Frozen 2: não só mais profundo, como também um filme melhor que o primeiro | JUDAO.com.br

Esperada sequência aprofunda a jornada pessoal de autoconhecimento da rainha do gelo, mantendo a princesa como inspiração para novas gerações de meninas

Em 2013, aquele que parecia ser apenas o “filme de princesa da vez” da Disney acabou se tornando não apenas um imenso sucesso de público como criou sua própria marca na cultura pop mundial contemporânea. Era praticamente impossível não esbarrar em algum produto derivado da animação Frozen naquela época – depois de uma escassez de mercadorias relacionadas nos EUA, alguns vendedores espertalhões do eBay chegaram a colocar bonecas e roupas especiais baseadas no filme para vender por mais de US$ 1000 em suas lojas online.

Pois depois de fazer o mundo inteiro cantarolar SEM PARAR aquela música que você sabe muito bem qual é, a trama inspirada em A Rainha de Neve, conto escrito por Hans Christian Andersen em 1844, enfim ganha a sua continuação. Depois de uma adaptação para a Broadway, diversos especiais sobre a produção, um especial de Natal do Olaf e o que mais pudesse ser criado para ~esquentar a franquia...

Três anos após os acontecimentos do primeiro filme, Elsa (Idina Menzel) está satisfeita ao finalmente ter aprendido a controlar seus poderes e ser capaz de governar Arendelle, um reino de inspiração nórdica situado à beira de um fiorde (Fjord!). Para dar uma maneirada nas suas muitas atividades políticas, ela tem noites de jogos com sua família e participa de certos eventos sociais do seu reino. Mas, diferente do que imaginava, Elsa ainda não está exatamente feliz e algo a incomoda, principalmente quando uma voz desconhecida a faz relembrar uma antiga canção folclórica que sua mãe cantava.

Quando uma nova ameaça ao seu povo surge, a monarca do frio é obrigada a encarar as origens dos seus poderes mágicos ao encontrar uma floresta encantada que está há muitos e muitos anos dominada por uma névoa mágica tão espessa que todos estão impedidos de entrar ou sair...

Além das canções que ainda grudam nas nossas cabeças – vai, tá tudo bem, tá liberado cantar AQUELE refrão – e personagens secundários igualmente apaixonantes, Frozen é reconhecidamente revolucionária até para a própria Disney ao contar uma história sobre irmandade que fugia da clássica fórmula “príncipe salva uma princesa em apuros”. Uma princesa salvando outra princesa? Melhor ideia possível, principalmente porque não mexe muito com a fórmula do estúdio (a não ser que você seja Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos de um determinado país sul-americano) mas ainda assim acrescenta algo poderoso ao seu panteão de histórias.

Nas mãos da mesma equipe do primeiro filme, Frozen 2 cria uma mistura interessante entre tudo que funcionou na produção anterior com uma série de boas novidades. Os roteiristas e diretores Jennifer Lee e Chris Buck continuam pontuando a ação com canções novamente compostas pela dupla Kristen Anderson-Lopez e Robert Lopez que vão cativar o público que amou o Frozen original – uma sequência em especial cantada por Kristoff (Jonathan Groff) é brilhante e fará os adultos sorrirem no cinema.

Na parte visual, novas técnicas de animação tornam o filme verdadeiramente impactante: a animação inclusive tem um estilo que remete às animações feitas à mão feitas na primeira era de ouro da Disney. As cenas em Arendelle têm uma paleta de cores lindamente outonal, mas o filme se torna mais escuro e invernal à medida que os personagens avançam pela floresta, encontram novos desafios e desafiam suas inseguranças. A jornada de Elsa em busca da verdade e, principalmente, da descoberta do seu real destino, posiciona a personagem como um modelo para jovens meninas e mulheres que precisam ver em uma personagem feminina resiliente um objeto de inspiração.

Essa jornada de Elsa poderia ter dado a Frozen 2 , inclusive, uma história muito mais sombria e dramática, mas essa ainda é uma animação com foco em um público bem jovem e ninguém quer assombrar crianças propositadamente, né – por mais que a Disney já tenha um histórico considerável nesse quesito (Mufasa e mãe do Bambi, estamos falando com vocês). Porém, ainda assim a animação entrega alguns momentos bastante emocionais que vão mexer com o coração de quem é fã dessa história.

Além desta trama sobre conhecimento pessoal, o filme também tem uma história bastante atual ao mostrar como danos ambientais causados pela interferência humana se arrastam por gerações e provocam essa busca por uma verdade escondida há muito tempo. Essa é uma temática que ressoa bastante por aqui e pode ser encontrada entre aquelas camadas de brilho tradicionais da Disney.

Com uma história que agradará aos fãs de qualquer idade, Frozen 2 mostra que a Disney está disposta a encerrar um capítulo de muito sucesso ao deixar explícito que, sim, esse é O FIM. Pode parecer surpreendente, eu sei, mas isso não quer dizer que o estúdio não continuará explorando esse universo de outras formas. Mas mostra, sem entregar muitos detalhes finais, que estes personagens merecem MESMO viver felizes para sempre.