Bora rumo a mais uma jornada pelo escuro | JUDAO.com.br

Pra quem vive das palavras, ficar sem saber o que escrever acaba sendo bastante sintomático. No entanto, acho que sei bem o que SENTIR. Pelo menos isso.

No panteão de arquétipos de personagens da fantasia medieval, entre guerreiros, paladinos, magos, elfos e anões, um dos tipos que sempre me encantou bastante foram os BARDOS. Justamente pela relação com a música, que me encanta desde sempre, mas principalmente por eles serem essencialmente grandes contadores de histórias. E isso é algo que eu sempre quis ser, acima de tudo. Como jornalista, como publicitário, relações públicas, tanto faz. Um bom contador de histórias antes de tudo.

Foi isso que me trouxe pro JUDAO.com.br.

A chance de continuar contando histórias. Como fiz na época da PQP (que, por sinal, foi a inspiração para o CuDoJudas.com, a semente deste site, numa reviravolta que sempre achei deliciosa). Como fiz na época d’A ARCA. Como sempre gostei de ler e escrever. Cheguei e me lancei, me joguei, sem pensar. No escuro. Como sempre foi em cada uma das minhas jornadas.

“Many songs / I’ve written About the things I saw”, diz o bardo Jerry Cornelius, da série de livros de Michael Moorcock, retratado na canção Journey Through the Dark, do Blind Guardian. Foi o que fiz aqui. Cheguei aqui pela música, numa coluna mensal. E fiquei. Fiquei pelos quadrinhos, pelo cinema, pelos livros, pelo RPG, pela cultura pop.

Escrevi sobre o que gosto. De muitos jeitos, de modos diferentes, com outros olhares. Escrevi sobre o que não gosto. Descobri sons, luzes, séries, filmes que jamais imaginei. Me desafiei. E fui desafiado.

Discutimos, brigamos até, mas também rimos e choramos demais. Fizemos textos, vídeos e podcasts dos quais nos orgulhamos muito. Ouvi muito, aprendi muito, amadureci demais. Não apenas ajudei este site a se tornar um lugar melhor, como encontrei jeitos de contar as minhas histórias sob pontos de vista mais diversos. Sou alguém, aos 40 e poucos anos, muito melhor do que fui com 20. Me orgulho disso. Me tornei um bardo sem medo. E eu amo o JUDAO.com.br por isso. Mas não SÓ por isso.

Porque minha vida mudou bastante neste tempo todo, nestes quase sete anos. Perdi a conta do tanto que me transformei, caí, levantei, fiquei tonto, reinventei.

Mas o melhor é que as histórias que contei também vieram não apenas com entrevistas incríveis, com apurações desafiadoras, com cruzamentos de fontes que iam além do que se via por aí. Mas também vieram com muitos AMIGOS. O JUDAO.com.br se tornou, para mim, um lugar de amor. Um refúgio. Não o site em si. Mas as pessoas que o faziam, que eu associava a ele. Gente querida, que me apoiou em momentos difíceis, em perdas, em dores, em lutas, que me abraçou, que enxugou minhas lágrimas. Isso representa mais o JUDAO.com.br pra mim do que um amontoado de matérias.

São muitas gentes, tantos e tantas que mal dá pra listar sem ser injusto, uns mais, outros menos. Mas tem um, sim, que tenho que nomear porque ele foi o cavaleiro que eu, enquanto bardo, acompanhei com todo o amor. Ao lado de quem eu cavalguei sob sol e sob tempestade. O cara que virou meu irmão. Meu xará de TH. Te amo, Borbs. Te amo, Thiago. Sempre vou te amar.

As histórias que contei no JUDAO.com.br ficam por aqui, para serem relidas, para matar as saudades, para destacar um determinado momento no tempo, para continuar ajudando a discutir, a repensar, a desafiar a cultura pop. Para continuar inspirando e ME inspirando. Porque sou teimoso. Sou um bardo que insiste em se jogar no escuro. E vou seguir. Vou seguindo.

Vou seguir, cantando minhas músicas e contando minhas histórias por aí, sei lá por onde. “Which part of me remains?”, se pergunta o personagem da canção. Eu tenho certeza que a melhor parte permanece. Porque carrego a melhor parte do JUDAO.com.br comigo.