Aconteceu. O tal do Caça-Fantasmas com um elenco feminino finalmente chega aos cinemas e, depois de pensar um pouco no que vou dizer a seguir, creio que posso afirmar que é um dos filmes mais divertidos desse ano e que, principalmente, Caça-Fantasmas 2016 é melhor que o Caça-Fantasmas original. Ou, pelo menos, tá ali do lado, de mão dadas, com um sorriso no rosto.

Não, não é porque as protagonistas são mulheres — enquanto isso é levado em consideração, em absolutamente nada influi o gênero de nenhum dos personagens, o que talvez seja uma das coisas mais feministas dessa história toda — mas sim porque o filme é divertido, engraçadíssimo e, porra... É legal pra caralho. Legal num nível “você vai ficar uns dois dias sorrindo lembrando do que viu”.

Caça-Fantasmas funciona usando um mesmo esqueleto do original, que a todo momento (e talvez até demais) é reverenciado, mas chega a 2016 com um enorme FRESCOR, garantindo que as próximas gerações tenham as mesmas memórias que nós tivemos com o filme — com a diferença de que, acredito e espero eu, essas novas gerações não vão realmente acreditar que suas infâncias possam ser arruinadas retroativamente ou que “ain’t no bitches gonna bust no ghosts”.

Paul Feig fez com Caça-Fantasmas o que George Lucas tentou com Star Wars sem muito sucesso: criou uma nova história (que, nesse caso, se passa numa timeline diferente), introduziu novos personagens e atualizou os efeitos especiais, se utilizando do aspect ratio pra fazer com que até o 3D valha a pena, com fantasmas que brilham, contrastam e assustam, pero sin perder la ternura jamás.

Ao questionar a existência de fantasmas no lugar do “já vimos de tudo”, a história também se aproveita da inexperiência das personagens com essa brincadeira toda, além de nos levar junto com elas na empolgação por tudo o que estão vendo pela primeira vez. De verdade, os dois primeiros atos, quando a equipe se forma e conhecemos os planos do vilão (um nerd branquelo e gordinho que sofreu com bullying a vida toda e que, ao descobrir poderes sobrenaturais, acha que deve se vingar do mundo, cheio de ódio) são uma das coisas mais engraçadas que já vi no cinema nos últimos tempos.

Erin e Abby, as personagens de Kristen Wiig e Melissa McCarthy, assumem o protagonismo no começo, mas aos poucos Holtzmann, interpretada por Kate McKinnon, e Patty, vivida por Leslie Jones, assumem seus postos e a divisão entre as quatro fica bem feita.

O único ~problema é que parece que vimos pouco da Holtzmann. A impressão que dá é que, primeiro, tem muito mais coisa filmada com ela do que o que tá no filme e, segundo, de que vimos MUITO pouco da personagem. Kate McKinnon é GENIAL no papel e eu espero que, como Amy Pascal disse, essa franquia siga por tempo indeterminado, ESPECIALMENTE por conta dela, que sozinha vale o ingresso. Pra qualquer coisa.

Mas já que falei de problema, deixa eu aproveitar pra citar alguns reais — todos, essencialmente, resumidos ao terceiro ato, que é quando o filme resolve se levar um pouco a sério pra se resolver de uma maneira que por muito pouco não perde a nossa atenção.

A batalha em Times Square, embora LINDA, não tem exatamente muito significado e/ou necessidade, ainda mais porque a pré-definição de que as armas APRISIONAM os fantasmas é ignorada. Repito: é LINDA, mas com muito pouco conteúdo, extremamente genérica.

Gostei de ver o monstro gigante da vez ser o fantasma do logo dos filmes (e a maneira como ele é derrotado, bastante significativa ;D) e se o personagem do Chris Hemsworth tivesse comido um shawarma a cultura pop agradeceria. Mas a comparação com Clark Kent tá valendo. ;)

Enfim, Caça-Fantasmas tá longe de ser o melhor filme do mundo ou qualquer coisa exagerada assim. É, como o original, um clássico da Sessão da Tarde (ao menos teoricamente, já que a própria Sessão da Tarde deixou de ser um clássico) e, essa é a parte boa, assim como o original, não vai ser esquecido na semana que vem. E ainda tem a Kate McKinnon como a Holtzmann.

Vida longa às Caça-Fantasmas!