Então tá, vamo falar do trailer de Capitão América: Guerra Civil | JUDAO.com.br

Trailer do novo filme da Marvel, que estreia em 28 de Abril do ano que vem, acerta ao mostrar pouco do filme, deixar bem clara a tensão POLÍTICA da história e por colocar o Homem de Ferro apenas como um coadjuvante

Desde 2011 que a Marvel libera o primeiro trailer do seu grande filme do próximo ano, que normalmente estreia no fim de Abril / começo de Maio, em Outubro. Assistimos ao primeiro vídeo de Os Vingadores no dia 11 de Outubro de 2011. No ano seguinte, o trailer de Homem de Ferro 3 saiu no dia 23 de Outubro e, em 2013, foi a vez do Capitão América: Soldado Invernal ter seu trailer liberado no décimo mês do ano, especificamente no dia 25.

No ano passado, o trailer de Vingadores: Era de Ultron tava previsto pro dia 28 — uma terça, dia de Agents of SHIELD — mas, por conta de uma ação orquestrada da HYDRA, acabou sendo revelado no dia 22 de Outubro.

Capitão América: Guerra Civil? Absolutamente nenhum sinal até a tarde da última terça-feira (24 de NOVEMBRO), quando Jimmy Kimmel anunciou, no seu twitter, a presença de Robert Downey Jr. e Chris Evans, além de uma “GRANDE” surpresa relacionada ao filme.

Talvez tenha sido do nada demais e, ao dizer que se tratava apenas de uma surpresa, fez muita gente desconfiar de que se trataria de, por exemplo, um teaser de trailer que seria lançado durante alguma estreia no feriado de Ação de Graças, que é nessa quinta (26) por lá. A data era propícia: a ante-véspera do feriado, que deixaria todo um dia inteiro pro pessoal falar disso e só disso, deixando bonecos flutuantes gigantes, perus e Black Fridays pra um dia depois — isso lá nos EUA, já que aqui no Brasil, o trailer foi liberado lá pelas 03h30 da manhã, né? :P

Em um dia praticamente todo dedicado à Marvel no Jimmy Kimmel Live, que é exibido pelo canal ABC que, assim como LucasFilm e a própria Casa das Ideias, pertence à Disney e, além do Capitão América e do Homem de Ferro, ainda teve a presença de Krysten Ritter, a Jessica Jones, descobrimos algumas coisas interessantes sobre o filme. Por exemplo, Chris Evans trabalhou infinitamente mais que Robert Downey Jr., o que é compreensível se analisarmos que não necessariamente ele tá em todas as cenas em que o Homem de Ferro aparece mas, acima de tudo, significa que, de fato, o filme é mais focado no Capitão e, consequentemente, na maneira como ele lida com o assunto.

E o assunto é, talvez, mais simples do que a gente imaginava, aliás. Da nova sinopse oficial do filme: “após outro incidente, envolvendo os Vingadores, resultar em danos colaterais, aumenta a pressão política para instalar um sistema de responsabilização, comandado por uma agência do governo para supervisionar e dirigir a equipe. O novo status quo divide os Vingadores, resultando em duas frentes – uma liderada por Steve Rogers e seu desejo de que os Vingadores se mantenham livres para defender a humanidade sem a interferência do governo, e a outra que segue a surpreendente decisão de Tony Stark de apoiar a responsabilização e supervisão do governo”.

O tal do “outro incidente envolvendo os Vingadores” é, de acordo com o Heroic Hollywood, relacionado com a perseguição ao Ossos Cruzados pelos Novos Vingadores, que resulta naquela explosão que vemos e que dá origem aos Acordos de Sokovia, apresentado pelo General Ross a Steve Rogers, no trailer completo do filme, liberado depois do teaser ser exibido no programa.

Oi? Você ainda não viu o trailer? Ok, vamos corrigir isso. :D

Socos, disputas, frases de efeito e muita POLÍTICA. “Pô, legal”, é a primeira reação. Mas o trem do hype continuou parado na estação. Nada de miolos sujando as paredes e o teto. Que estranho. Como assim, Marvel?

Aí, vendo uma segunda vez, dá pra sentir uma coisa bem diferente daquilo que se sente ao assistir ao primeiro trailer de Vingadores: Era de Ultron. Acho que a grande diferença foi o tom – e isso agradou muito. A Marvel evitou a MEGALOMANIA, que era uma armadilha muito simples para um filme com tantos personagens. E apresentou este como sendo um filme do Capitão América, PONTO. Pode parecer óbvio pelo título, mas quando se usa “Guerra Civil”, a coisa tende a ganhar uma proporção bem maior.

Guerra Civil

Uma das coisas que já tínhamos falado aqui no JUDÃO é que esta seria uma Guerra Civil REDUX. Sim, porque o Universo Marvel dos Cinemas não é tão grande e populoso quanto sua contraparte dos quadrinhos, mas isso não quer dizer que a versão live-action será fraquinha. Pelo contrário.

As cenas estão focadas essencialmente no Steve Robgers e no Tony Stark – que, de maneira inteligente, é tratado mais como coadjuvante. Ponto dentro: com Robert Downey Jr. na jogada, tê-lo ganhando ares de protagonista seria fácil pra diabo, já que o cara é um imã de holofotes.

Está claríssimo, aliás, que esta é uma continuação de Capitão América: O Soldado Invernal, o que é extremamente positivo levando em consideração o puta filme FODA que é o segundo do Capita. Tudo tem um ar meio cinza, frio, político, diplomático. Tem porradaria, tem perseguição, tem explosão? Tem, claro. Mas tudo parece partir de uma premissa mais próxima do filme anterior.

