Grupo pop sul-coreano enfim quebra a barreira definitiva entre Ocidente e Oriente, faz performance incrível no palco do American Music Awards… mas claro que AQUELA GALERA de sempre resolveu dar as caras, né
O último final de semana foi BASTANTE especial pra um grupo de sete moleques da Coréia do Sul. Não apenas eles se apresentaram, com toda a pompa e circunstância, no palco de uma das mais importantes e populares premiações da música, como saíram carregando nas costas elogios de astros pop como Demi Lovato e Shawn Mendes, um monte de promessas para futuras colaborações musicais e ainda fizeram um ÓTIMO show, dando uma pequena amostra de suas apresentações reconhecidamente repletas de energia.
Na verdade, os meninos já tinham deixado um grande ponto de interrogação na cabeça dos americanos em Maio, quando não apenas foram surpreendentemente indicados como VENCERAM na categoria Top Social Artist do Billboard Music Awards. O nome da premiação que levaram pra casa deixa claro: o astro/banda que tenha a mais forte e ativa presença em redes sociais. Popstars blockbusters como Justin Bieber e Selena Gomez não deram nem pro cheiro e foram esmagados pelo BTS.
“Ainda não conseguimos acreditar que estamos aqui neste palco”, afirmaram eles, quando foram receber a estatueta — sim, sim, o frisson foi ainda maior porque eles estavam lá, em plena festança. “Este prêmio pertence a cada uma das pessoas em todo o mundo que nos iluminam com seu amor e fazem o BTS ficar orgulhoso”.
E aí, no último domingo (19), veio a oportunidade de enfim mostrar sua música no American Music Awards. Criado pelo canal ABC depois que o Grammy se mudou para a CBS em 1972, o AMA não tem seus vencedores escolhidos por meio de um corpo de jurados como acontece com o primo mais famoso, mas sim pelo público, que atualmente vota pelo site para definir quem é que vai sair com a estatueta.
A gente até poderia discutir sobre o quanto isso pode “distorcer” os resultados por causa da atuação desenfreada e maníaca dos fandoms, mas o fato aqui é: os AMAs se focam no que é POPULAR. Esta é a ideia do prêmio. Pode reclamar, pode chiar, pode bater o pézinho. E justamente por isso os produtores da premiação, que não são burros nem nada, apostaram no potencial POP e convidaram o BTS para este momento tão especial e único. A internacionalização da música pop tá aí e veio pra ficar, ainda que este não seja um pop que VOCÊ conheça. Nem você e nem parte do público americano, aliás. Mas isso é questão de tempo.
Anitta que o diga. <3
Cabe aqui, antes de qualquer coisa, um pouco de história: o BTS (ou Bangtan Boys), formado por Jin, Suga, J-Hope, RM, Jimin, V e Jungkook, nasceu oficialmente em 2013, mas em 2010 a pequena agência de talentos sul-coreana Big Hit Entertainment já tinha começado as audições para montar um grupo pop dançante que pudesse ganhar espaço dentro do gênero agora DENOMINADO k-pop. Alguns integrantes saíram, outros entraram, até que finalmente tivéssemos a formação definitiva no EP 2 Cool 4 Skool. Desde então, eles só cresceram, tornando-se um monstruoso sucesso comercial e ampliando sua base de fãs não apenas na Ásia como em todo o mundo, o que inclui, óbvio, o Brasil.
Tornaram-se os artistas de pop coreano a alcançar a mais alta marca das paradas da Billboard. Seu disco Wings (2016) conquistou a primeira posição do iTunes em mais de 26 países e fez com que eles realizassem, enfim, uma turnê de cinco shows de arena lotados na terra do Tio Sam. Daí para tê-los no AMA tocando DNA, single do recém-lançado Love Yourself: Her e que é todo cantado em coreano, foi um pulo.
Obviamente que a parte da internet que não é formada por seu fiel séquito batizado de ARMY entrou em parafuso e começou a se perguntar quem caralhos eram esses sujeitos. Por que eles ganharam espaço pra tocar no mesmo evento que Lady Gaga, Kelly Clarkson, P!nk, Imagine Dragons e Christina Aguilera?
Os motivos a gente já te contou ali em cima — por mais que você não os conheça, sim, eles já são famosos pra caralho e estão se tornando, é preciso dizer, ainda maiores. Se o k-pop é hoje UMA COISA, um fenômeno a ser considerado, isso em grande parte se deve ao BTS. Aliás, acho que é justo dizer que eles são um fenômeno à parte dentro de outro fenômeno. Eles já são grandes o bastante dentro de seu próprio nicho para SAIR oficialmente do nicho.
