Curinga e fica incumbida de extrair a genitália do Bátima fora utilizando o “Lico de Cair Pinto”.
Bátima, que “sabe ver hora, porra”, salva a dupla dinâmica de ser baleada com um bat-escudo que retirou do ânus. A tia do homem-morcego liga para o Curinga a procura de sexo. O Ele, o palhaço, o jóker, dá um charuto explosivo havano para um dos capangas e vai comer a velha.
Depois de feita a orgia, Curinga resolve também tirar o pinto de todo o time de basquete. Mas não sem antes fotografar os jogadores com o Atestado de Viadagem do Bátima em mãos. O herói aparece e diz que o documento é falso, e na verdade só prova que o Curinga é um filho da puta. Após revelar ser eunuco, Bátima captura o Joker.
Na mansão Wayne, Clotilde vai em cana sem ter fornecido a borseta para ninguém.
Coisa linda. =D
Agora, sem mais delongas, a parte que realmente interessa nessa história toda: Feira da Fruta!