O trailer também já mostra – assim como a cena pós-créditos de Homem-Formiga – que o grande pivô da guerra é o Soldado Invernal, o Bucky. E não, não é uma briguinha por causa do sidekick do Capitão América. O Bucky versão lavagem cerebral está aí desde a Segunda Guerra Mundial, cometendo diversos crimes e matando muita gente. É um criminoso procurado de um lado. Do outro, um amigo do Steve Rogers, alguém que não sabia o que estava fazendo.

É justo que ele pague por seus crimes? E suas vítimas e parentes delas, vão aceitar a ~desculpa de “oops, não era eu?”.

Capitão América: Guerra Civil

O cara pergunta se o Bucky se lembra dele e a resposta é "lembro da sua mãe". :D

O cara pergunta se o Bucky se lembra dele e a resposta é “lembro da sua mãe”. :D

Isso é a gota d’água num copo que tava quase transbordando. Os Vingadores se envolveram em algo muito controverso em Era de Ultron, que foi a destruição em Sokovia. Não só Os Maiores Heróis da Terra originais se dissolvem, como temos também o surgimento dos Novos Vingadores, liderados pelo Capitão — esse mesmo que se envolve com um criminoso procurado, enquanto tenta defender o mundo com um grupo inexperiente.

“Embora muitas pessoas o vejam como herói, há quem prefira o termo ‘justiceiro'”

É por tudo isso que, em certo momento do trailer, o General Thunderbolt Ross diz que Steve Rogers “agiu com poderes ilimitados e sem supervisão. O mundo não tolera mais isso”. Na tela, aos 53 segundos, aparece o documento com o título “Sokovia Accords” — o logo da ONU e as palavras “Registration”, “Deployment” e “Enhanced Individuals”.

Como você vê pela cara do Capitão, ele não tá curtindo muito isso aí, não.

Capitão América: Guerra Civil

Capitão América: Guerra Civil

*GULP*

*GULP*

Isso é um grande contraponto ao que o Capitão América é, ao que ele representa – e o que foi apresentado em O Primeiro Vingador e o que a própria SHIELD tentou esconder em O Soldado Invernal. Ele é de um mundo que não existe mais, mais preto e branco, no qual era mais fácil lutar pela liberdade, igualdade, verdade, justiça e o sonho americano. Tinha os caras maus, ele ia lá, socava Hitler e pronto. VITÓRIA!

No mundo de hoje, pra cada ação há uma reação. Vigilância, câmeras e a NSA tão aí pra monitorar cada momento da vida das pessoas. Enquanto isso, no exterior, você tem um país como a Síria, que parte do mundo quer tirar do poder o tirano local E acabar com o Estado Islâmico, enquanto outra parte (aka Rússia) quer justamente dar apoio ao mandatário – e tem ainda quem apoie rebeldes locais com armas e informações. O que é preto e branco? Quem Steve Rogers pode ir lá e socar?

Sim, EI, Rússia, EUA, NSA, Síria... Você não precisa citar esses nomes, mas eles fazem parte desse contexto de mundo. No final, o Soldado Invernal parece muito mais uma alegoria. Assim como a Guerra Civil do título.

Capitão América: Guerra Civil

Capitão América: Guerra Civil

No meio disso tudo, ainda tem o Homem de Ferro. “Se não aceitarmos limitações, seremos como os caras malvados”, diz ele. Pode parecer hipocrisia, e até é, mas Tony Stark cresceu muito desde Homem de Ferro 2, quando gritava por aí que tinha privatizado a paz mundial. O personagem nunca foi raso, mas sim extremamente profundo, que aprendeu com os erros daquele filme, de Vingadores, Vingadores: Era de Ultron, Homem de Ferro 3... Um homem com muitos calos nas mãos, que lucrou muito com a guerra, mas que agora quer encontrar outros meios para a paz – e isso inclui aceitar limitações. Limitações da liberdade de escolha, inclusive.

Ou seja, o Homem de Ferro é, na prática, os Estados Unidos de hoje.

Por isso que os heróis se dividem, com cada um assumindo um lado — e com o Pantera Negra oficialmente ao lado do Homem de Ferro. Ou você acredita no preto e branco, na liberdade incondicional, ou aceita que todos nós somos tons de cinza, que precisamos estar em constante vigilância, seguir regras, abrir mão de liberdades, aceitar as limitações.

Capitão América: Guerra Civil

EITA?

EITA?

Capitão América: Guerra Civil

Capitão América: Guerra Civil

Capitão América: Guerra Civil

Pantera VS. Bucky

Pantera VS. Bucky

Capita VS. Pantera

Capita VS. Pantera

Nesse trailer, muita gente não apareceu, muita coisa não foi mostrada. Mas o básico, o importante, tá lá. E não se engane: a história é muito mais que seus personagens e a luta entre eles. E o título já deixa isso bem claro logo de cara.

E, não sendo o mesmo trailer exibido na D23 Expo, não tem o Ossos Cruzados, não tem a Viúva Negra tretando com o Gavião Arqueiro, não tem a piadinha com o Homem-Formiga. E isso é muito bom. A Marvel não se rendeu, pelo menos agora, à tentação de mostrar demais. Sem detalhes sobre o vilão do filme, sem qualquer mínima referência ao Homem-Aranha (e não, mesmo que aquela pessoa de vermelho seja ele, NÃO É UMA REFERÊNCIA. NÃO É O HOMEM-ARANHA. PAREM, vocês são melhores que isso). Ainda bem. Vamos aprender a lição com os primeiros trailers de Star Wars, por favor?

Por mais que já dê pra ouvir uma gritaria de “a Guerra Civil é só isso?”, já tá bem claro que não é. Capitão América: Guerra Civil estreia em 28 de Abril, aqui no Brasil.