Chega a ser até engraçado que os americanos estejam notando o BTS só agora quando eles já fizeram TRÊS turnês pelo Brasil, todas com shows lotados e uma horda de adolescentes gritando e arrancando os cabelos, como é absolutamente natural desde que surgiram uns tais Beatles por aí. Se você é de São Paulo, basta circular pelo metrô aos finais de semana, ali nas estações Santa Cruz ou Liberdade, e você vai ver DEZENAS de meninos e meninas com camisetas deles. Sério. Não é pouco não.
Só que, bom, vou deixar temporariamente de lado os comentários que vieram dos roqueiros truezera from hell, do tipo “pop é tudo uma bosta e este tipo de música tem que queimar no fogo do inferno”. Porque, né, podia ser o BTS ou QUALQUER banda ali e as frases seriam as mesmas. Vou me focar aqui em coisas como “é isso que a molecada de hoje em dia escuta? NO MEU TEMPO ERA MUITO MELHOR”.
No SEU tempo, querida pessoa de sei lá eu qual idade, a gente também tinha boy bands, sabe? New Kids on The Block, Backstreet Boys, *NSYNC, Menudos, Polegar, sei lá, escolha a sua. Tudo que eles tinham, rigorosamente TU-DO, o BTS tem. Os meninos são mais do que bonitos, mas também são muito cheios de estilo, no jeito de se vestir, no jeito de dançar... Aliás, reparou nas coreografias? “Mano, estes moleques são feitos em CGI? Porque eles não erram um único passo!”, li nos comentários de um dos vídeos deles no YouTube. Fato. Os clipes são lindos. Os sete são bem-humorados, sabem se relacionar com os fãs, dão ótimas entrevistas. E o pop sacolejante deles é bem produzido pra caramba, gostoso de ouvir, com uma letra que gruda na cabeça.
E detalhe importante: é uma letra que não é português ou inglês. Pensa em como esta missão é duplamente mais difícil? Se tudo isso não é o combo que se precisa ter pra ser considerado um bom artista pop, olha, sei não. Michael Jackson e Madonna, rei e rainha, bem que concordariam comigo.
Ó só, você não precisa gostar. Ninguém aqui tá te obrigando não, tá? Mas entenda que, como produto pop para uma nova geração, eles são feitos na medida certa. Tanto quanto Nick, AJ, Kevin, Howie e Brian já foram um dia, tão “montados” por uma agência de talentos quanto. Cá entre nós, aliás... olha para um lado, olha pro outro... honestamente, acho que até que os manos do BTS tão melhor acabadinhos, viu? <3
Tudo o que as boy bands dos anos 00, 90 e 80 tinham, rigorosamente TUDO, o BTS tem em 2017
Outra coisa BEM legal do BTS é que, como boa banda pop, eles podiam estar confortavelmente sentados em berço esplêndido e rechear seu combo de eletrônico e hip-hop com uma série de letras festivas sobre namoros na escola e aquela coisa toda. Afinal, os sete integrantes têm pouco mais de 20 anos de idade, acabaram de sair da adolescência. Mas não. Na real, algumas de suas letras falam sobre solidão, problemas mentais, bullying. Change, que o líder do BTS, o carismático RM, gravou com o cantor americano Wale, é uma faixa que fala sobre o direito ao voto e ataques no mundo virtual.
“Em todo o mundo, a nossa geração se depara com os mesmos desafios sociais e políticos. Acho que eles se sentem como a gente a respeito destes temas e queremos, além de alegrá-los com nossas músicas, mostrar o que achamos sobre estas questões sociais”, explica Suga, em entrevista pra Billboard. “Estes são assuntos importantes, não? Eles devem ser abordados por alguém. E se alguém tem que falar sobre eles, então talvez A GENTE tenha que falar sobre eles. É uma honra ter poder e atenção dos nossos fãs para poder usar nossas vozes. Porque quanto mais altas são nossas vozes, mais poderosas se tornam nossas palavras”, completa RM.
É pop. É boa música pop, aliás. Mas, como a gente diz, não é APENAS uma musiquinha. Porque uma musiquinha muito dificilmente é só uma musiquinha. E ter uma nova geração de meninos e meninas com ídolos que entendem isso é bom DEMAIS. Sejam eles americanos, brasileiros, japoneses ou coreanos.