Ela tá merecendo um filme faz tempo
Já assistiu a Capitão América: Guerra Civil? Filmaço. Talvez role uns spoilers neste texto, mas vou contar uma coisa pra vocês: a vida é cheia deles, vão se acostumando. O golpeachment não é um spoiler que segue a gente há um ano e meio? Pois é.
O que mais me envolveu no filme foi a Viúva Negra, o jeito como ela, de uma forma ou de outra, tem papel decisivo nas guinadas do filme. Não como o Mestre dos Magos, típico homem de meia idade, cheio de bravatas, que tem uma postura messiânica, fala frases de efeito e some na hora da ação. Ela o faz como apenas uma mulher faria.
Ao longo da história, as mulheres sofreram centenas de formas de perseguição: foram queimadas em fogueiras na Inquisição, torturadas sexualmente em ditaduras, estupradas serialmente durante a escravidão, eram as primeiras a morrer nas câmaras de gás na Segunda Guerra e dava pra escrever linhas e linhas de abusos. Importante frisar que ainda HOJE são caçadas e tem espaços restritos na sociedade.
Por exemplo, pense que uma República como a dos Estados Unidos, com 230 anos de Democracia, só agora tem uma candidata a presidente com reais chances de vencer. No Câmara dos Deputados aqui do Brasil, dentro de um cenário com 513 deputados federais, temos apenas 52 deputadas. Sentiu o drama?
Dessa forma, dentro de um “mundo masculino”, as mulheres ganharam ares de mistério, mesmo sendo a maioria dentre os sete bilhões de habitantes desta nave louca chamada Terra. A real, no entanto, não tem a ver com segredo nenhum, a natureza das mulheres é dúbia perante a hipocrisia do homem, mas afeita à verdade dos fatos: somos todos ruins e maus, acertamos e erramos, fazemos o bem e causamos tragédias. Essa história de gente “de bem” é conversa pra boi dormir e boa parte da mulherada que entende de história sabe disso.
Nessas que a Viúva Negra salva o dia nesse que tem potencial pra ser o filme do ano. Sim, uma película de super-herói, quem diria? Ela se posiciona de forma a não deixar espaço ao recalque do espectador, respeitosa em relação à sua amizade com o Capitão América, ela vai atrás dele não para convencê-lo a se juntar ao seu lado, mas apenas como quem pergunta, uma última vez: “e aí, vamos?”. Mesmo sabendo que ele não ia, aliás.
Em outra virada, mais pro fim do filme, ela age como quem ama. Na dúvida, confie no ser amado. No caso, de novo, o protagonista do filme, alvo daquele amor de amigo que só quem tem, tá ligado. Me emocionei nessa cena. Em Soldado Invernal, Natasha Romanoff cumpre a mesma função, mas dessa vez a treta era maior, então naturalmente chama mais atenção.
Aliás, Capitão América: Guerra Civil é um filme sobre amizade, entre ele e Bucky, ele e Homem de Ferro e, claro!, entre ele e a Viúva Negra, que, na boa, tá merecendo um filme faz tempo.